terça-feira, julho 16, 2013

Parque de diversões - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 16/07

A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulga hoje uma pesquisa velha, realizada entre 1º e 5 de junho, antes dos protestos que ainda tomam conta do país. Não conseguiu detectar grande oscilação na popularidade da presidente Dilma Rousseff. A queda registrada foi na margem de erro, de 75,7%, em junho de 2013, para 73,7% julho.

O levantamento serve, porém, para se ter uma ideia da velocidade da queda. Segundo o Instituto Datafolha, de março até o fim do mês passado, a popularidade da presidente Dilma Rousseff caiu 27 pontos: de 65% (ótimo ou bom) para 57%, no começo de junho, e 30% no fim do mês. Marqueteiros como João Santana — assessor da presidente —, porém, não costumam se apavorar com esse tipo de oscilação nas pesquisas. Veem a gestão pública como uma espécie de parque de diversões, com um grande cassino na saída, por onde passam com as burras cheias de dinheiro, ou dezenas de contas a pagar.

A aposta de Santana é de que, em dezembro, Dilma estará de novo no topo das pesquisas. Levantamentos reservados que fez para o Palácio do Planalto mostrariam que a presidente estancou a própria queda com suas recentes iniciativas. A oscilação, assim, seria uma espécie de roda-gigante. Já a oposição imagina que é descida de uma montanha-russa, que terminaria como uma espécie de trem fantasma.

Royalties
A Câmara dos Deputados deve continuar hoje a votação do projeto que destina os royalties do petróleo para ações de educação e saúde, que muita dor de cabeça vem dando ao Palácio do Planalto. Na semana passada, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), suspendeu a votação para evitar um desastre. A principal polêmica diz respeito às verbas do Fundo Social. O governo defende a aplicação obrigatória de 50% dos rendimentos do fundo para as duas áreas prioritárias.

Corre atrás
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (foto), que comprou a maior briga na saúde pública do país desde as campanhas de vacinação dos tempos de Oswaldo Cruz, começou a correr atrás do prejuízo. Procura os deputados da base para pedir a aprovação da medida provisória do Programa Mais Médicos, muito questionado por esses profissionais de saúde.

Cinema
Com apenas quatro meses de vigência da Lei da TV Paga, em 2012, a exibição de conteúdo nacional dobrou em comparação com o ano anterior, segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine). Na avaliação do senador Walter Pinheiro (foto), do PT-BA, o resultado é consequência da obrigação de produções brasileiras na programação. “Com a ampliação desse mercado para as produtoras nacionais, vamos contribuindo para a que for independente, e abrimos novos espaços para a cultura brasileira.” Em 14 canais de tevê paga, a programação nacional somou 2.006 horas

Gastos
Os gastos do governo subiram 6,6% acima da inflação, no primeiro semestre, e atingiram R$ 1 trilhão

Monitoramento
O jornalista do The Guardian Glenn Greenwald deve prestar esclarecimentos hoje na Comissão de Relações Exteriores do Senado sobre o monitoramento de dados da internet no Brasil, pelas agências de espionagem dos Estados Unidos. Foi ele quem entrevistou o ex-técnico da CIA Edward Snowden, em Cingapura, e revelou o esquema norte-americano no Brasil. Uma das estações de espionagem teria funcionado em Brasília, pelo menos, até 2002.

Cartório rodoviário
O governo suspendeu o processo de licitação das linhas de ônibus interestaduais. A intenção do Ministério dos Transportes e da Casa Civil é permitir que elas explorem o serviço por um regime de autorizações, como ocorre no setor aéreo.

Corte
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tentam chegar à meta de R$ 15 bilhões de corte no Orçamento da União. É quanto o governo precisa economizar para atingir a meta de superavit primário de R$ 110,9 bilhões, equivalente a 2,30% do PIB. O problema é que o mercado cansou de maquiagem nas contas públicas e começa questionar os números oficiais.

Casa
Gastos com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida aumentaram em 25,3%. Dos R$ 90,2 bilhões disponíveis para investir, apenas R$ 19 bilhões haviam cumprido, até junho, a primeira etapa do processo de gastos, o empenho, que consiste em reservar a verba para pagar um contrato específico.

Leão
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara vota hoje o redirecionamento do projeto de lei que reformula a tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física, proposto pelo Sindifisco. O PL, em vez de ser “de iniciativa popular”, exige 1,5 milhão de assinaturas para ser protocolado. Será tratado como proposta “com apoio popular”, cujas assinaturas podem ser recolhidas enquanto tramita. O encontro serve também para fechar o apoio dos deputados ao PL e sua negociação com o governo. O projeto é parte da campanha Imposto Justo, do Sindifisco.

Copom
O mercado aguarda a divulgação, pelo Banco Central, de ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu, por unanimidade, aumentar de 8% para 8,5% a taxa básica de juros (Selic). Será na quinta-feira.

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