FOLHA DE SP - 16/07
Antes de se decidirem por um investimento, empresários elaboram uma lista com as vantagens e desvantagens relativas à empreitada e tentam, com isso, aquilatar suas perspectivas de lucro.
No caso do Brasil, decerto contam como aspectos negativos a tributação complexa e pesada, as dificuldades para contratar e demitir, a infraestrutura deficiente e a confusão regulatória, entre outros.
Não por acaso a economia brasileira tem se mantido em colocações decepcionantes nos rankings internacionais de competitividade. Na última lista do Banco Mundial sobre facilidade para fazer negócios, por exemplo, o Brasil ocupava a 130ª posição entre 185 países.
Os problemas de sempre não impediram que o Brasil se tornasse um dos principais destinos de investimentos estrangeiros diretos. A tendência foi sustentada pela estabilidade econômica construída desde os anos 1990, pela consolidação da democracia e por um mercado consumidor que incorporou dezenas de milhões de brasileiros.
Em suas planilhas, empresários continuaram a descontar das projeções de ganhos problemas como as infindáveis horas gastas com formulários, a mordida dos impostos e as perdas provocadas pelas más condições das estradas.
O prato dos atrativos, ainda assim, tem pesado mais na balança --pelo menos até agora.
Voltou a pairar sobre o ambiente de negócios brasileiro a ameaça de retrocesso na estabilidade econômica --consequência da perda de rigor no combate à inflação e da maior instabilidade das regras.
A percepção de menor previsibilidade é evidente na comparação internacional. No ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, no quesito inflação, o Brasil caiu da 42ª posição (entre 132 países) em 2009-2010 para a 97ª (de 144) em 2012-2013.
Pesquisa recente com pequenos e médios empresários feita pelo Insper e pelo Santander revelou que, para quase 4 entre 10 entrevistados, o principal efeito da inflação é a paralisação de novos investimentos. Em segundo lugar, aparece o repasse para os preços.
Entre micro e pequenos empresários paulistas, segundo enquete do Sebrae-SP, a fatia dos que esperam piora da economia no próximo semestre mais do que dobrou de maio a junho --de 10% para 23%.
Para se expandir, a economia depende de investimentos --um truísmo que o governo parece ignorar. O preço da incerteza tem sido perspectivas cada vez menores de crescimento.
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