ESTADÃO - 09/05
“Pense num absurdo, na Bahia tem precedente”, dizia Otávio Mangabeira, governador do estado entre 1947 e 1951. Pois hoje, mais de 60 anos depois, podemos sem medo de errar pensar num absurdo e afirmar que no Brasil tem precedente.
O mais recente é oficializado hoje com a posse do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, na Secretaria/Ministério da Micro e Pequena Empresa servindo ao mesmo tempo a governos do PSDB e do PT, no atendimento a interesses do PSD, em arranjo nunca antes visto neste país.
Firmada a jurisprudência, damos mais um passo na direção da – para evitar um termo chulo – desordem geral. O episódio é rico no tocante à ausência de critérios.
Vejamos a reação dos tucanos: a propósito de “não passar recibo” decidiram amenizar a reação. O governador Geraldo Alckmin cumprimentou a presidente Dilma Rousseff pela excelente escolha, o senador Aécio Neves corroborou os elogios a Afif, alfinetou Dilma criticando seu “governismo de cooptação” e sobre a manobra do PSD preferiu nada comentar.
Isso a despeito de ter avaliação negativa (para dizer o mínimo) a respeito da atuação política do ex-prefeito Gilberto Kassab.
Quais as intenções por trás desses gestos? No caso de Alckmin a ideia é não criar confusão com ninguém porque tem uma reeleição a ser disputada. Tampouco pretende se estressar com o PT porque digamos que não chorará lágrimas de esguicho se Dilma for reeleita em 2014. O caminho fica livre para 2018.
Uma razão para a resistência da seção paulista em relação à candidatura presidencial de Aécio Neves que, se vitorioso, concorreria a novo mandato quatro anos depois.
Já o mineiro não pesou a mão nas críticas porque seu foco é a oposição ao PT e, além disso, não quer atritos explícitos com o PSD a fim de não prejudicar a possibilidade de alianças com o partido de Kassab nos estados onde precisará de palanques substantivos se levar adiante a candidatura à Presidência.
Ou seja, as ambições dominam as convicções. E não se diga que os tucanos sejam os únicos. Mestre na matéria mesmo tem se mostrado o PT. Cobra fidelidade dos aliados, mas aceita de bom grado, ou por outra, tira proveito da infidelidade alheia.
Exemplo: a ofensiva para desqualificar a figura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, perante o eleitorado, é chamá-lo de traidor. Conferir caráter de traição ao desejo dele de construir uma candidatura à Presidência e tomar um rumo político independente do PT.
Campos seria desleal. Mas os petistas não acham que transitam no terreno da deslealdade quando criam um ministério para levar ao governo um vice-governador de partido antagônico.
Fazer oposição hoje na concepção do PT é sinônimo de golpismo, uma iniquidade.
Mas, quando se trata de robustecer o campo governista, qualquer indignidade é válida.
Fazendo uma condenável concessão ao cinismo exacerbado, poder-se-ia dizer que se a falta de regra é a regra que o vale tudo valha para todos. Mas depois não reclamem quando a sociedade lhes der as costas, farta dessa anarquia moral.
Inaceitável é que o PT se considere sujeito passivo das adesões que recebe, inclusive porque elas se dão mediante o emprego de métodos nem sempre lícitos ou legítimos de atração.
Inconcebível não é mudança de posição, mas a ideia de que ela só possa ocorrer em sentido único. É certo cooptar velhos inimigos ao custo do uso do aparelho de Estado, mas é errado que aliados deixem de concordar com o rumo do governo e as práticas do partido.
Nesse cenário se desenvolve o teatro de absurdos para os quais já se fixaram os mais disparatados precedentes.
quinta-feira, maio 09, 2013
Falta de comando deixa base à deriva - RAQUEL ULHÔA
VALOR ECONÔMICO - 09/05
Entre parlamentares da própria base governista, a presidente Dilma Rousseff é responsabilizada pela sucessão de derrotas e constrangimentos impostos ao Palácio do Planalto pelo Congresso - e vice-versa. Até aliados aparentemente insuspeitos demonstram, lá no fundo, torcida por um tropeço do projeto da reeleição.
No Congresso faltam líderes com autoridade e habilidade para comandar entendimentos suprapartidários, construir pontes entre os três Poderes e prevenir crises institucionais. Mas, sem aval do governo, nenhum acordo é possível no Legislativo, especialmente com uma maioria parlamentar governista tão expressiva. "No regime presidencialista, o maestro é o presidente", resume um senador.
Há, na própria base, cansaço com a falta de articulação política do governo, o que deixa deputados e senadores muitas vezes sem orientação sobre projetos em tramitação. Ou são pressionados a votar contra suas posições. A própria presidente não gosta de operar politicamente e cerca-se de gente considerada inexperiente e inábil, como a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), cuja atuação é criticada. É chamada de "nariz empinado", "intocável" e "protegida" de Dilma.
Os parlamentares preferem tratar com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), mas avaliam que ela não tem poder para garantir cumprimento de compromissos. Não apenas aqueles movidos por razões fisiológicas, como cargos, dinheiro ou emendas orçamentárias. Faz falta, de acordo com parlamentares, a negociação política normal em qualquer democracia, com diálogo entre governo e Legislativo.
Os exemplos de derrotas do Planalto são vários. O "núcleo pensante" do PT dividiu o próprio partido ao articular a votação, na Câmara e no Senado, do projeto que restringe o acesso de novos partidos políticos a tempo de televisão e fundo partidário. Senadores petistas consideraram a articulação "amadora" e "autoritária", para prejudicar a candidatura de Marina Silva a presidente. Quem criticou foi pressionado a voltar atrás.
O plenário estava lotado, mas na hora da votação a base sumiu. A sessão caiu por falta de quórum. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu liminar interrompendo a tramitação. Houve risco de crise entre o Legislativo e o Judiciário, que ainda está sendo administrado. Constrangidos, petistas querem que, mesmo que o STF libere a votação, Dilma barre a tramitação e "livre a base desse mico".
Senadores atribuem à "omissão" da presidente, por exemplo, papel fundamental na derrota do governo, terça-feira, com a aprovação da resolução que reforma o ICMS, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Dilma é a única com autoridade para negociar a questão federativa com os governadores. A proposta do governo foi desfigurada, com a maioria dos Estados se unindo contra o Sul e o Sudeste.
Os exemplos de propostas mal conduzidas pelo Planalto são vários, como a divisão dos royalties do petróleo, o Código Florestal e a Medida Provisória que muda o marco regulatório do setor portuário. Neste último caso, o Planalto pediu ao líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que fosse relator. Após 138 audiências e 11 semanas, ele elaborou um texto negociado com os setores envolvidos, deixando aberta a possibilidade de Dilma vetar. Gleisi rejeitou o acordo.
Até quando a presidente resolve agir politicamente, leva bordoada dos aliados. Na sexta-feira, chamou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP), para conversar sobre MP dos Portos e outros assuntos. "Só piorou o clima. Ela desprezou os líderes e chamou os caciques", diz um governista. Segundo avaliação desse parlamentar, a presidente não percebeu que há uma "nova correlação de forças no Senado".
O vice-presidente, Michel Temer, presidente nacional do PMDB licenciado, que tem atuado principalmente para manter alianças com o PT, também tem sido cobrado para que controle o PMDB da Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Henrique Alves (RN), e o líder da bancada, Eduardo Cunha (RJ), são dois focos de problemas para o governo e Temer foi avalista da eleição dos dois.
Eduardo Cunha é uma pedra no sapato do governo. A última queda de braço ocorreu na MP dos Portos. Já o presidente da Câmara é criticado, entre outras razões, por defender o que o governo não quer, como o orçamento impositivo, e por não prever a crise que seria causada pela eleição de Marco Feliciano (PSC-SP) para presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Chama a atenção o diagnóstico generalizado entre parlamentares de que a falta de aptidão política e o estilo centralizador de Dilma - que quer sempre dar a palavra final sobre qualquer detalhe de qualquer assunto - dificultam as negociações e emperram o andamento das propostas. A relação não é difícil apenas entre parlamentares do governo e da oposição. Os governistas também andam se entendendo cada vez menos.
A base critica a atuação de líderes, que, por sua vez, ressentem-se de falta de interlocução com o núcleo decisório do Planalto e de não terem carta branca para comandar acordos. "Os 39 ministérios de nada adiantam para garantir apoio ao governo. A presidente perdeu o controle do Congresso", diz um aliado dela. "Nunca vi uma articulação política tão ruim, graças a Deus", afirma o presidente do DEM, senador José Agripino (RN). "A oposição só não tem grandes vitórias porque é numericamente muito menor."
A sensação predominante hoje pode ser definida como de "orfandade política", expressão usada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) na sessão solene em tributo ao ex-deputado federal e ex-ministro de Justiça Fernando Lyra, morto em fevereiro. Foi um raro momento de entendimento entre governistas e oposicionistas. Do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), ao deputado José Genoino (SP), ex-presidente do PT, todos os discursos lembraram o papel de Lyra na transição democrática. E a falta que uma figura como ele faz no cenário político atual.
No Congresso faltam líderes com autoridade e habilidade para comandar entendimentos suprapartidários, construir pontes entre os três Poderes e prevenir crises institucionais. Mas, sem aval do governo, nenhum acordo é possível no Legislativo, especialmente com uma maioria parlamentar governista tão expressiva. "No regime presidencialista, o maestro é o presidente", resume um senador.
Há, na própria base, cansaço com a falta de articulação política do governo, o que deixa deputados e senadores muitas vezes sem orientação sobre projetos em tramitação. Ou são pressionados a votar contra suas posições. A própria presidente não gosta de operar politicamente e cerca-se de gente considerada inexperiente e inábil, como a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), cuja atuação é criticada. É chamada de "nariz empinado", "intocável" e "protegida" de Dilma.
Os parlamentares preferem tratar com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), mas avaliam que ela não tem poder para garantir cumprimento de compromissos. Não apenas aqueles movidos por razões fisiológicas, como cargos, dinheiro ou emendas orçamentárias. Faz falta, de acordo com parlamentares, a negociação política normal em qualquer democracia, com diálogo entre governo e Legislativo.
Os exemplos de derrotas do Planalto são vários. O "núcleo pensante" do PT dividiu o próprio partido ao articular a votação, na Câmara e no Senado, do projeto que restringe o acesso de novos partidos políticos a tempo de televisão e fundo partidário. Senadores petistas consideraram a articulação "amadora" e "autoritária", para prejudicar a candidatura de Marina Silva a presidente. Quem criticou foi pressionado a voltar atrás.
O plenário estava lotado, mas na hora da votação a base sumiu. A sessão caiu por falta de quórum. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu liminar interrompendo a tramitação. Houve risco de crise entre o Legislativo e o Judiciário, que ainda está sendo administrado. Constrangidos, petistas querem que, mesmo que o STF libere a votação, Dilma barre a tramitação e "livre a base desse mico".
Senadores atribuem à "omissão" da presidente, por exemplo, papel fundamental na derrota do governo, terça-feira, com a aprovação da resolução que reforma o ICMS, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Dilma é a única com autoridade para negociar a questão federativa com os governadores. A proposta do governo foi desfigurada, com a maioria dos Estados se unindo contra o Sul e o Sudeste.
Os exemplos de propostas mal conduzidas pelo Planalto são vários, como a divisão dos royalties do petróleo, o Código Florestal e a Medida Provisória que muda o marco regulatório do setor portuário. Neste último caso, o Planalto pediu ao líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que fosse relator. Após 138 audiências e 11 semanas, ele elaborou um texto negociado com os setores envolvidos, deixando aberta a possibilidade de Dilma vetar. Gleisi rejeitou o acordo.
Até quando a presidente resolve agir politicamente, leva bordoada dos aliados. Na sexta-feira, chamou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP), para conversar sobre MP dos Portos e outros assuntos. "Só piorou o clima. Ela desprezou os líderes e chamou os caciques", diz um governista. Segundo avaliação desse parlamentar, a presidente não percebeu que há uma "nova correlação de forças no Senado".
O vice-presidente, Michel Temer, presidente nacional do PMDB licenciado, que tem atuado principalmente para manter alianças com o PT, também tem sido cobrado para que controle o PMDB da Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Henrique Alves (RN), e o líder da bancada, Eduardo Cunha (RJ), são dois focos de problemas para o governo e Temer foi avalista da eleição dos dois.
Eduardo Cunha é uma pedra no sapato do governo. A última queda de braço ocorreu na MP dos Portos. Já o presidente da Câmara é criticado, entre outras razões, por defender o que o governo não quer, como o orçamento impositivo, e por não prever a crise que seria causada pela eleição de Marco Feliciano (PSC-SP) para presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Chama a atenção o diagnóstico generalizado entre parlamentares de que a falta de aptidão política e o estilo centralizador de Dilma - que quer sempre dar a palavra final sobre qualquer detalhe de qualquer assunto - dificultam as negociações e emperram o andamento das propostas. A relação não é difícil apenas entre parlamentares do governo e da oposição. Os governistas também andam se entendendo cada vez menos.
A base critica a atuação de líderes, que, por sua vez, ressentem-se de falta de interlocução com o núcleo decisório do Planalto e de não terem carta branca para comandar acordos. "Os 39 ministérios de nada adiantam para garantir apoio ao governo. A presidente perdeu o controle do Congresso", diz um aliado dela. "Nunca vi uma articulação política tão ruim, graças a Deus", afirma o presidente do DEM, senador José Agripino (RN). "A oposição só não tem grandes vitórias porque é numericamente muito menor."
A sensação predominante hoje pode ser definida como de "orfandade política", expressão usada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) na sessão solene em tributo ao ex-deputado federal e ex-ministro de Justiça Fernando Lyra, morto em fevereiro. Foi um raro momento de entendimento entre governistas e oposicionistas. Do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), ao deputado José Genoino (SP), ex-presidente do PT, todos os discursos lembraram o papel de Lyra na transição democrática. E a falta que uma figura como ele faz no cenário político atual.
Afinal de contas - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 09/05
O dinheiro do mensalão não tinha como figurar na contabilidade do PT, pois nunca foi do partido
A aprovação do Tribunal Superior Eleitoral às contas do PT relativas a 2003, ano do chamado mensalão, leva a alguns fundamentos relegados, e outros contorcidos, na engrenagem desse episódio.
A recente estranheza com a aprovação deve-se a que o dinheiro do mensalão não foi incluído nas contas, ainda assim validadas pelo corpo técnico do TSE e aceitas pela própria presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia. O reparo recaiu apenas em outro quesito, submetido a multa.
O possível espanto não pode resistir a este fato: o dinheiro do mensalão não tinha como figurar na contabilidade do PT, pela razão definitiva de que nunca foi do PT.
Fosse para "compra de apoios no Congresso", como afirmado na denúncia apresentada pelo procurador-geral da República e adotada pelo relator, ou fosse acerto de campanha eleitoral, quem pagou foi uma empresa de Marcos Valério.
Da origem aos destinos, o percurso dos cifrões passou como uma das partes não questionadas do julgamento. O dinheiro não saiu do banco para o PT. Saiu como empréstimo a uma das empresas de Marcos Valério e foi por ele encaminhado ao destinatário indicado, como diz o processo, por Delúbio Soares. Tanto que coube a uma funcionária de confiança em empresa de Valério, Simone Vasconcelos, a condenação de desproporcionais 12 anos por cumprir as ordens patronais de levar importâncias aos favorecidos. Em outras operações, o dinheiro, da mesma maneira, chegou aos destinatários por indicação feita a Marcos Valério e passando por outras empresas, não pelo PT.
Às empresas de Marcos Valério competia contabilizar os empréstimos recebidos. O PT não podia contabilizar o que utilizou, mas não recebeu em seu caixa. O que saiu do banco para esse caixa foi por operação formal de empréstimo, com as assinaturas do tesoureiro Delúbio Soares e do presidente José Genoino. Empréstimo renovado, posto sob cobrança e quitado, já depois do escândalo.
O mensalão transcorreu por fora da configuração oficial do PT. Se fizesse idênticas transações com outros partidos e políticos, mas pela via legal de empréstimos e doações, estas até por intermédio do mecanismo entre Marcos Valério e bancos, talvez contornasse a ilegalidade. Ou, no mínimo, tornasse menos numerosas as suas incidências.
ADAPTAÇÃO
A Igreja Católica beatificou nova "Mãe dos Pobres", Nhá Chica, brasileira e filha de escravos. Negra. Mas sua imagem, usada na beatificação em Baependi, Minas, ostenta a tez pálida de certo tipo branco.
O dinheiro do mensalão não tinha como figurar na contabilidade do PT, pois nunca foi do partido
A aprovação do Tribunal Superior Eleitoral às contas do PT relativas a 2003, ano do chamado mensalão, leva a alguns fundamentos relegados, e outros contorcidos, na engrenagem desse episódio.
A recente estranheza com a aprovação deve-se a que o dinheiro do mensalão não foi incluído nas contas, ainda assim validadas pelo corpo técnico do TSE e aceitas pela própria presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia. O reparo recaiu apenas em outro quesito, submetido a multa.
O possível espanto não pode resistir a este fato: o dinheiro do mensalão não tinha como figurar na contabilidade do PT, pela razão definitiva de que nunca foi do PT.
Fosse para "compra de apoios no Congresso", como afirmado na denúncia apresentada pelo procurador-geral da República e adotada pelo relator, ou fosse acerto de campanha eleitoral, quem pagou foi uma empresa de Marcos Valério.
Da origem aos destinos, o percurso dos cifrões passou como uma das partes não questionadas do julgamento. O dinheiro não saiu do banco para o PT. Saiu como empréstimo a uma das empresas de Marcos Valério e foi por ele encaminhado ao destinatário indicado, como diz o processo, por Delúbio Soares. Tanto que coube a uma funcionária de confiança em empresa de Valério, Simone Vasconcelos, a condenação de desproporcionais 12 anos por cumprir as ordens patronais de levar importâncias aos favorecidos. Em outras operações, o dinheiro, da mesma maneira, chegou aos destinatários por indicação feita a Marcos Valério e passando por outras empresas, não pelo PT.
Às empresas de Marcos Valério competia contabilizar os empréstimos recebidos. O PT não podia contabilizar o que utilizou, mas não recebeu em seu caixa. O que saiu do banco para esse caixa foi por operação formal de empréstimo, com as assinaturas do tesoureiro Delúbio Soares e do presidente José Genoino. Empréstimo renovado, posto sob cobrança e quitado, já depois do escândalo.
O mensalão transcorreu por fora da configuração oficial do PT. Se fizesse idênticas transações com outros partidos e políticos, mas pela via legal de empréstimos e doações, estas até por intermédio do mecanismo entre Marcos Valério e bancos, talvez contornasse a ilegalidade. Ou, no mínimo, tornasse menos numerosas as suas incidências.
ADAPTAÇÃO
A Igreja Católica beatificou nova "Mãe dos Pobres", Nhá Chica, brasileira e filha de escravos. Negra. Mas sua imagem, usada na beatificação em Baependi, Minas, ostenta a tez pálida de certo tipo branco.
O preço do atraso - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 09/10
Indicadores de infraestrutura no Brasil ficam aquém da média internacional; governo cede e eleva taxa de retorno das concessões privadas
Tornou-se já consensual a noção de que a precariedade da infraestrutura brasileira é um dos maiores empecilhos ao crescimento. Raras vezes, contudo, o debate sobre o estado calamitoso de estradas, ferrovias e portos ultrapassa o âmbito das generalizações da macroeconomia e desce ao nível concreto dos prejuízos cotidianos que ocasiona para as empresas e o país.
Por isso é bem-vindo o estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que coteja o pífio desempenho nacional com o de outros países. O resultado, constrangedor, explicita o tamanho do famigerado custo Brasil.
Considere-se o indicador de quilometragem de rodovias por 10 mil habitantes. O Brasil fica em 53% do nível internacional --resultado muito ruim, mas não tão catastrófico quanto a parcela dessas estradas que se encontra pavimentada: somente 19% da média mundial.
Ferrovias e hidrovias apresentam quadro não menos preocupante: na mesma comparação por habitantes, o país conta com apenas 17% e 26% da média internacional, respectivamente, segundo o relatório da Fiesp. A precariedade das conexões de transbordo entre as diversas modalidades de transporte também é deprimente (meros 23% do padrão mundial).
A carência de infraestrutura amplifica, como é óbvio, os custos de produzir --por exemplo, ao solapar a agilidade das empresas. Gastam-se 324 minutos, em média, para a liberação de uma carga em aeroportos ao redor do mundo, ao passo que o mesmo procedimento, no Brasil, demanda 3.714 minutos.
Nos portos, a situação também é dramática. O custo de exportação de um contêiner se multiplica por três no Brasil. Não há competitividade produtiva que resista a tamanha desvantagem logística.
O governo Dilma Rousseff começa a reconhecer, felizmente, que perdeu tempo precioso com objeções ideológicas à alternativa mais prática para sua incapacidade de planejar e financiar o choque de infraestrutura: atrair investidores do setor privado.
É positiva, assim, a mudança de atitude evidenciada pela decisão de aumentar a taxa de retorno do investimento aceita nas concessões de infraestrutura, de 5,5% para 7,2%. Como há financiamento para 70% do valor dos projetos, o retorno para o capital próprio desembolsado sobe consideravelmente, para ao menos 15% ao ano.
Espera-se, agora, que as novas condições atraiam mais interessados. Mesmo assim, já ficou comprometido o que se planejava para 2013. Os primeiros leilões para concessão de rodovias só devem acontecer a partir de agosto, o que empurrará o grosso das obras para 2014. É o preço do atraso.
Indicadores de infraestrutura no Brasil ficam aquém da média internacional; governo cede e eleva taxa de retorno das concessões privadas
Tornou-se já consensual a noção de que a precariedade da infraestrutura brasileira é um dos maiores empecilhos ao crescimento. Raras vezes, contudo, o debate sobre o estado calamitoso de estradas, ferrovias e portos ultrapassa o âmbito das generalizações da macroeconomia e desce ao nível concreto dos prejuízos cotidianos que ocasiona para as empresas e o país.
Por isso é bem-vindo o estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que coteja o pífio desempenho nacional com o de outros países. O resultado, constrangedor, explicita o tamanho do famigerado custo Brasil.
Considere-se o indicador de quilometragem de rodovias por 10 mil habitantes. O Brasil fica em 53% do nível internacional --resultado muito ruim, mas não tão catastrófico quanto a parcela dessas estradas que se encontra pavimentada: somente 19% da média mundial.
Ferrovias e hidrovias apresentam quadro não menos preocupante: na mesma comparação por habitantes, o país conta com apenas 17% e 26% da média internacional, respectivamente, segundo o relatório da Fiesp. A precariedade das conexões de transbordo entre as diversas modalidades de transporte também é deprimente (meros 23% do padrão mundial).
A carência de infraestrutura amplifica, como é óbvio, os custos de produzir --por exemplo, ao solapar a agilidade das empresas. Gastam-se 324 minutos, em média, para a liberação de uma carga em aeroportos ao redor do mundo, ao passo que o mesmo procedimento, no Brasil, demanda 3.714 minutos.
Nos portos, a situação também é dramática. O custo de exportação de um contêiner se multiplica por três no Brasil. Não há competitividade produtiva que resista a tamanha desvantagem logística.
O governo Dilma Rousseff começa a reconhecer, felizmente, que perdeu tempo precioso com objeções ideológicas à alternativa mais prática para sua incapacidade de planejar e financiar o choque de infraestrutura: atrair investidores do setor privado.
É positiva, assim, a mudança de atitude evidenciada pela decisão de aumentar a taxa de retorno do investimento aceita nas concessões de infraestrutura, de 5,5% para 7,2%. Como há financiamento para 70% do valor dos projetos, o retorno para o capital próprio desembolsado sobe consideravelmente, para ao menos 15% ao ano.
Espera-se, agora, que as novas condições atraiam mais interessados. Mesmo assim, já ficou comprometido o que se planejava para 2013. Os primeiros leilões para concessão de rodovias só devem acontecer a partir de agosto, o que empurrará o grosso das obras para 2014. É o preço do atraso.
Muito além de plantar e colher - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR
GAZETA DO POVO - PR - 09/05
Para colocar em prática o plano de ampliação contínua da produção de alimentos, o país precisa de um planejamento orquestrado, com investimentos em rodovias, ferrovias, portos marítimos e armazenagem
A safra recorde de milho de inverno criou uma situação inusitada que envolve o agronegócio, a economia e o governo brasileiro. O país aumentou a produção, mas não tem estrutura para armazená-la. Como as exportações devem recuar, os preços estão caindo, e o governo terá de socorrer os produtores gastando milhões para garantir preço mínimo e equilibrar o mercado. E a saída não é recuar na produção, mas sim investir em planejamento e infraestrutura.
O volume de milho que está saindo do campo deve chegar a 40,6 milhões de toneladas, mostra levantamento da Expedição Milho Brasil, projeto da Gazeta do Povo. A tradicional “safrinha” deve resultar um volume 12% maior que a produção de milho de verão. As duas colheitas chegam a 76,9 milhões de toneladas, volume 45% maior que o consumo doméstico. Os cerca de 25 milhões de toneladas restantes não deverão encontrar espaço suficiente no mercado externo. Precisariam ir para os armazéns, que em muitas regiões simplesmente não existem.
O Brasil tem capacidade de armazenagem estática estimada em 121 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mas produz em 2012/13 perto de 185 milhões de toneladas. Ou seja, 35% da colheita desta temporada não têm abrigo. Os especialistas no assunto afirmam que, para evitar essa contradição exposta pelo milho de inverno, o Brasil deveria contar com capacidade de armazenagem de 221 milhões de toneladas, suficiente para armazenar o equivalente à produção atual com 20% de folga.
Mas construir armazéns para 100 milhões de toneladas de grãos vai levar tempo. E depende de um plano nacional, uma vez que não há armazéns suficientes em nenhum estado. Na Bahia, por exemplo, o déficit absoluto – a diferença entre a produção e a capacidade dos barracões – chega a 56%. Mesmo o Paraná, apontado como referência em infraestrutura, precisa ampliar a capacidade de armazenagem em 38% para guardar a safra 2012/13, e Mato Grosso, o maior produtor nacional de grãos, 40%.
Houve aumento na procura por recursos a juros reduzidos (5,5% ao ano) para construção de armazéns. E a capacidade de armazenagem evolui mais rapidamente que as estatísticas. Mesmo assim, o déficit prevalece, o que mostra que não basta viabilizar os projetos. Falta planejamento por parte do agronegócio e do governo. Só assim haverá espaço suficiente para uma safra de mais de 200 milhões de toneladas, volume que deve ser atingido ainda nesta década.
Como não há espaço nos silos, uma das saídas é a exportação. Na temporada passada, o Brasil exportou volume recorde de milho. Embarcou 22 milhões de toneladas, o dobro do recorde anterior, registrado em 2009/10. A façanha foi possível porque houve aumento na produção brasileira num período em que os Estados Unidos registraram quebra histórica. Mas não se pode contar com quadro semelhante em todas as safras.
Se as exportações não derem conta de escoar a safra, a sobra de grãos no mercado interno forçará a oferta de produtos que poderiam ficar armazenados e derrubará os preços ao produtor. Como medida paliativa, o governo teria de oferecer incentivos para garantir a comercialização de cerca de 4 milhões de toneladas de milho, uma despesa que chegaria a R$ 500 milhões caso as cotações do cereal caiam bruscamente.
Sem planejamento, o Brasil tende a continuar pagando uma conta mais alta que a da construção de silos. Para colocar em prática o plano de ampliação contínua da produção de alimentos, o país precisa de um planejamento orquestrado, com investimentos em rodovias, ferrovias, portos marítimos. Os armazéns, nesse contexto, representam uma tarefa básica, caseira e indispensável.
Para colocar em prática o plano de ampliação contínua da produção de alimentos, o país precisa de um planejamento orquestrado, com investimentos em rodovias, ferrovias, portos marítimos e armazenagem
A safra recorde de milho de inverno criou uma situação inusitada que envolve o agronegócio, a economia e o governo brasileiro. O país aumentou a produção, mas não tem estrutura para armazená-la. Como as exportações devem recuar, os preços estão caindo, e o governo terá de socorrer os produtores gastando milhões para garantir preço mínimo e equilibrar o mercado. E a saída não é recuar na produção, mas sim investir em planejamento e infraestrutura.
O volume de milho que está saindo do campo deve chegar a 40,6 milhões de toneladas, mostra levantamento da Expedição Milho Brasil, projeto da Gazeta do Povo. A tradicional “safrinha” deve resultar um volume 12% maior que a produção de milho de verão. As duas colheitas chegam a 76,9 milhões de toneladas, volume 45% maior que o consumo doméstico. Os cerca de 25 milhões de toneladas restantes não deverão encontrar espaço suficiente no mercado externo. Precisariam ir para os armazéns, que em muitas regiões simplesmente não existem.
O Brasil tem capacidade de armazenagem estática estimada em 121 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mas produz em 2012/13 perto de 185 milhões de toneladas. Ou seja, 35% da colheita desta temporada não têm abrigo. Os especialistas no assunto afirmam que, para evitar essa contradição exposta pelo milho de inverno, o Brasil deveria contar com capacidade de armazenagem de 221 milhões de toneladas, suficiente para armazenar o equivalente à produção atual com 20% de folga.
Mas construir armazéns para 100 milhões de toneladas de grãos vai levar tempo. E depende de um plano nacional, uma vez que não há armazéns suficientes em nenhum estado. Na Bahia, por exemplo, o déficit absoluto – a diferença entre a produção e a capacidade dos barracões – chega a 56%. Mesmo o Paraná, apontado como referência em infraestrutura, precisa ampliar a capacidade de armazenagem em 38% para guardar a safra 2012/13, e Mato Grosso, o maior produtor nacional de grãos, 40%.
Houve aumento na procura por recursos a juros reduzidos (5,5% ao ano) para construção de armazéns. E a capacidade de armazenagem evolui mais rapidamente que as estatísticas. Mesmo assim, o déficit prevalece, o que mostra que não basta viabilizar os projetos. Falta planejamento por parte do agronegócio e do governo. Só assim haverá espaço suficiente para uma safra de mais de 200 milhões de toneladas, volume que deve ser atingido ainda nesta década.
Como não há espaço nos silos, uma das saídas é a exportação. Na temporada passada, o Brasil exportou volume recorde de milho. Embarcou 22 milhões de toneladas, o dobro do recorde anterior, registrado em 2009/10. A façanha foi possível porque houve aumento na produção brasileira num período em que os Estados Unidos registraram quebra histórica. Mas não se pode contar com quadro semelhante em todas as safras.
Se as exportações não derem conta de escoar a safra, a sobra de grãos no mercado interno forçará a oferta de produtos que poderiam ficar armazenados e derrubará os preços ao produtor. Como medida paliativa, o governo teria de oferecer incentivos para garantir a comercialização de cerca de 4 milhões de toneladas de milho, uma despesa que chegaria a R$ 500 milhões caso as cotações do cereal caiam bruscamente.
Sem planejamento, o Brasil tende a continuar pagando uma conta mais alta que a da construção de silos. Para colocar em prática o plano de ampliação contínua da produção de alimentos, o país precisa de um planejamento orquestrado, com investimentos em rodovias, ferrovias, portos marítimos. Os armazéns, nesse contexto, representam uma tarefa básica, caseira e indispensável.
Reforma deturpada - EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 09/05
Os Estados prejudicados não podem se conformar com as mudanças no projeto do ICMS aprovadas em Comissão do Senado, que tendem a acirrar e a perpetuar a guerra fiscal.
Mais uma vez, depois de frustradas as expectativas de uma reforma tributária ampla e modernizante, o país está na iminência de não conseguir levar adiante nem mesmo as mudanças no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), mantendo uma guerra fiscal que vem levando à exaustão as receitas de muitos Estados. A nova versão da proposta, aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, favorece de tal forma Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, em detrimento do Sul e Sudeste, que corre o risco de perder o apoio do Executivo. O problema é que, ao favorecer regiões menos industrializadas _ o que em princípio seria aceitável dentro de limites do bom senso _, a questão assumiu contornos políticos muito fortes. Como não há interesse do Planalto em se indispor com áreas consideradas vitais para a disputa à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o desfecho é imprevisível.
Entre os pontos mais controversos da proposta que, agora, precisaria ser consertada no plenário, está a ampliação do alcance da alíquota de 7% de produtos oriundos de Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, mais Espírito Santo, inicialmente prevista apenas para produtos industrializados e agropecuários. A extensão para comércio e serviços deixa ainda mais em desvantagem as demais regiões, nas quais o percentual será de 4%. Minoritários na CAE, Estados do Sul e Sudeste tampouco conseguiram reduzir, como pretendiam, a alíquota interestadual de 12% para 7% na Zona Franca de Manaus, o que aumenta o temor de perda de indústrias. E saíram derrotados também na votação do ICMS sobre gás importado, confirmando a impressão de que o quadro, já ruim, ficou pior ainda.
Antes das deformações impostas ao projeto, o governo federal previa a necessidade de R$ 450 bilhões só para compensar perdas dos Estados com mudanças nessa área. Por isso, um dos desafios do Planalto, a partir de agora, será o de avaliar se vale a pena canalizar tanto dinheiro para um projeto que tende a acirrar ainda mais as diferenças e a insatisfação entre os Estados. Sem esse fundo, a reforma fica inviabilizada.
A decisão tomada pela comissão do Senado mostrou também que o parlamento age por motivação eleitoreira _ o que comprova o quanto seria perigoso submeter decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) às conveniências políticas do Congresso, como propõe o polêmico projeto do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI). Os Estados prejudicados não podem se conformar com as mudanças no projeto do ICMS aprovadas em Comissão do Senado, que tendem a acirrar e a perpetuar a guerra fiscal.
Direitos e deveres no comando da OMC - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 09/05
A vitória do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo na disputa pela direção geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) tem diversas implicações positivas. Uma delas já estava garantida, pois, se o cargo tivesse ficado com o mexicano Herminio Blanco, o organismo teria à frente, do mesmo jeito, um representante do bloco de economias emergentes.
Os americanos se sentiriam mais bem representados pelo mexicano, em quem votaram, mas não há sinais de desconforto com a vitória do brasileiro. E espera-se que Azevêdo, hábil e de fácil trânsito na organização, possa romper a barreira defensiva, principalmente de europeus, diante da necessidade da abertura de mercados em escala global, missão em que o francês Pascal Lamy fracassou, na condução da Rodada de Doha, engavetada de vez pela crise mundial.
A escolha do brasileiro, com votos africanos, dos Brics, de uma série de países menores, injeta ânimo no legítimo projeto brasileiro de ampliar a representatividade em fóruns multilaterais, com destaque para o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A direção da OMC, além de representar reconhecimento à maior estatura do país no mundo, pode ser entendida como um passo nesta direção. A ascensão de Azevêdo pode, também, contribuir para arejar a política comercial de Brasília, onde vozes a favor do protecionismo ganharam peso. Servem de prova regras estabelecidas para o setor automobilístico contaminadas pelo ranço da visão antiga de que quanto maior o conteúdo interno nas cadeias produtivas, melhor. Um erro, porque renunciar a participar de linhas globais de suprimento é contratar um futuro de atraso tecnológico, de baixa produtividade e competitividade.
Será um contrassenso se o país do diretor-geral da OMC praticar o oposto da missão do organismo: a liberalização do comércio mundial. O novo diretor da OMC também pode influenciar positivamente as cabeças terceiro-mundistas do Planalto, nas quais ainda existe o "conflito Norte-Sul", uma das amarras que paralisam o Brasil no atoleiro de um Mercosul de tinturas chavistas, um bloco que se converte ao nacional-populismo.
Esta visão míope foi observada em alguns comentários de brasilienses em torno do fato de o diplomata brasileiro ter vencido europeus e americanos. O próprio Roberto Azevêdo sabe que precisa percorrer o caminho inverso: minimizar conflitos, reaproximar países, para que a OMC não continue a ser solapada pelos inúmeros acordos bilaterais e criação de blocos de comércio, negociados à margem da organização. “A OMC está numa situação crítica”, reconheceu, ontem, na primeira entrevista como o próximo diretor-geral da entidade.
Para revitalizá-la terá de trabalhar bastante a fim de que tenha sucesso a reunião geral marcada para dezembro em Bali, quando será tentada a reabertura da Rodada de Doha. Neste trabalho, combater o protecionismo, também praticado pelo Brasil, será vital.
A vitória do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo na disputa pela direção geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) tem diversas implicações positivas. Uma delas já estava garantida, pois, se o cargo tivesse ficado com o mexicano Herminio Blanco, o organismo teria à frente, do mesmo jeito, um representante do bloco de economias emergentes.
Os americanos se sentiriam mais bem representados pelo mexicano, em quem votaram, mas não há sinais de desconforto com a vitória do brasileiro. E espera-se que Azevêdo, hábil e de fácil trânsito na organização, possa romper a barreira defensiva, principalmente de europeus, diante da necessidade da abertura de mercados em escala global, missão em que o francês Pascal Lamy fracassou, na condução da Rodada de Doha, engavetada de vez pela crise mundial.
A escolha do brasileiro, com votos africanos, dos Brics, de uma série de países menores, injeta ânimo no legítimo projeto brasileiro de ampliar a representatividade em fóruns multilaterais, com destaque para o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. A direção da OMC, além de representar reconhecimento à maior estatura do país no mundo, pode ser entendida como um passo nesta direção. A ascensão de Azevêdo pode, também, contribuir para arejar a política comercial de Brasília, onde vozes a favor do protecionismo ganharam peso. Servem de prova regras estabelecidas para o setor automobilístico contaminadas pelo ranço da visão antiga de que quanto maior o conteúdo interno nas cadeias produtivas, melhor. Um erro, porque renunciar a participar de linhas globais de suprimento é contratar um futuro de atraso tecnológico, de baixa produtividade e competitividade.
Será um contrassenso se o país do diretor-geral da OMC praticar o oposto da missão do organismo: a liberalização do comércio mundial. O novo diretor da OMC também pode influenciar positivamente as cabeças terceiro-mundistas do Planalto, nas quais ainda existe o "conflito Norte-Sul", uma das amarras que paralisam o Brasil no atoleiro de um Mercosul de tinturas chavistas, um bloco que se converte ao nacional-populismo.
Esta visão míope foi observada em alguns comentários de brasilienses em torno do fato de o diplomata brasileiro ter vencido europeus e americanos. O próprio Roberto Azevêdo sabe que precisa percorrer o caminho inverso: minimizar conflitos, reaproximar países, para que a OMC não continue a ser solapada pelos inúmeros acordos bilaterais e criação de blocos de comércio, negociados à margem da organização. “A OMC está numa situação crítica”, reconheceu, ontem, na primeira entrevista como o próximo diretor-geral da entidade.
Para revitalizá-la terá de trabalhar bastante a fim de que tenha sucesso a reunião geral marcada para dezembro em Bali, quando será tentada a reabertura da Rodada de Doha. Neste trabalho, combater o protecionismo, também praticado pelo Brasil, será vital.
Em busca de legitimidade - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO - 09/05
A presidente Dilma Rousseff estenderá hoje o tapete vermelho a Nicolás Maduro, conferindo-lhe uma legitimidade que o presidente venezuelano está muito longe de desfrutar em seu próprio país.
Maduro partiu em visita a países do Mercosul na expectativa de demonstrar que tem apoio dos principais vizinhos e de angariar força política diante do desafio de governar a Venezuela no lugar do falecido caudilho Hugo Chávez - cujo carisma, bem ou mal, garantia alguma estabilidade mesmo em meio à grave crise econômica pela qual o país atravessa.
Eleito em abril com uma vantagem de apenas 220 mil votos sobre seu principal adversário, Henrique Capriles, Maduro saiu da disputa sem o reconhecimento pleno da vitória. A oposição acusa os chavistas de fraudar a votação, de intimidar eleitores e de usar a máquina administrativa de forma irrestrita em favor do candidato governista, entre outras irregularidades. Além disso, o governo dos Estados Unidos - principal parceiro comercial da Venezuela, a despeito das frequentes diatribes dos chavistas contra os americanos - recusou-se a reconhecer a vitória de Maduro, por considerar que, antes, a Venezuela deveria levar em conta as queixas da oposição. O presidente Barack Obama, em recente entrevista, reiterou essa posição. Ele declarou ter
dúvidas sobre se, na Venezuela atual, os direitos humanos, a democracia, a liberdade de imprensa e de opinião são realmente respeitados. Para Obama, não se pode aceitar que a Venezuela ainda não esteja "livre de práticas das quais todo o hemisfério se distanciou, de forma geral". Depois de tão clara manifestação em defesa dos cidadãos venezuelanos ante a óbvia agressão chavista à democracia, Maduro só conseguiu reagir como um mal-ajambrado êmulo de seu mentor, ao dizer que Obama é o "chefe maior dos diabos".
Como se nota, Maduro não tem a verve de Chávez nem mesmo na hora de ofender seus inimigos. Do ponto de vista dos venezuelanos, porém, a falta de graça é o menor dos problemas de Maduro. Em cerca de um mês de administração, o presidente revelou-se incapaz de apresentar qualquer plano para enfrentar a deterioração acelerada da economia -a inflação deve chegar aos 30%, estima-se um recuo de 4% no Produto Interno Bruto neste ano e faltam dólares nas reservas para financiar as importações, cruciais num país que produz praticamente apenas petróleo. O desabastecimento de alimentos é generalizado - não é à toa que um dos objetivos declarados de Maduro em sua visita ao Brasil é "comprar comida".
Diante dessa situação explosiva, Maduro deu ainda mais força aos militares e vem tentando tirar poder de facções chavistas problemáticas, como a Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional - o Congresso venezuelano. Ao mesmo tempo, Maduro e sua truculenta militância vêm empreendendo uma sistemática campanha para destruir a oposição, dona de metade dos votos na última eleição. Depois de cassarem a palavra de deputados oposicionistas e de agredi-los a socos e pontapés dentro do Parlamento, os chavistas agora impuseram limites à circulação de jornalistas na Assembleia Nacional - só podem entrar repórteres que tiverem alguma entrevista marcada e, uma vez dentro do prédio, eles só podem circular se estiverem acompanhados de assessores de imprensa da Casa.
Pois é esse "democrata" que será abraçado por Dilma, de quem receberá o apoio público e incondicional, mesmo diante de tantas arbitrariedades. É por isso que Maduro parece muito à vontade entre seus pares bolivarianos no Mercosul, tão à vontade que, no auge do cinismo, se declarou favorável à volta do Paraguai ao bloco -como se os paraguaios não tivessem sido suspensos do Mercosul numa manobra espúria, justamente para permitir o ingresso da Venezuela chavista, sob o argumento de que tinha havido ruptura da ordem democrática paraguaia. Assim, além de crescentemente irrelevante, o Mercosul agora se presta ao papel de avalista de um regime que pretende ser legítimo na marra.
A presidente Dilma Rousseff estenderá hoje o tapete vermelho a Nicolás Maduro, conferindo-lhe uma legitimidade que o presidente venezuelano está muito longe de desfrutar em seu próprio país.
Maduro partiu em visita a países do Mercosul na expectativa de demonstrar que tem apoio dos principais vizinhos e de angariar força política diante do desafio de governar a Venezuela no lugar do falecido caudilho Hugo Chávez - cujo carisma, bem ou mal, garantia alguma estabilidade mesmo em meio à grave crise econômica pela qual o país atravessa.
Eleito em abril com uma vantagem de apenas 220 mil votos sobre seu principal adversário, Henrique Capriles, Maduro saiu da disputa sem o reconhecimento pleno da vitória. A oposição acusa os chavistas de fraudar a votação, de intimidar eleitores e de usar a máquina administrativa de forma irrestrita em favor do candidato governista, entre outras irregularidades. Além disso, o governo dos Estados Unidos - principal parceiro comercial da Venezuela, a despeito das frequentes diatribes dos chavistas contra os americanos - recusou-se a reconhecer a vitória de Maduro, por considerar que, antes, a Venezuela deveria levar em conta as queixas da oposição. O presidente Barack Obama, em recente entrevista, reiterou essa posição. Ele declarou ter
dúvidas sobre se, na Venezuela atual, os direitos humanos, a democracia, a liberdade de imprensa e de opinião são realmente respeitados. Para Obama, não se pode aceitar que a Venezuela ainda não esteja "livre de práticas das quais todo o hemisfério se distanciou, de forma geral". Depois de tão clara manifestação em defesa dos cidadãos venezuelanos ante a óbvia agressão chavista à democracia, Maduro só conseguiu reagir como um mal-ajambrado êmulo de seu mentor, ao dizer que Obama é o "chefe maior dos diabos".
Como se nota, Maduro não tem a verve de Chávez nem mesmo na hora de ofender seus inimigos. Do ponto de vista dos venezuelanos, porém, a falta de graça é o menor dos problemas de Maduro. Em cerca de um mês de administração, o presidente revelou-se incapaz de apresentar qualquer plano para enfrentar a deterioração acelerada da economia -a inflação deve chegar aos 30%, estima-se um recuo de 4% no Produto Interno Bruto neste ano e faltam dólares nas reservas para financiar as importações, cruciais num país que produz praticamente apenas petróleo. O desabastecimento de alimentos é generalizado - não é à toa que um dos objetivos declarados de Maduro em sua visita ao Brasil é "comprar comida".
Diante dessa situação explosiva, Maduro deu ainda mais força aos militares e vem tentando tirar poder de facções chavistas problemáticas, como a Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional - o Congresso venezuelano. Ao mesmo tempo, Maduro e sua truculenta militância vêm empreendendo uma sistemática campanha para destruir a oposição, dona de metade dos votos na última eleição. Depois de cassarem a palavra de deputados oposicionistas e de agredi-los a socos e pontapés dentro do Parlamento, os chavistas agora impuseram limites à circulação de jornalistas na Assembleia Nacional - só podem entrar repórteres que tiverem alguma entrevista marcada e, uma vez dentro do prédio, eles só podem circular se estiverem acompanhados de assessores de imprensa da Casa.
Pois é esse "democrata" que será abraçado por Dilma, de quem receberá o apoio público e incondicional, mesmo diante de tantas arbitrariedades. É por isso que Maduro parece muito à vontade entre seus pares bolivarianos no Mercosul, tão à vontade que, no auge do cinismo, se declarou favorável à volta do Paraguai ao bloco -como se os paraguaios não tivessem sido suspensos do Mercosul numa manobra espúria, justamente para permitir o ingresso da Venezuela chavista, sob o argumento de que tinha havido ruptura da ordem democrática paraguaia. Assim, além de crescentemente irrelevante, o Mercosul agora se presta ao papel de avalista de um regime que pretende ser legítimo na marra.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“Ele não pode acumular dois cargos em instâncias diferentes”
Deputado Carlos Giannazi (PSOL) ao pedir cassação de Afif por acúmulo de cargos
MINISTRO PLANEJA TRAIR PADRINHO E SE FILIAR AO PT
O ministro Fernando Bezerra (Integração) confidenciou a políticos amigos que está mesmo decidido a deixar o PSB do governador Eduardo Campos, seu padrinho, para se filiar ao PT e disputar o governo de Pernambuco. Ele alega que compõe o governo da presidente Dilma desde o começo e reclama que ficou em saia justa depois de Campos se colocar como candidato a presidente em 2014.
FORÇA-TAREFA
Fernando Bezerra virou forte alvo da corte do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, que tentam desgastar o projeto de Eduardo Campos.
FERIDA ABERTA
A filiação de Fernando Bezerra vai dar confusão: o PT-PT não o aceita e já está rachado desde a eleição para prefeito do Recife, em 2012.
HISTÓRICO
Pular de galho em galho não é novidade, na vida de Fernando Bezerra: ele já foi do PDS, que apoiava a ditadura, PFL, PMDB, PPS, PSB...
UM PARTO
Após dar baixa no PPS e PMN, que se fundiram, líderes acham que o novo partido MD (Mobilização Democrática) sairá na próxima semana.
LUCRO NO BANCO BTG PACTUAL DESPENCOU 22,1%
O balanço do BTG Pactual surpreendeu muita gente ontem. Tido como infalível na arte de ganhar dinheiro, teve queda de 22,1% no lucro do primeiro trimestre. A rentabilidade caiu para 16,9%, de 35,2% no ano passado. Analistas estranham a surpresa: apenas se confirmou que ninguém faz milagre, nem mesmo André Esteves, que havia prometido no início do ano que manteria seu banco com retorno acima de 20%.
NA LATA
É da Bolívia a primeira cerveja de folhas de coca, a “Fuerza”, diz a Associated Press. Por US$ 3, “ajuda a suportar o desconforto da altura”.
PENDURADO NA BROCHA
Não aditou Afif Domingos virar ministro: seu partido, o PSD, decidiu manter “posição de independência” em relação ao governo Dilma.
FÁBRICA DE MEDALHAS
Os fornecedores estão eufóricos: em um mês, Dilma e o megalonanico Celso Amorim (Defesa) distribuíram 709 medalhas a civis e militares.
CUBA: SITUAÇÃO DRAMÁTICA
Dados de 2011 do ONE, o IBGE local, mostram quase 4 mil clínicas fechadas e queda de 10% no número de médicos de Cuba. Daí o interesse em “exportar” 6 mil médicos para o Brasil. Presentes em 70 países, eles geram faturamento US$ 8 bilhões ao ano para a ditadura.
MÉDICOS EXPLORADOS
O médico cubano Darsi Ferrer, exilado nos EUA desde 2012, após ser preso e torturado por denunciar o precário sistema de saúde em Cuba, disse à coluna que a ditadura paga aos médicos “exportados” 7% do salário conveniado com o país “importador”. Aqui também não será diferente.
MANDA BEM
Observação de Heráclito Fortes (DEM-PI), que presidiu a Comissão de Relações Exteriores: “A sabatina do embaixador Roberto Azevêdo, ao ser designado à OMC, foi a melhor que vi em oito anos no Senado”.
ASSÉDIO ATRASADO
O Itamaraty demorou três meses para abrir processo disciplinar contra o embaixador Américo Fontenelle e o adjunto César Cidade, acusados de assédio moral e sexual no consulado-geral em Sidney, Austrália.
CIRCO
O trajeto de carro ontem da Esplanada à Câmara durou 40 em vez de cinco minutos, com protestos simultâneos de pecuaristas do Paraná, contra aborto, seca no Nordeste, índios contra Funai, um inferno.
GREVE À VISTA
A Força Sindical fará paralisação dos metalúrgicos na terça (14) para brigar pelo reajuste automático dos salários sempre que inflação chegar a 3%. Os sindicalistas planejam greve a partir de 25 de maio.
NA GAVETA
Tramita desde 2007 projeto do deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR) que dá ao magistrado o poder de avaliar a gravidade do crime cometido por menores delinquentes. A PEC aguarda relator na CCJ desde 2011.
APAGANDO RASTROS
Na Europa em “visita técnica” paga pelo contribuinte, os deputados Robério Negreiros (PMDB) e Celina Leão (PSD), do DF, proibiram as acompanhantes de publicar nas redes sociais o “check-in”, ferramenta que entrega o paradeiro, como o baita hotel onde estiveram em Paris.
SOS
Comentário no Twitter sobre a anunciada importação de médicos cubanos: “finalmente, eles vão conhecer o esparadrapo”.
PODER SEM PUDOR
COLA TUDO
Na campanha de 1986, o empresário Camilo Cola disputava vaga no Senado pelo PMDB do Espírito Santo. Os adversários logo batizaram sua chapa de "Macaca", que seriam as iniciais de Max Mauro, (Gerson) Camata e o milionário dono da viação Itapemirim. Mas o que tirou Camilo Cola do sério, levando-o à Justiça Eleitoral, foi a distribuição de um certo cartaz. Dizia: "se a sua filha perdeu a virgindade, não se preocupe: Camilo cola".
A brincadeira pegou e ele, o empresário, acabou perdendo a eleição.
Deputado Carlos Giannazi (PSOL) ao pedir cassação de Afif por acúmulo de cargos
MINISTRO PLANEJA TRAIR PADRINHO E SE FILIAR AO PT
O ministro Fernando Bezerra (Integração) confidenciou a políticos amigos que está mesmo decidido a deixar o PSB do governador Eduardo Campos, seu padrinho, para se filiar ao PT e disputar o governo de Pernambuco. Ele alega que compõe o governo da presidente Dilma desde o começo e reclama que ficou em saia justa depois de Campos se colocar como candidato a presidente em 2014.
FORÇA-TAREFA
Fernando Bezerra virou forte alvo da corte do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, que tentam desgastar o projeto de Eduardo Campos.
FERIDA ABERTA
A filiação de Fernando Bezerra vai dar confusão: o PT-PT não o aceita e já está rachado desde a eleição para prefeito do Recife, em 2012.
HISTÓRICO
Pular de galho em galho não é novidade, na vida de Fernando Bezerra: ele já foi do PDS, que apoiava a ditadura, PFL, PMDB, PPS, PSB...
UM PARTO
Após dar baixa no PPS e PMN, que se fundiram, líderes acham que o novo partido MD (Mobilização Democrática) sairá na próxima semana.
LUCRO NO BANCO BTG PACTUAL DESPENCOU 22,1%
O balanço do BTG Pactual surpreendeu muita gente ontem. Tido como infalível na arte de ganhar dinheiro, teve queda de 22,1% no lucro do primeiro trimestre. A rentabilidade caiu para 16,9%, de 35,2% no ano passado. Analistas estranham a surpresa: apenas se confirmou que ninguém faz milagre, nem mesmo André Esteves, que havia prometido no início do ano que manteria seu banco com retorno acima de 20%.
NA LATA
É da Bolívia a primeira cerveja de folhas de coca, a “Fuerza”, diz a Associated Press. Por US$ 3, “ajuda a suportar o desconforto da altura”.
PENDURADO NA BROCHA
Não aditou Afif Domingos virar ministro: seu partido, o PSD, decidiu manter “posição de independência” em relação ao governo Dilma.
FÁBRICA DE MEDALHAS
Os fornecedores estão eufóricos: em um mês, Dilma e o megalonanico Celso Amorim (Defesa) distribuíram 709 medalhas a civis e militares.
CUBA: SITUAÇÃO DRAMÁTICA
Dados de 2011 do ONE, o IBGE local, mostram quase 4 mil clínicas fechadas e queda de 10% no número de médicos de Cuba. Daí o interesse em “exportar” 6 mil médicos para o Brasil. Presentes em 70 países, eles geram faturamento US$ 8 bilhões ao ano para a ditadura.
MÉDICOS EXPLORADOS
O médico cubano Darsi Ferrer, exilado nos EUA desde 2012, após ser preso e torturado por denunciar o precário sistema de saúde em Cuba, disse à coluna que a ditadura paga aos médicos “exportados” 7% do salário conveniado com o país “importador”. Aqui também não será diferente.
MANDA BEM
Observação de Heráclito Fortes (DEM-PI), que presidiu a Comissão de Relações Exteriores: “A sabatina do embaixador Roberto Azevêdo, ao ser designado à OMC, foi a melhor que vi em oito anos no Senado”.
ASSÉDIO ATRASADO
O Itamaraty demorou três meses para abrir processo disciplinar contra o embaixador Américo Fontenelle e o adjunto César Cidade, acusados de assédio moral e sexual no consulado-geral em Sidney, Austrália.
CIRCO
O trajeto de carro ontem da Esplanada à Câmara durou 40 em vez de cinco minutos, com protestos simultâneos de pecuaristas do Paraná, contra aborto, seca no Nordeste, índios contra Funai, um inferno.
GREVE À VISTA
A Força Sindical fará paralisação dos metalúrgicos na terça (14) para brigar pelo reajuste automático dos salários sempre que inflação chegar a 3%. Os sindicalistas planejam greve a partir de 25 de maio.
NA GAVETA
Tramita desde 2007 projeto do deputado Alfredo Kaefer (PSDB-PR) que dá ao magistrado o poder de avaliar a gravidade do crime cometido por menores delinquentes. A PEC aguarda relator na CCJ desde 2011.
APAGANDO RASTROS
Na Europa em “visita técnica” paga pelo contribuinte, os deputados Robério Negreiros (PMDB) e Celina Leão (PSD), do DF, proibiram as acompanhantes de publicar nas redes sociais o “check-in”, ferramenta que entrega o paradeiro, como o baita hotel onde estiveram em Paris.
SOS
Comentário no Twitter sobre a anunciada importação de médicos cubanos: “finalmente, eles vão conhecer o esparadrapo”.
PODER SEM PUDOR
COLA TUDO
Na campanha de 1986, o empresário Camilo Cola disputava vaga no Senado pelo PMDB do Espírito Santo. Os adversários logo batizaram sua chapa de "Macaca", que seriam as iniciais de Max Mauro, (Gerson) Camata e o milionário dono da viação Itapemirim. Mas o que tirou Camilo Cola do sério, levando-o à Justiça Eleitoral, foi a distribuição de um certo cartaz. Dizia: "se a sua filha perdeu a virgindade, não se preocupe: Camilo cola".
A brincadeira pegou e ele, o empresário, acabou perdendo a eleição.
QUINTA NOS JORNAIS
- Globo: Disparada dos preços – Inflação dos alimentos já é de 14% em 12 meses
- Folha: Nova regra limita gravidez assistida acima dos 50 anos
- Estadão: BNDES deve ser sócio em concessão de rodovias
- Correio: Nota zero para quem puser miojo no Enem
- Valor: Governo se desilude com o rumo da reforma do ICMS
- Estado de Minas: ENEM: Tolerância zero para erros de português
- Jornal do Commercio: Mais rigor para a redação do Enem
- Zero Hora: A fraude do leite
- Brasil Econômico: Pressão alta da inflação
quarta-feira, maio 08, 2013
Causa e efeito - MARTHA MEDEIROS
ZERO HORA - 08/05
Ao assistir à peça Arte, que esteve recentemente em cartaz em Porto Alegre, no festival Palco Giratório Sesc, tive a mesma sensação de quando assisti a Deus da Carnificina, não por acaso obras da mesma autora, a fantástica Yasmina Reza. É incrível a capacidade que ela tem de criar situações que nos desconstroem.
Sem piedade, ela evidencia o quanto somos todos patéticos. Fazemos um dramalhão por pequenas coisas, expomos carências infantis e perdemos a compostura por nada. Somos experts em desproporção entre causa e efeito.
Será que um dia conseguiremos equalizar nossas reações, dar a elas uma medida exata? Acho improvável. Vida também é teatro. Por mais humildes que sejamos ao reconhecer nossos exageros diante de alguns acontecimentos, dificilmente conseguimos nos conter. Defendemos nossas opiniões com todas as ferramentas de que dispomos: palavra, voz, gestos, paixão, raiva. E dá-lhe atrapalhação. Agimos de forma farsesca acreditando estar sendo espontâneos.
Fazemos piada de assuntos graves e, por outro lado, levamos a sério as maiores bobagens. Amamos alguém e o atacamos. Desprezamos alguém e o tratamos com mesuras. Somos vigorosamente contra ou a favor, como se de nossas posições dependesse nossa vida. E chegam a ser inocentes nossas tentativas de compreender a nós mesmos, aos outros e ao mundo. Eu, particularmente, gosto muito dessa busca, mas sem perder a consciência de que, onde quer que eu chegue, ainda estarei a milhões de anos-luz da compreensão absoluta.
De certa forma, ainda bem. O que viria depois da compreensão absoluta?
Claro que as coisas podem ser mais simples, mas nunca serão exatas. Não há como ter controle sobre algo em constante movimento: a própria vida. É tão grande o número de influências, ideias, sensações e circunstâncias que nos impactam diariamente, que nunca teremos uma verdade pronta e empacotada para lidar com elas – e muito menos uma estabilidade emocional condizente com a experiência. Sempre estaremos falando num tom mais alto, tentando assim nos defender contra o susto que é ser confrontado diariamente com nossa vulnerabilidade.
O que admiro nesses dois textos de Yasmina Reza, Arte e Deus da Carnificina, é que ela mostra claramente o delírio de se levar a ferro e fogo situações banais, a absurda insistência em querermos causar boa impressão e a inutilidade de nos comportarmos como se estivéssemos diante de um tribunal.
Sendo assim, o que nos resta? Rir. No que diz respeito às nossas relações pessoais, a vida segue sendo mais cômica do que trágica.
Ao assistir à peça Arte, que esteve recentemente em cartaz em Porto Alegre, no festival Palco Giratório Sesc, tive a mesma sensação de quando assisti a Deus da Carnificina, não por acaso obras da mesma autora, a fantástica Yasmina Reza. É incrível a capacidade que ela tem de criar situações que nos desconstroem.
Sem piedade, ela evidencia o quanto somos todos patéticos. Fazemos um dramalhão por pequenas coisas, expomos carências infantis e perdemos a compostura por nada. Somos experts em desproporção entre causa e efeito.
Será que um dia conseguiremos equalizar nossas reações, dar a elas uma medida exata? Acho improvável. Vida também é teatro. Por mais humildes que sejamos ao reconhecer nossos exageros diante de alguns acontecimentos, dificilmente conseguimos nos conter. Defendemos nossas opiniões com todas as ferramentas de que dispomos: palavra, voz, gestos, paixão, raiva. E dá-lhe atrapalhação. Agimos de forma farsesca acreditando estar sendo espontâneos.
Fazemos piada de assuntos graves e, por outro lado, levamos a sério as maiores bobagens. Amamos alguém e o atacamos. Desprezamos alguém e o tratamos com mesuras. Somos vigorosamente contra ou a favor, como se de nossas posições dependesse nossa vida. E chegam a ser inocentes nossas tentativas de compreender a nós mesmos, aos outros e ao mundo. Eu, particularmente, gosto muito dessa busca, mas sem perder a consciência de que, onde quer que eu chegue, ainda estarei a milhões de anos-luz da compreensão absoluta.
De certa forma, ainda bem. O que viria depois da compreensão absoluta?
Claro que as coisas podem ser mais simples, mas nunca serão exatas. Não há como ter controle sobre algo em constante movimento: a própria vida. É tão grande o número de influências, ideias, sensações e circunstâncias que nos impactam diariamente, que nunca teremos uma verdade pronta e empacotada para lidar com elas – e muito menos uma estabilidade emocional condizente com a experiência. Sempre estaremos falando num tom mais alto, tentando assim nos defender contra o susto que é ser confrontado diariamente com nossa vulnerabilidade.
O que admiro nesses dois textos de Yasmina Reza, Arte e Deus da Carnificina, é que ela mostra claramente o delírio de se levar a ferro e fogo situações banais, a absurda insistência em querermos causar boa impressão e a inutilidade de nos comportarmos como se estivéssemos diante de um tribunal.
Sendo assim, o que nos resta? Rir. No que diz respeito às nossas relações pessoais, a vida segue sendo mais cômica do que trágica.
Peles negras - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 08/05
A primeira clínica gratuita do país especializada em peles negras acaba de ser aberta na Santa Casa, no Rio.
É que os negros, diz a chefe do serviço, Katleen Conceição, que, aliás, é negra, apresentam maiores problemas com manchas na pele.
‘That’s all I want!’
Eduardo Paes passou a tarde de segunda-feira com o casal Clinton e a filha dele, Chelsea, em Nova York.
O prefeito perguntou a Bill sobre a candidatura de Hillary a presidente em 2016.O ex-presidente foi rápido:
— É tudo o que eu quero.
Sete vezes doutor
Lula, semana que vem, recebe simultaneamente sete títulos de doutor honoris causa de universidades argentinas.
Cultura lenta
Passado mais de um mês do anúncio de sua escolha, até hoje Ângelo Oswaldo não assumiu o Iphan.
O plenário do Senado também até hoje não apreciou a recondução de Manoel Rangel à Ancine.
Em tempo...
No caso de Rangel, no dia 22 termina seu mandato atual. Se até lá o Senado não o aprovar, a Ancine ficará sem presidente e com apenas dois diretores.
No mais
Se Dilma decidisse ouvir cada um dos seus 39 ministros, por apenas dez minutos, gastaria 6h30m.
Aliás...
O coleguinha Jorge Bastos Moreno mandou um recado para sua amiga presidente. Sugeriu que não criasse o 40º ministério para evitar que algum gaiato maledicente faça a piada de Ali Babá. Com todo o respeito.
Mama África
Nas contas do Itamaraty, a importante vitória de Roberto Azevêdo para comandar a OMC foi constrúda nas duas viagens de Dilma Rousseff à África.
Ela conversou com mais de 30 chefes de Estado africanos.
Acalma o leão
Dilma, além de fechar o apoio dos Bric, também falou com François Hollande e mandou recado tranquilizador a Obama, tido como eleitor do mexicano.
Mas...
A eleição faz crescer o prestígio de Antonio Patriota com Dilma.
Contudo, na véspera, o Planalto não gostou de ver o chanceler, sem combinar com ninguém, falando na contratação de seis mil médicos cubanos.
Produto com defeito
O STJ decidiu, ontem, contra o torcedor atleticano que queria ser indenizado pela CBF, com base na lei de defesa do consumidor.
É que ele se dizia lesado por ter ido ao Maracanã assistir à derrota do seu time, por erro de arbitragem, contra o Botafogo, em 2007.
Sai o tomate, entra o pão
Veja o preço do pão — aquele igual ao que Jesus Cristo distribuiu para acabar com a fome dos famintos — no Talho Capixaba, no Leblon.
O francês custa R$ 14,40. É o preço do quilo da carne.
Até do Vietnã
Há peregrinos vindos de todos os cantos do planeta para a Jornada Mundial da Juventude.
Já estão inscritos 17 grupos do Paquistão, 13 da Índia, 12 da Malásia, oito da China, sete de Hong Kong e sete do Vietnã Cada grupo tem até 50 pessoas.
Furto de carro
Uma mulher moradora da Barra da Tijuca, de classe média, bonita e sempre bem vestida, voltou a atacar no bairro.
Ela vai a lava-jatos, passa-se como a dona de um veículo, dá gorjeta e vai embora levando o carro. Há inquéritos contra ela na 16ª DP (Barra da Tijuca) e na 127ª (Búzios).
Filarmônica de NY
A Orquestra Sinfônica Brasileira costura acordo com a notável Filarmônica de Nova York, fundada em 1842.
O intercâmbio seria não só entre artistas. Mas também entre gestores.
Cuecas da discórdia
Um ambulante resolveu vender cuecas coloridas em frente ao prédio 218 da Rua das Laranjeiras, no Rio.
Só que a calçada é muito estreita. Para impedir, depois de ter feito várias reclamações, a síndica pôs uns vasos com palmeiras na calçada. Um morador do prédio em frente foi lá e quebrou as plantas.
O barraco acabou com queixa na 9ª DP (Catete).
É que os negros, diz a chefe do serviço, Katleen Conceição, que, aliás, é negra, apresentam maiores problemas com manchas na pele.
‘That’s all I want!’
Eduardo Paes passou a tarde de segunda-feira com o casal Clinton e a filha dele, Chelsea, em Nova York.
O prefeito perguntou a Bill sobre a candidatura de Hillary a presidente em 2016.O ex-presidente foi rápido:
— É tudo o que eu quero.
Sete vezes doutor
Lula, semana que vem, recebe simultaneamente sete títulos de doutor honoris causa de universidades argentinas.
Cultura lenta
Passado mais de um mês do anúncio de sua escolha, até hoje Ângelo Oswaldo não assumiu o Iphan.
O plenário do Senado também até hoje não apreciou a recondução de Manoel Rangel à Ancine.
Em tempo...
No caso de Rangel, no dia 22 termina seu mandato atual. Se até lá o Senado não o aprovar, a Ancine ficará sem presidente e com apenas dois diretores.
No mais
Se Dilma decidisse ouvir cada um dos seus 39 ministros, por apenas dez minutos, gastaria 6h30m.
Aliás...
O coleguinha Jorge Bastos Moreno mandou um recado para sua amiga presidente. Sugeriu que não criasse o 40º ministério para evitar que algum gaiato maledicente faça a piada de Ali Babá. Com todo o respeito.
Mama África
Nas contas do Itamaraty, a importante vitória de Roberto Azevêdo para comandar a OMC foi constrúda nas duas viagens de Dilma Rousseff à África.
Ela conversou com mais de 30 chefes de Estado africanos.
Acalma o leão
Dilma, além de fechar o apoio dos Bric, também falou com François Hollande e mandou recado tranquilizador a Obama, tido como eleitor do mexicano.
Mas...
A eleição faz crescer o prestígio de Antonio Patriota com Dilma.
Contudo, na véspera, o Planalto não gostou de ver o chanceler, sem combinar com ninguém, falando na contratação de seis mil médicos cubanos.
Produto com defeito
O STJ decidiu, ontem, contra o torcedor atleticano que queria ser indenizado pela CBF, com base na lei de defesa do consumidor.
É que ele se dizia lesado por ter ido ao Maracanã assistir à derrota do seu time, por erro de arbitragem, contra o Botafogo, em 2007.
Sai o tomate, entra o pão
Veja o preço do pão — aquele igual ao que Jesus Cristo distribuiu para acabar com a fome dos famintos — no Talho Capixaba, no Leblon.
O francês custa R$ 14,40. É o preço do quilo da carne.
Até do Vietnã
Há peregrinos vindos de todos os cantos do planeta para a Jornada Mundial da Juventude.
Já estão inscritos 17 grupos do Paquistão, 13 da Índia, 12 da Malásia, oito da China, sete de Hong Kong e sete do Vietnã Cada grupo tem até 50 pessoas.
Furto de carro
Uma mulher moradora da Barra da Tijuca, de classe média, bonita e sempre bem vestida, voltou a atacar no bairro.
Ela vai a lava-jatos, passa-se como a dona de um veículo, dá gorjeta e vai embora levando o carro. Há inquéritos contra ela na 16ª DP (Barra da Tijuca) e na 127ª (Búzios).
Filarmônica de NY
A Orquestra Sinfônica Brasileira costura acordo com a notável Filarmônica de Nova York, fundada em 1842.
O intercâmbio seria não só entre artistas. Mas também entre gestores.
Cuecas da discórdia
Um ambulante resolveu vender cuecas coloridas em frente ao prédio 218 da Rua das Laranjeiras, no Rio.
Só que a calçada é muito estreita. Para impedir, depois de ter feito várias reclamações, a síndica pôs uns vasos com palmeiras na calçada. Um morador do prédio em frente foi lá e quebrou as plantas.
O barraco acabou com queixa na 9ª DP (Catete).
O invicto açacu - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 08/05
RIO DE JANEIRO - Visto de um terraço no quinto andar, o quadro está se desenhando há anos: as amendoeiras subindo imperturbadas, tomando a rua na largura e na altura, cobrindo as janelas dos andares médios e competindo com as coberturas dos edifícios. O Leblon se orgulha do verde de suas ruas internas, mas o exagero parecia beirar a imprudência --não era possível que árvores tão altas pudessem se equilibrar sobre raízes que já não têm para onde se expandir sob a calçada.
Na manhã de segunda-feira, os ventos de 100 km/h que atingiram o Rio submeteram minhas enormes vizinhas a uma dança de filme de terror, com trilha sonora de folhas farfalhando, silvos, uivos e demais clichês do gênero. Tentei calcular o ângulo a que uma delas cairia sobre meu prédio se chegasse a se partir e concluí que, desta vez, estava a salvo --mas não poderia garantir o mesmo numa próxima ventania.
Minha rua foi poupada, mas os ventos derrubaram mais de cem árvores pela cidade e mataram uma pessoa. O Rio já teve chuvas e ventos mais fortes e com menos prejuízos. Segundo me garantem, a culpa cabe a uma nova política inadequada de poda, limitada agora aos galhos mais baixos e permitindo que as árvores cheguem a quase 20 metros, quando o bom-senso aconselha a que não passem de 12.
Enquanto isso, há poucas semanas, um centenário açacu em Copacabana, querido pelos moradores e tombado como uma das "árvores notáveis do Rio", esteve prestes a ser posto abaixo sob a argumentação oficial de que ameaçava cair. A árvore foi parcialmente mutilada, mas o movimento de seus amigos --para os quais o que havia era um espúrio interesse imobiliário-- a salvou.
Pois, na segunda-feira, o açacu foi castigado pelos mesmos ventos que derrubaram árvores mais jovens e orgulhosas. E, mesmo ferido, continua lá, inabalável, invicto.
RIO DE JANEIRO - Visto de um terraço no quinto andar, o quadro está se desenhando há anos: as amendoeiras subindo imperturbadas, tomando a rua na largura e na altura, cobrindo as janelas dos andares médios e competindo com as coberturas dos edifícios. O Leblon se orgulha do verde de suas ruas internas, mas o exagero parecia beirar a imprudência --não era possível que árvores tão altas pudessem se equilibrar sobre raízes que já não têm para onde se expandir sob a calçada.
Na manhã de segunda-feira, os ventos de 100 km/h que atingiram o Rio submeteram minhas enormes vizinhas a uma dança de filme de terror, com trilha sonora de folhas farfalhando, silvos, uivos e demais clichês do gênero. Tentei calcular o ângulo a que uma delas cairia sobre meu prédio se chegasse a se partir e concluí que, desta vez, estava a salvo --mas não poderia garantir o mesmo numa próxima ventania.
Minha rua foi poupada, mas os ventos derrubaram mais de cem árvores pela cidade e mataram uma pessoa. O Rio já teve chuvas e ventos mais fortes e com menos prejuízos. Segundo me garantem, a culpa cabe a uma nova política inadequada de poda, limitada agora aos galhos mais baixos e permitindo que as árvores cheguem a quase 20 metros, quando o bom-senso aconselha a que não passem de 12.
Enquanto isso, há poucas semanas, um centenário açacu em Copacabana, querido pelos moradores e tombado como uma das "árvores notáveis do Rio", esteve prestes a ser posto abaixo sob a argumentação oficial de que ameaçava cair. A árvore foi parcialmente mutilada, mas o movimento de seus amigos --para os quais o que havia era um espúrio interesse imobiliário-- a salvou.
Pois, na segunda-feira, o açacu foi castigado pelos mesmos ventos que derrubaram árvores mais jovens e orgulhosas. E, mesmo ferido, continua lá, inabalável, invicto.
Entre a cruz... - SONIA RACY
O ESTADÃO - 08/05
Como vice-governador, Guilherme Afif, segundo apurou a coluna no Bandeirantes, conta hoje com staff de 25 pessoas - entre elas um ajudante de ordens e 10 soldados para cuidar de sua segurança pessoal. E tem direito a usar essa estrutura, somada ao salário de R$ 19,6 mil.
Além de dois carros oficiais: um para ele, outro para sua mulher, Silvia.
...e a Esplanada
Acontece que Afif pretende optar por receber o salário maior, o de ministro, de R$ 26,7 mil, como ocorre em outros casos de dupla função. E aí começa o problema: constitucionalmente, o vice não pode abrir mão de seu salário ou benesses do Estado.
O que fazer? O novo ministro busca saída jurídica.
Estratégia
Para discutir a candidatura de Aécio, almoçaram juntos, semana passada, além do senador tucano, FHG, Tasso Jereissati e Andrea Matarazzo.
O papo foi loooongo.
Na mosca
Coincidentemente, na Fiesp ontem (onde a candidatura de Roberto Azevêdò à OMC foi lançada e registrada em primeira mão por esta coluna), estavam seis embaixadores aposentados, como Rubens Barbosa e Clodoaldo Hugueney.
A notícia, segundo Roberto Giarmetti, foi comemorada cum euforia.
Estrela Dalva
Roberto Podval ingressou, em nome dos ex-dirigentes da Cruzeiro do Sul DTVM (pertencente ao Banco Cruzeiro do Sul), com pedido para instaurar inquérito na PF contra o banco Morgan Stanley.
O criminalista pede apuração de suposta prática de crime de apropriação indébita.
A torcida resolveu ajudar o Vasco a ficar quite com a Receita Federal. Vascaínos vêm emitindo guias de recolhimento e pagando dívidas -sem intermediação do clube. A primeira, de R$ 6.400, já está em menos de R$ 2.500.
Exemplo
A torcida resolveu ajudar o Vasco a ficar quite com a Receita Federal. Vascaínos vêm emitindo guias de recolhimento e pagando dívidas – sem intermediação do clube. Aprimeira, de R$ 6.400, jáestá em menos de R$ 2.500.
Se a moda pega...
Cena urbana
Monica Bellucci conversava com os dois filhos no shopping Leblon, dia desses. Começou em italiano, passou pelo francês, português e inglês. Os transeuntes? Não entendiam nadica de nada.
Faraó Cabral
Ponto a favor de Mohamed Morsi. O presidente do Egito, em suapassagempelo Brasil – hoje e amanhã –, assina acordo entre a Biblioteca Nacional e a de... Alexandria. Para trocar livros e experiência em conservação e planejamento arquitetônico.
Também é gente
E Paul McCartney chegou ontem, no fim da tarde, ao hotel Txai, em Itacaré, na Bahia. Fica até amanhã à noite.
Augustão
A Rua Augusta vai passar por transformações durante a Virada Cultural. O projeto LAB – do Instituto Escola São Paulo, de Isabella Prata – pretende implantar um “parque vertical” em escala, em três quarteirões do lado dos Jardins (entre as alamedas Tietê e Jaú) e também no Baixo Augusta.
Augustão 2
Além do “jardinzão” nos prédios, o projeto contempla intervenções sonoras no dia 19. E o instituto já está em articulação com empresários da rua para abrir novas frentes criativas na região.
NA FRENTE
Murilo Portugal comemora. AAEF-Brasil, associação que atua na área de educação financeira (da qual é presidente) fechou sua primeira parceria – com a Serasa.
Antonia Leite Barbosa lança Agendinha Carioca – Guia de Sobrevivência para Pais Descolados. Hoje, na Trousseau do shopping Iguatemi. Anacapri lança coleção por Calu Fontes. Amanhã, no Serafina Restaurante.
Mariannita Luzzati abre mostra. Hoje, na galeria Amparo Sessenta.
A Firmacasa arma brunch especial para abertura de exposição de Zanini de Zanine. Amanhã.
Os DJs Ed MacFarlane e Jack Savidge, do Friendly Fires, desembarcam em Sampa amanhã. Vêm se apresentar na festa Vogue Eyewear, no Jockey Club.
Adriana Banfi abre expo de esculturas. Hoje, na Mônica Filgueiras Galeria.
Dúvida cruel: Roberto Azevêdo vai morar na mansão onde vive hoje com sua mulher – Maria Nazareth, embaixadora do Brasil na ONU – em Genebra? Ou aceitará a casa ofertada pela OMC?
Além de dois carros oficiais: um para ele, outro para sua mulher, Silvia.
...e a Esplanada
Acontece que Afif pretende optar por receber o salário maior, o de ministro, de R$ 26,7 mil, como ocorre em outros casos de dupla função. E aí começa o problema: constitucionalmente, o vice não pode abrir mão de seu salário ou benesses do Estado.
O que fazer? O novo ministro busca saída jurídica.
Estratégia
Para discutir a candidatura de Aécio, almoçaram juntos, semana passada, além do senador tucano, FHG, Tasso Jereissati e Andrea Matarazzo.
O papo foi loooongo.
Na mosca
Coincidentemente, na Fiesp ontem (onde a candidatura de Roberto Azevêdò à OMC foi lançada e registrada em primeira mão por esta coluna), estavam seis embaixadores aposentados, como Rubens Barbosa e Clodoaldo Hugueney.
A notícia, segundo Roberto Giarmetti, foi comemorada cum euforia.
Estrela Dalva
Roberto Podval ingressou, em nome dos ex-dirigentes da Cruzeiro do Sul DTVM (pertencente ao Banco Cruzeiro do Sul), com pedido para instaurar inquérito na PF contra o banco Morgan Stanley.
O criminalista pede apuração de suposta prática de crime de apropriação indébita.
A torcida resolveu ajudar o Vasco a ficar quite com a Receita Federal. Vascaínos vêm emitindo guias de recolhimento e pagando dívidas -sem intermediação do clube. A primeira, de R$ 6.400, já está em menos de R$ 2.500.
Exemplo
A torcida resolveu ajudar o Vasco a ficar quite com a Receita Federal. Vascaínos vêm emitindo guias de recolhimento e pagando dívidas – sem intermediação do clube. Aprimeira, de R$ 6.400, jáestá em menos de R$ 2.500.
Se a moda pega...
Cena urbana
Monica Bellucci conversava com os dois filhos no shopping Leblon, dia desses. Começou em italiano, passou pelo francês, português e inglês. Os transeuntes? Não entendiam nadica de nada.
Faraó Cabral
Ponto a favor de Mohamed Morsi. O presidente do Egito, em suapassagempelo Brasil – hoje e amanhã –, assina acordo entre a Biblioteca Nacional e a de... Alexandria. Para trocar livros e experiência em conservação e planejamento arquitetônico.
Também é gente
E Paul McCartney chegou ontem, no fim da tarde, ao hotel Txai, em Itacaré, na Bahia. Fica até amanhã à noite.
Augustão
A Rua Augusta vai passar por transformações durante a Virada Cultural. O projeto LAB – do Instituto Escola São Paulo, de Isabella Prata – pretende implantar um “parque vertical” em escala, em três quarteirões do lado dos Jardins (entre as alamedas Tietê e Jaú) e também no Baixo Augusta.
Augustão 2
Além do “jardinzão” nos prédios, o projeto contempla intervenções sonoras no dia 19. E o instituto já está em articulação com empresários da rua para abrir novas frentes criativas na região.
NA FRENTE
Murilo Portugal comemora. AAEF-Brasil, associação que atua na área de educação financeira (da qual é presidente) fechou sua primeira parceria – com a Serasa.
Antonia Leite Barbosa lança Agendinha Carioca – Guia de Sobrevivência para Pais Descolados. Hoje, na Trousseau do shopping Iguatemi. Anacapri lança coleção por Calu Fontes. Amanhã, no Serafina Restaurante.
Mariannita Luzzati abre mostra. Hoje, na galeria Amparo Sessenta.
A Firmacasa arma brunch especial para abertura de exposição de Zanini de Zanine. Amanhã.
Os DJs Ed MacFarlane e Jack Savidge, do Friendly Fires, desembarcam em Sampa amanhã. Vêm se apresentar na festa Vogue Eyewear, no Jockey Club.
Adriana Banfi abre expo de esculturas. Hoje, na Mônica Filgueiras Galeria.
Dúvida cruel: Roberto Azevêdo vai morar na mansão onde vive hoje com sua mulher – Maria Nazareth, embaixadora do Brasil na ONU – em Genebra? Ou aceitará a casa ofertada pela OMC?
O agudo e a crônica - ANTONIO PRATA
FOLHA DE SP - 08/05
No mundo ideal, o cronista funcionaria como o paciente de Lacan: tocaria a sua vida até que surgisse uma ideia
Ontem, zapeando, dei com um documentário sobre Lacan, o lacônico psicanalista francês. Dizia o programa que o terapeuta não marcava hora para as consultas: se às três da manhã um paciente despertasse de sonhos intranquilos sentindo-se metamorfoseado num monstruoso inseto, poderia telefonar-lhe, cruzar Paris de pantufas e aparecer para um rápido divã. Rápido é maneira de dizer, pois Lacan tampouco pré-determinava a duração das sessões. O insone talvez ficasse escarafunchando suas caraminholas até que os róseos dedos da aurora viessem tamborilar sobre o negrume de seu inconsciente, ou talvez fosse mandado de volta para casa cinco minutos depois de chegar, caso verbalizasse algo prenhe de significado, como, digamos: "Sonhei que estava na Carvalho Pinto, em cima de um obelisco, fumando um charuto bem glande... Eu disse glande?!".
Sei pouco sobre psicanálise, menos ainda a respeito de Lacan, mas esta ideia de que as angústias e aflições deveriam ser servidas quentes, não levadas para alguma geladeira da consciência e de lá tiradas somente às terças e quintas, 15h45, ou às quartas e sextas, às 16h30, já murchas ou decantadas pelo refrigério da razão, remeteu-me a um outro assunto, que me é caro: a crônica.
Num mundo ideal, o cronista funcionaria como o paciente de Lacan. Ficaria por aí, tocando sua vida, indo ao banco, almoçando no quilo, olhando vitrines atrás de um presente de Dia das Mães, até que surgisse uma ideia. Imediatamente, ele encontraria uma praça, se acomodaria num banco --se possível fosse, até alugaria um quartinho de hotel--, tiraria o laptop da mochila e escreveria seu texto, com todos os ingredientes colhidos na hora.
Um romancista não precisa levar o laptop na mochila. Suas ideias podem amadurecer antes de ir para o papel. Ele está contando uma longa história, é bom que tenha algumas pistas de para onde está indo. Já o cronista, quanto mais cego ao iniciar seu passeio, maiores as chances de conhecer lugares novos no caminho.
Outro dia, num jantar, meu amigo Humberto Werneck contou-me de um comentário de Manuel Bandeira a respeito de Rubem Braga: "Braga é sempre bom; quando não tem assunto, então, é ótimo". Claro, pois nesses textos em que o tema não está dado, é como se acompanhássemos o escritor, de pantufas, no meio da noite, atravessando sua Paris interior, matutando sobre suas angústias, seus alumbramentos. É como se o víssemos deitar-se no divã, ouvíssemos seu relato, suas queixas, suas hipóteses, até que, num ato falho, numa gaguejada, numa repetição ou silêncio mais longo, o assunto se materializasse --não no papel, mas na cabeça do analista, isto é, do leitor.
É o caso, por exemplo, de um dos textos mais bonitos de Braga, um dos textos mais bonitos que eu já li: "Sizenando, a vida é triste". O que parece uma reflexão dispersa na cozinha, umas voltas em torno de um radinho de pilha, revela-se um comentário arrasador sobre o amor e a solidão. Não é o caso, por exemplo, deste texto: às vezes, um charuto é apenas um charuto, uma crônica é apenas uma crônica --nem todo mundo pode ser Rubem Braga, nem todo mundo consegue ser tão glande.
Eu disse glande?!
No mundo ideal, o cronista funcionaria como o paciente de Lacan: tocaria a sua vida até que surgisse uma ideia
Ontem, zapeando, dei com um documentário sobre Lacan, o lacônico psicanalista francês. Dizia o programa que o terapeuta não marcava hora para as consultas: se às três da manhã um paciente despertasse de sonhos intranquilos sentindo-se metamorfoseado num monstruoso inseto, poderia telefonar-lhe, cruzar Paris de pantufas e aparecer para um rápido divã. Rápido é maneira de dizer, pois Lacan tampouco pré-determinava a duração das sessões. O insone talvez ficasse escarafunchando suas caraminholas até que os róseos dedos da aurora viessem tamborilar sobre o negrume de seu inconsciente, ou talvez fosse mandado de volta para casa cinco minutos depois de chegar, caso verbalizasse algo prenhe de significado, como, digamos: "Sonhei que estava na Carvalho Pinto, em cima de um obelisco, fumando um charuto bem glande... Eu disse glande?!".
Sei pouco sobre psicanálise, menos ainda a respeito de Lacan, mas esta ideia de que as angústias e aflições deveriam ser servidas quentes, não levadas para alguma geladeira da consciência e de lá tiradas somente às terças e quintas, 15h45, ou às quartas e sextas, às 16h30, já murchas ou decantadas pelo refrigério da razão, remeteu-me a um outro assunto, que me é caro: a crônica.
Num mundo ideal, o cronista funcionaria como o paciente de Lacan. Ficaria por aí, tocando sua vida, indo ao banco, almoçando no quilo, olhando vitrines atrás de um presente de Dia das Mães, até que surgisse uma ideia. Imediatamente, ele encontraria uma praça, se acomodaria num banco --se possível fosse, até alugaria um quartinho de hotel--, tiraria o laptop da mochila e escreveria seu texto, com todos os ingredientes colhidos na hora.
Um romancista não precisa levar o laptop na mochila. Suas ideias podem amadurecer antes de ir para o papel. Ele está contando uma longa história, é bom que tenha algumas pistas de para onde está indo. Já o cronista, quanto mais cego ao iniciar seu passeio, maiores as chances de conhecer lugares novos no caminho.
Outro dia, num jantar, meu amigo Humberto Werneck contou-me de um comentário de Manuel Bandeira a respeito de Rubem Braga: "Braga é sempre bom; quando não tem assunto, então, é ótimo". Claro, pois nesses textos em que o tema não está dado, é como se acompanhássemos o escritor, de pantufas, no meio da noite, atravessando sua Paris interior, matutando sobre suas angústias, seus alumbramentos. É como se o víssemos deitar-se no divã, ouvíssemos seu relato, suas queixas, suas hipóteses, até que, num ato falho, numa gaguejada, numa repetição ou silêncio mais longo, o assunto se materializasse --não no papel, mas na cabeça do analista, isto é, do leitor.
É o caso, por exemplo, de um dos textos mais bonitos de Braga, um dos textos mais bonitos que eu já li: "Sizenando, a vida é triste". O que parece uma reflexão dispersa na cozinha, umas voltas em torno de um radinho de pilha, revela-se um comentário arrasador sobre o amor e a solidão. Não é o caso, por exemplo, deste texto: às vezes, um charuto é apenas um charuto, uma crônica é apenas uma crônica --nem todo mundo pode ser Rubem Braga, nem todo mundo consegue ser tão glande.
Eu disse glande?!
Direita & esquerda - - ROBERTO DAMATTA
O GLOBO - 08/05
Hoje vou começar com espinhos — com uma dualidade que define o nosso mundo. Qual é o ponto central da oposição entre esquerda e direita — esse dualismo que levou tanta gente (de um lado e do outro) para a prisão, para a tortura, para o exílio, o abandono, a rejeição e a morte? Qual é o rumo desses lados?
Penso que a pior resposta cairia na decisão de ancora-los num fundamentalismo: numa oposição com conteúdo definitivo. Uma sendo correta e a outra errada já que sabemos que direita e esquerda admitem segmentações infinitas, pois toda esquerda tem uma esquerda mais a esquerda; do mesmo modo que toda direita também tem a sua direita extremadamente direitista. No plano religioso somos ainda dominados pelo sagrado (situado à "direita" do Pai); mas no plano político ninguém — pelo menos no Brasil — é de "direita". Como ninguém é rico ou poderoso.
Deus e o Diabo seriam os avatares dessa dualidade? Mas as dualidades não tendem a sumir quando delas nos aproximamos? Ademais, não seriam os dualismos, como sugere um antigo texto de Lévi-Strauss, modos de encobrir hierarquias porque um equilíbrio perfeito jamais existe, e a dualidade mistifica com perfeição as múltiplas diferenças entre grupos e pessoas, juntando tudo de um lado ou do outro ?
O ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa — depois de fazer um diagnóstico impecável de nossa hierarquia e do nosso personalismo que realizam a indexação de pessoas, tirando-as da universalidade da lei; essas dimensões centrais do meu trabalho de interpretação do Brasil — disse que os principais jornais do país se alinhavam para a direita. Joaquim Barbosa seria meu candidato definitivo à presidência da república e estou certo que ele venceria no primeiro turno mas ao exprimir tal opinião eu acho, com devida vênia, que ele perdeu de vista o contexto sócio-político do Brasil.
Os jornais estão a "direita" porque todo o governo (e, com ele quase todo o Estado brasileiro) está englobado numa "esquerda" de receitas estatizantes que recobre o dualismo político inaugurado com a Revolução Francesa. A razão para o Estado figurar como o nosso personagem político mais importante e decisivo, revela um fato importante. A crença segundo a qual a nossa sociedade malformada, mestiça e doente (destinada, como diziam Gobineau e Agassiz, a extinção pelas enfermidades da miscigenação) teria que ser corrigida por um "poder público" centralizador, autoritário, aristocrático que varreria seus costumes primitivos, híbridos, intoleráveis e atrasados.
A "esquerda" sempre teve como central a ideia de que somente um "estado forte", poderia endireitar as taras, como dizia Azevedo Amaral, da sociedade brasileira. Essas depravações — carnaval, comida, sensualidade, dança, preguiça, musica popular... — de origem. Taras que um Estado devidamente "tomado" por pessoas bem preparadas (a honestidade não vinha ao caso porque não se tratava de uma questão de "moral", mas de "política") iria mudar por meio de decretos .
Não é por acaso que a esquerda tem sofrido de estadofilia, estadomania e estadolatria. Dai a sua alergia a tudo o que chega da sociedade e dos seus cidadãos. Coisas tenebrosas como meritocracia, lucro, ambição, mercado, competição e eficiência. Tudo o que afirma um viés não determinista do mundo.
Vivemos, graças a Procuradoria Geral da República e ao STF, um momento especial porque a "esquerda" foi posta à prova e, ato continuo, foi implacavelmente desnudada. Posta à prova definitiva do poder, ela revelou-se incapaz de honrar com os papeis sociais cabíveis na administração publica e de dizer não aos seus projetos mais autoritários. O resultado tem sido uma reação no sentido de modificação por decreto de mecanismos que buscam arrolhar a imprensa, o judiciário e o ministério público. O ideal, eis o vejo como reação, seria uma aristocratização total dos eleitos, tornando-os em seres inimputáveis. Seria isso algo de esquerda ou de direita?
Uma das forças da democracia é, como viu Tocqueville, a educação continua do seu estilo de vida. A próprio divisão de poderes demanda empatia e não antipatia entre eles. Do mesmo modo, a democracia leva a uma visão para além do econômico, do político, do religioso e do jurídico. É justamente o esforço de uma visão de conjunto que obriga as sociedades abertas a se redefinirem continuamente por meio do bom-senso que Joaquim Barbosa tem de sobra.
Ora, isso é o justo oposto de quem deseja que esquerda e direita sejam termos balizadores finais quando o que o momento demanda é que esse poderoso dualismo seja como as nossas mãos. Esses maravilhosos órgãos que nos tornam humanos e que podem ser usadas de modo diverso porque, como sabem os liberais, ambas tem um uso alternado e são importantes na nossa vida pessoal e coletiva.
Hoje vou começar com espinhos — com uma dualidade que define o nosso mundo. Qual é o ponto central da oposição entre esquerda e direita — esse dualismo que levou tanta gente (de um lado e do outro) para a prisão, para a tortura, para o exílio, o abandono, a rejeição e a morte? Qual é o rumo desses lados?
Penso que a pior resposta cairia na decisão de ancora-los num fundamentalismo: numa oposição com conteúdo definitivo. Uma sendo correta e a outra errada já que sabemos que direita e esquerda admitem segmentações infinitas, pois toda esquerda tem uma esquerda mais a esquerda; do mesmo modo que toda direita também tem a sua direita extremadamente direitista. No plano religioso somos ainda dominados pelo sagrado (situado à "direita" do Pai); mas no plano político ninguém — pelo menos no Brasil — é de "direita". Como ninguém é rico ou poderoso.
Deus e o Diabo seriam os avatares dessa dualidade? Mas as dualidades não tendem a sumir quando delas nos aproximamos? Ademais, não seriam os dualismos, como sugere um antigo texto de Lévi-Strauss, modos de encobrir hierarquias porque um equilíbrio perfeito jamais existe, e a dualidade mistifica com perfeição as múltiplas diferenças entre grupos e pessoas, juntando tudo de um lado ou do outro ?
O ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa — depois de fazer um diagnóstico impecável de nossa hierarquia e do nosso personalismo que realizam a indexação de pessoas, tirando-as da universalidade da lei; essas dimensões centrais do meu trabalho de interpretação do Brasil — disse que os principais jornais do país se alinhavam para a direita. Joaquim Barbosa seria meu candidato definitivo à presidência da república e estou certo que ele venceria no primeiro turno mas ao exprimir tal opinião eu acho, com devida vênia, que ele perdeu de vista o contexto sócio-político do Brasil.
Os jornais estão a "direita" porque todo o governo (e, com ele quase todo o Estado brasileiro) está englobado numa "esquerda" de receitas estatizantes que recobre o dualismo político inaugurado com a Revolução Francesa. A razão para o Estado figurar como o nosso personagem político mais importante e decisivo, revela um fato importante. A crença segundo a qual a nossa sociedade malformada, mestiça e doente (destinada, como diziam Gobineau e Agassiz, a extinção pelas enfermidades da miscigenação) teria que ser corrigida por um "poder público" centralizador, autoritário, aristocrático que varreria seus costumes primitivos, híbridos, intoleráveis e atrasados.
A "esquerda" sempre teve como central a ideia de que somente um "estado forte", poderia endireitar as taras, como dizia Azevedo Amaral, da sociedade brasileira. Essas depravações — carnaval, comida, sensualidade, dança, preguiça, musica popular... — de origem. Taras que um Estado devidamente "tomado" por pessoas bem preparadas (a honestidade não vinha ao caso porque não se tratava de uma questão de "moral", mas de "política") iria mudar por meio de decretos .
Não é por acaso que a esquerda tem sofrido de estadofilia, estadomania e estadolatria. Dai a sua alergia a tudo o que chega da sociedade e dos seus cidadãos. Coisas tenebrosas como meritocracia, lucro, ambição, mercado, competição e eficiência. Tudo o que afirma um viés não determinista do mundo.
Vivemos, graças a Procuradoria Geral da República e ao STF, um momento especial porque a "esquerda" foi posta à prova e, ato continuo, foi implacavelmente desnudada. Posta à prova definitiva do poder, ela revelou-se incapaz de honrar com os papeis sociais cabíveis na administração publica e de dizer não aos seus projetos mais autoritários. O resultado tem sido uma reação no sentido de modificação por decreto de mecanismos que buscam arrolhar a imprensa, o judiciário e o ministério público. O ideal, eis o vejo como reação, seria uma aristocratização total dos eleitos, tornando-os em seres inimputáveis. Seria isso algo de esquerda ou de direita?
Uma das forças da democracia é, como viu Tocqueville, a educação continua do seu estilo de vida. A próprio divisão de poderes demanda empatia e não antipatia entre eles. Do mesmo modo, a democracia leva a uma visão para além do econômico, do político, do religioso e do jurídico. É justamente o esforço de uma visão de conjunto que obriga as sociedades abertas a se redefinirem continuamente por meio do bom-senso que Joaquim Barbosa tem de sobra.
Ora, isso é o justo oposto de quem deseja que esquerda e direita sejam termos balizadores finais quando o que o momento demanda é que esse poderoso dualismo seja como as nossas mãos. Esses maravilhosos órgãos que nos tornam humanos e que podem ser usadas de modo diverso porque, como sabem os liberais, ambas tem um uso alternado e são importantes na nossa vida pessoal e coletiva.
Mistérios do aborto - MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 08/05
Pode alguém ser "alguém" antes de nascer? Seus direitos nascem antes do nascimento?
Fico um pouco incomodado quando os defensores do aborto dizem que o tema deve ser analisado "como questão de saúde pública".
Claro que é questão de saúde pública. Mas dizer isso só faz sentido quando todas as outras questões já foram resolvidas. Para quem considera o aborto um atentado à vida humana, ou seja, como algo próximo do assassinato, não adianta nada falar em saúde pública.
Se a polícia fizesse uma "blitz" nas clínicas clandestinas, e prendesse todos os "fazedores de anjinhos", também a famosa questão da "saúde pública" estaria resolvida em grande parte.
Além disso, o objetivo dos antiabortistas é convencer as gestantes de que elas não devem cometer um ato, em última análise, criminoso. Estariam livres, ademais, dos graves riscos que esse ato implica.
Falar em termos de "saúde pública" equivaleria, nessa mentalidade, a se preocupar com o mau funcionamento das armas de fogo. Podem explodir nas mãos do assassino. Cumpriria às autoridades zelar para que não ocorra esse tipo de acidente.
Claro que nenhum antiabortista leva seu raciocínio a esse extremo. Mas não tenho dúvidas de que recebe mais ou menos assim o tal discurso da "saúde pública". Para ele, o problema da saúde pública está eliminado por princípio, uma vez que a ninguém é permitido abortar.
No fundo, a tese da "saúde pública" é uma contorção lógica, uma daquelas maneiras típicas de colocar o carro na frente dos bois. Os marqueteiros políticos são excelentes nesse gênero de eufemismos.
Provavelmente, a ideia só ganhou o destaque que possui hoje em dia porque se tornou, nos debates, a resposta padrão dos candidatos que são a favor do aborto.
Do lado oposto, achei interessante um artigo recente de dom Odilo Scherer no "Estado de S. Paulo". Sua intenção, em si louvável, foi retirar da discussão qualquer aparência dogmática e religiosa.
Pelo que entendi do que escreveu o arcebispo de São Paulo, a questão independe da crença que se tenha na Bíblia ou na existência da alma. Diz respeito aos direitos humanos.
O direito à vida, inscrito na Constituição, teria de ser especialmente respeitado nesse caso --uma vez que a vítima do aborto é a mais indefesa das vítimas.
Nada melhor, do meu ponto de vista, do que eliminar da discussão o seu aspecto religioso. Mas criticar o aborto em termos de "direitos humanos" me convence.
O embrião é sem dúvida uma vida humana. Mas não consigo me convencer de que seja uma pessoa. Pode alguém ser uma pessoa antes de nascer? Pode alguém ser "alguém" antes de nascer? Seus direitos nascem antes do nascimento? Como posso dizer que sejam "seus"?
A questão é totalmente subjetiva. Envolve um "reconhecimento" de pessoa para pessoa. Não consigo "reconhecer" no embrião uma pessoa como eu. No feto, provavelmente sim, e me chocaria ver aqueles filmes em que um ser vivo com dedinhos e pezinhos se debate para não ser abortado.
A tese dos "direitos humanos" tende a um impasse quase "materialista" --termina nas profundidades do microscópio. Não vejo como prosseguir a partir daí. Mas andei lendo algo que oferece uma saída --das mais religiosas-- para quem quiser criticar o aborto.
Numa antologia de poesia cristã francesa recentemente publicada, "O Rumor dos Cortejos" (Editora Fap-Unifesp), traduzem-se versos de uma das "Cinco Grandes Odes" de Paul Claudel (1868-1955).
Ele escreve sobre o mistério da graça cristã. "Tu me chamas a Musa e meu outro nome é a Graça, a graça que se traz ao condenado", dizem os versos.
"Não há mais que este amor que existe entre mim e ti", continua Claudel. "Não me escolheste, fui eu que te escolhi antes que nasceras. Entre todos os seres que vivem sou a palavra de graça endereçada apenas a ti (...) Eis que fui a teu encontro como a misericórdia que abraça a justiça (...) Não busques confundir-me. Não tentes dar-me o meu em teu lugar. Pois é a ti que peço."
Ou seja, a graça, a salvação da alma, consiste num ato divino de amor a mim que precede o meu próprio nascimento. Naturalmente, a dificuldade de acreditar numa coisa dessas é proporcional à beleza de toda a concepção.
Antes de nascer, eu não era nada. "Era sim", responde a Graça. Não é um raciocínio que me convença a ser contra o aborto. Mas, pelo menos, me faz entender porque a religião é tão importante para quem discute do tema.
Pode alguém ser "alguém" antes de nascer? Seus direitos nascem antes do nascimento?
Fico um pouco incomodado quando os defensores do aborto dizem que o tema deve ser analisado "como questão de saúde pública".
Claro que é questão de saúde pública. Mas dizer isso só faz sentido quando todas as outras questões já foram resolvidas. Para quem considera o aborto um atentado à vida humana, ou seja, como algo próximo do assassinato, não adianta nada falar em saúde pública.
Se a polícia fizesse uma "blitz" nas clínicas clandestinas, e prendesse todos os "fazedores de anjinhos", também a famosa questão da "saúde pública" estaria resolvida em grande parte.
Além disso, o objetivo dos antiabortistas é convencer as gestantes de que elas não devem cometer um ato, em última análise, criminoso. Estariam livres, ademais, dos graves riscos que esse ato implica.
Falar em termos de "saúde pública" equivaleria, nessa mentalidade, a se preocupar com o mau funcionamento das armas de fogo. Podem explodir nas mãos do assassino. Cumpriria às autoridades zelar para que não ocorra esse tipo de acidente.
Claro que nenhum antiabortista leva seu raciocínio a esse extremo. Mas não tenho dúvidas de que recebe mais ou menos assim o tal discurso da "saúde pública". Para ele, o problema da saúde pública está eliminado por princípio, uma vez que a ninguém é permitido abortar.
No fundo, a tese da "saúde pública" é uma contorção lógica, uma daquelas maneiras típicas de colocar o carro na frente dos bois. Os marqueteiros políticos são excelentes nesse gênero de eufemismos.
Provavelmente, a ideia só ganhou o destaque que possui hoje em dia porque se tornou, nos debates, a resposta padrão dos candidatos que são a favor do aborto.
Do lado oposto, achei interessante um artigo recente de dom Odilo Scherer no "Estado de S. Paulo". Sua intenção, em si louvável, foi retirar da discussão qualquer aparência dogmática e religiosa.
Pelo que entendi do que escreveu o arcebispo de São Paulo, a questão independe da crença que se tenha na Bíblia ou na existência da alma. Diz respeito aos direitos humanos.
O direito à vida, inscrito na Constituição, teria de ser especialmente respeitado nesse caso --uma vez que a vítima do aborto é a mais indefesa das vítimas.
Nada melhor, do meu ponto de vista, do que eliminar da discussão o seu aspecto religioso. Mas criticar o aborto em termos de "direitos humanos" me convence.
O embrião é sem dúvida uma vida humana. Mas não consigo me convencer de que seja uma pessoa. Pode alguém ser uma pessoa antes de nascer? Pode alguém ser "alguém" antes de nascer? Seus direitos nascem antes do nascimento? Como posso dizer que sejam "seus"?
A questão é totalmente subjetiva. Envolve um "reconhecimento" de pessoa para pessoa. Não consigo "reconhecer" no embrião uma pessoa como eu. No feto, provavelmente sim, e me chocaria ver aqueles filmes em que um ser vivo com dedinhos e pezinhos se debate para não ser abortado.
A tese dos "direitos humanos" tende a um impasse quase "materialista" --termina nas profundidades do microscópio. Não vejo como prosseguir a partir daí. Mas andei lendo algo que oferece uma saída --das mais religiosas-- para quem quiser criticar o aborto.
Numa antologia de poesia cristã francesa recentemente publicada, "O Rumor dos Cortejos" (Editora Fap-Unifesp), traduzem-se versos de uma das "Cinco Grandes Odes" de Paul Claudel (1868-1955).
Ele escreve sobre o mistério da graça cristã. "Tu me chamas a Musa e meu outro nome é a Graça, a graça que se traz ao condenado", dizem os versos.
"Não há mais que este amor que existe entre mim e ti", continua Claudel. "Não me escolheste, fui eu que te escolhi antes que nasceras. Entre todos os seres que vivem sou a palavra de graça endereçada apenas a ti (...) Eis que fui a teu encontro como a misericórdia que abraça a justiça (...) Não busques confundir-me. Não tentes dar-me o meu em teu lugar. Pois é a ti que peço."
Ou seja, a graça, a salvação da alma, consiste num ato divino de amor a mim que precede o meu próprio nascimento. Naturalmente, a dificuldade de acreditar numa coisa dessas é proporcional à beleza de toda a concepção.
Antes de nascer, eu não era nada. "Era sim", responde a Graça. Não é um raciocínio que me convença a ser contra o aborto. Mas, pelo menos, me faz entender porque a religião é tão importante para quem discute do tema.
Ueba! O Zizao tá lendo! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 08/05
Rogério Ceni, o goleiro horário de verão! O Ceni inventou uma nova defesa de pênalti, a de carrinho
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: "Embrapa clona vaca chamada Brasília". Só falta cruzar com o Touro Bandido. Rarará! Mamata da vaca!
E eu queria ter dois clones: um pra trabalhar e outro pra visitar a sogra. E um outro pra ser assaltado todos os dias!
E uma amiga quer que a Embrapa clone o Brad Pitt: "Já imaginou que maravilha chegar a sua casa e encontrar o Brad Pitt lavando a louça pelado?". E se a Embrapa clonar a bunda da Mulher Melancia, uma amiga compra duas: uma pra cada lado!
E hoje mais um clássico da Disney: Bambis x Galo! Com o herói do século: Rogério Ceni, o goleiro horário de verão! O Ceni inventou uma nova defesa de pênalti, a defesa de carrinho.
E o tuiteiro Sergio Paiva postou: "Mega acumulada! Quer ganhar? O Ceni adianta os números sorteados!". Rarará!
E não é só a Dilma que tá preocupada com a educação da população. O Corinthians também tá. Vocês já viram o vídeo "o Zizao tá lendo"? É sensacional.
Três corintianos sobem num carrinho de golfe de estádio e o Zizao lendo os outdoors: "Côca Côla! Guei-to-lei-de! Ca-í-xa! Cai-xa!".
E o Emerson: "Gente, o Zizao tá lendo!". Deve ser o primeiro corintiano que tá lendo! Educação no governo Dilma é tão boa que até chinês tá lendo! Rarará!
E o Ceni participou da fundação do São Paulo. Defendeu o primeiro arremesso de tijolo! Rarará!
E como perguntou um amigo meu: "O que é pior: ter um Rogério que adianta ou um Valdivia que não adianta?". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! É que apareceu no "Jornal Nacional" o gerente do parque eólico do Ceará: Christian LUZ! E a mãe: "Meu filho, você vai se chamar Christian Luz, vai gerar energia eólica e cuidado com o vento pra não pegar gripe". Rarará!
E tem um ginecologista em Candeias, Bahia: Ary Toledo das Dores! Sensacional! Deve ficar contando piada até passarem as dores.
E na empresa de um amigo meu, o gerente de departamento de cobranças: Daniel Massarico. Medo! Depois tem gente que ainda tem medo do ditador da Coreia do Norte. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Rogério Ceni, o goleiro horário de verão! O Ceni inventou uma nova defesa de pênalti, a de carrinho
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Piada Pronta: "Embrapa clona vaca chamada Brasília". Só falta cruzar com o Touro Bandido. Rarará! Mamata da vaca!
E eu queria ter dois clones: um pra trabalhar e outro pra visitar a sogra. E um outro pra ser assaltado todos os dias!
E uma amiga quer que a Embrapa clone o Brad Pitt: "Já imaginou que maravilha chegar a sua casa e encontrar o Brad Pitt lavando a louça pelado?". E se a Embrapa clonar a bunda da Mulher Melancia, uma amiga compra duas: uma pra cada lado!
E hoje mais um clássico da Disney: Bambis x Galo! Com o herói do século: Rogério Ceni, o goleiro horário de verão! O Ceni inventou uma nova defesa de pênalti, a defesa de carrinho.
E o tuiteiro Sergio Paiva postou: "Mega acumulada! Quer ganhar? O Ceni adianta os números sorteados!". Rarará!
E não é só a Dilma que tá preocupada com a educação da população. O Corinthians também tá. Vocês já viram o vídeo "o Zizao tá lendo"? É sensacional.
Três corintianos sobem num carrinho de golfe de estádio e o Zizao lendo os outdoors: "Côca Côla! Guei-to-lei-de! Ca-í-xa! Cai-xa!".
E o Emerson: "Gente, o Zizao tá lendo!". Deve ser o primeiro corintiano que tá lendo! Educação no governo Dilma é tão boa que até chinês tá lendo! Rarará!
E o Ceni participou da fundação do São Paulo. Defendeu o primeiro arremesso de tijolo! Rarará!
E como perguntou um amigo meu: "O que é pior: ter um Rogério que adianta ou um Valdivia que não adianta?". Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! É que apareceu no "Jornal Nacional" o gerente do parque eólico do Ceará: Christian LUZ! E a mãe: "Meu filho, você vai se chamar Christian Luz, vai gerar energia eólica e cuidado com o vento pra não pegar gripe". Rarará!
E tem um ginecologista em Candeias, Bahia: Ary Toledo das Dores! Sensacional! Deve ficar contando piada até passarem as dores.
E na empresa de um amigo meu, o gerente de departamento de cobranças: Daniel Massarico. Medo! Depois tem gente que ainda tem medo do ditador da Coreia do Norte. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA
O GLOBO - 08/05
Brasil e França estudam acordo em Petróleo
A 11ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), dias 14 e 15, já tem ao menos um desdobramento internacional. Trata-se de um futuro acordo de cooperação entre Brasil e França para prevenir acidentes na exploração de petróleo offshore. Assim que autoridades brasileiras anunciaram a entrada no leilão de blocos da Foz do Amazonas, no mar do Amapá, o governo francês manifestou formalmente ao Ministério das Relações Exteriores preocupação com o risco de vazamento de óleo na região. É que as correntes marítimas do estado do Norte vão na direção da Guiana Francesa, departamento da nação europeia. O país teria reservas estimadas entre 500 milhões e um bilhão de barris. Chegou a ter áreas cedidas para exploração por Shell, Tullow Oil e Total. A inclusão da Foz do Amazonas na licitação brasileira confirma a existência de petróleo na área. O Itamaraty, em nota à coluna, confirma que "o Brasil estuda propor à França projeto de acordo de cooperação para prevenção de acidentes". Quando firmado, será o 1º documento do tipo já assinado pelo país. É que toda a produção nacional de petróleo se dá em áreas sem fronteira com outros países.
DUAS DÉCADAS FAZENDO MAES
A Peri natal estreia campanha do Dia das Mães, no domingo. A maternidade aproveira para comemorar os 20 anos da marca eda abertura da primeira unidade, no bairro de Laranjeiras. Será veiculada em jornal, TV, rádio emídia social. É investimento de R$ 500 mil. A Squadro Comunicação criou; a Cara de Cão produziu.
VISITA SURPRESA
Pão de queijo sempre salva. É o mote da campanha que a Forno de Minas põe no ar hoje na TV. Éa primeira assinada pela agência WMcCann para a marca. Ofilmedefende que a iguaria é sempre boa pedida para serviras visitas inesperadas. Terá peças também para mídia impressa e pontos de venda.
No caixa
A Procuradoria-Geral do Município recuperou para o Rio R$ 36 milhões da dívida da Desenvolvimento Engenharia, de Múcio Athayde. A dívida total com o IPTU era de R$ 50 milhões. A massa falida negociou desconto com a PGM com base no PPI Carioca, espécie de Refis da prefeitura.
Meio bi
Hoje, a PGM começa a enviar cartas a 90 mil contribuintes cariocas que não pagaram R$ 545 milhões em IPTU em 2011. Eles serão inscritos na Dívida Ativa do município. Até 17 de junho, poderão negociar o pagamento via PPI. Quem pagar à vista terá até 70% de descontos nos juros.
Notinha
Cresceu 11,1% o total de notas eletrônicas emitidas pela Fazenda carioca no 1º quadrimestre de 2013. No setor de educação, o salto foi de 17,5%. De janeiro a abril, a prefeitura emitiu 37 milhões de Notas Cariocas.
Em tempo
Hoje, é o sorteio de Dia das Mães do Nota Carioca. O prêmio máximo para contribuintes cadastrados é de R$ 350 mil.
Quem vem
Marilene Ramos, do Inea, recebe Robert Summers, secretário do meio ambiente de Maryland (EUA), hoje. Farão parceria na limpeza da Baía de Guanabara. Lá, eles despoluíram Chesapeake.
Barbada
Não foi tão sofrida a vitória de Roberto Azevêdo para a presidência da OMC. Ontem cedo, a Câmara Americana de Comércio, em Washington, já tinha pronto o comunicado sobre a escolha do brasileiro. Não preparou nada sobre o mexicano Herminio Blanco.
Domésticas
O site Cálculo Exato lança aplicativo de controle de ponto de empregados domésticos. O CE - Ponto Exato também pode ser usado para calcular férias, 13º e rescisão. Aporte de R$ 120 mil Prevê quadruplicar o número de usuários da ferramenta para gestão de domésticos para 320 mil até setembro.
77 JORNALISTAS
Já estão credenciados pela ANP para a 11ª Rodada, semana que vem, no Rio. Uma emissora de TV alemã vai cobrir o leilão. Pelo menos dez empresas habilitadas à disputa inscreveram jornalistas.
CARA DE UM...
A Recreio Veículos, de concessionárias Volkswagen, apresenta novo conceito em campanha publicitária: “A Recreio éa cara do Rio. E o Rio é a cara da Recreio”. Atrás deum Fusca, o nome da rede vira o da cidade. Estreia amanhã na TV esábado em impressos. A 11:21 criou.
É chocolate
A Garoto estreia novo sabor da linha Talento, na 2ª quinzena do mês. A barra tem chocolate branco, castanha-do-pará e coco, ingrediente do Brasil. É ação para a Copa 2014, que a fabricante patrocina.
Rentável
A Hortifruti foi a rede de supermercados com o maior faturamento por metro quadrado no ranking Abras 2013. Registrou R$ 48.166, segundo pesquisa da associação e da Nielsen. Foi o 2º ano seguido na posição.
Hotelaria 1
A Hotelaria Brasil será responsável pela gestão de mais seis unidades da Best Western no país, a partir de 2014. Hoje, gerencia unidade em Macaé. É parceria com a Incortel, responsável pela expansão da rede no Brasil. O faturamento da HB deve dobrar para R$ 92 milhões.
Hotelaria 2
Cresceram 20,5% as reservas de brasileiros em hotéis do grupo Mandarin Oriental, no 1º trimestre de 2013 sobre um ano antes. O gasto diário com hospedagem saiu de US$ 597 para US$ 679. A rede tem 29 unidades no mundo.
Brasil e França estudam acordo em Petróleo
A 11ª Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), dias 14 e 15, já tem ao menos um desdobramento internacional. Trata-se de um futuro acordo de cooperação entre Brasil e França para prevenir acidentes na exploração de petróleo offshore. Assim que autoridades brasileiras anunciaram a entrada no leilão de blocos da Foz do Amazonas, no mar do Amapá, o governo francês manifestou formalmente ao Ministério das Relações Exteriores preocupação com o risco de vazamento de óleo na região. É que as correntes marítimas do estado do Norte vão na direção da Guiana Francesa, departamento da nação europeia. O país teria reservas estimadas entre 500 milhões e um bilhão de barris. Chegou a ter áreas cedidas para exploração por Shell, Tullow Oil e Total. A inclusão da Foz do Amazonas na licitação brasileira confirma a existência de petróleo na área. O Itamaraty, em nota à coluna, confirma que "o Brasil estuda propor à França projeto de acordo de cooperação para prevenção de acidentes". Quando firmado, será o 1º documento do tipo já assinado pelo país. É que toda a produção nacional de petróleo se dá em áreas sem fronteira com outros países.
DUAS DÉCADAS FAZENDO MAES
A Peri natal estreia campanha do Dia das Mães, no domingo. A maternidade aproveira para comemorar os 20 anos da marca eda abertura da primeira unidade, no bairro de Laranjeiras. Será veiculada em jornal, TV, rádio emídia social. É investimento de R$ 500 mil. A Squadro Comunicação criou; a Cara de Cão produziu.
VISITA SURPRESA
Pão de queijo sempre salva. É o mote da campanha que a Forno de Minas põe no ar hoje na TV. Éa primeira assinada pela agência WMcCann para a marca. Ofilmedefende que a iguaria é sempre boa pedida para serviras visitas inesperadas. Terá peças também para mídia impressa e pontos de venda.
No caixa
A Procuradoria-Geral do Município recuperou para o Rio R$ 36 milhões da dívida da Desenvolvimento Engenharia, de Múcio Athayde. A dívida total com o IPTU era de R$ 50 milhões. A massa falida negociou desconto com a PGM com base no PPI Carioca, espécie de Refis da prefeitura.
Meio bi
Hoje, a PGM começa a enviar cartas a 90 mil contribuintes cariocas que não pagaram R$ 545 milhões em IPTU em 2011. Eles serão inscritos na Dívida Ativa do município. Até 17 de junho, poderão negociar o pagamento via PPI. Quem pagar à vista terá até 70% de descontos nos juros.
Notinha
Cresceu 11,1% o total de notas eletrônicas emitidas pela Fazenda carioca no 1º quadrimestre de 2013. No setor de educação, o salto foi de 17,5%. De janeiro a abril, a prefeitura emitiu 37 milhões de Notas Cariocas.
Em tempo
Hoje, é o sorteio de Dia das Mães do Nota Carioca. O prêmio máximo para contribuintes cadastrados é de R$ 350 mil.
Quem vem
Marilene Ramos, do Inea, recebe Robert Summers, secretário do meio ambiente de Maryland (EUA), hoje. Farão parceria na limpeza da Baía de Guanabara. Lá, eles despoluíram Chesapeake.
Barbada
Não foi tão sofrida a vitória de Roberto Azevêdo para a presidência da OMC. Ontem cedo, a Câmara Americana de Comércio, em Washington, já tinha pronto o comunicado sobre a escolha do brasileiro. Não preparou nada sobre o mexicano Herminio Blanco.
Domésticas
O site Cálculo Exato lança aplicativo de controle de ponto de empregados domésticos. O CE - Ponto Exato também pode ser usado para calcular férias, 13º e rescisão. Aporte de R$ 120 mil Prevê quadruplicar o número de usuários da ferramenta para gestão de domésticos para 320 mil até setembro.
77 JORNALISTAS
Já estão credenciados pela ANP para a 11ª Rodada, semana que vem, no Rio. Uma emissora de TV alemã vai cobrir o leilão. Pelo menos dez empresas habilitadas à disputa inscreveram jornalistas.
CARA DE UM...
A Recreio Veículos, de concessionárias Volkswagen, apresenta novo conceito em campanha publicitária: “A Recreio éa cara do Rio. E o Rio é a cara da Recreio”. Atrás deum Fusca, o nome da rede vira o da cidade. Estreia amanhã na TV esábado em impressos. A 11:21 criou.
É chocolate
A Garoto estreia novo sabor da linha Talento, na 2ª quinzena do mês. A barra tem chocolate branco, castanha-do-pará e coco, ingrediente do Brasil. É ação para a Copa 2014, que a fabricante patrocina.
Rentável
A Hortifruti foi a rede de supermercados com o maior faturamento por metro quadrado no ranking Abras 2013. Registrou R$ 48.166, segundo pesquisa da associação e da Nielsen. Foi o 2º ano seguido na posição.
Hotelaria 1
A Hotelaria Brasil será responsável pela gestão de mais seis unidades da Best Western no país, a partir de 2014. Hoje, gerencia unidade em Macaé. É parceria com a Incortel, responsável pela expansão da rede no Brasil. O faturamento da HB deve dobrar para R$ 92 milhões.
Hotelaria 2
Cresceram 20,5% as reservas de brasileiros em hotéis do grupo Mandarin Oriental, no 1º trimestre de 2013 sobre um ano antes. O gasto diário com hospedagem saiu de US$ 597 para US$ 679. A rede tem 29 unidades no mundo.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 08/05
Indústria de aluguel de carros cresce 9,9% em 2012
Com um faturamento de R$ 6,23 bilhões, o setor de locação de veículos teve um crescimento de 9,9% no ano passado, de acordo com dados que a Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis) divulgará hoje.
Apesar de ser um aumento significativo, principalmente quando comparado com o 0,9% do PIB, houve queda no ritmo de crescimento. Nos anos anteriores, a elevação havia sido de 11%, em 2011, e de 16,9%, em 2010.
"Tivemos uma curva de desaceleração. É como falar da China, que vinha crescendo a 10% e caiu para 8%", afirma o presidente do conselho nacional da entidade, Paulo Gaba Jr.
O IPI para carros em patamar mais baixo é apontado como o principal responsável pela redução na expansão do segmento.
"Com essa alíquota do imposto, o valor dos carros deprecia muito rápido. Acabamos não conseguindo vender os automóveis antigos para comprar novos", diz Gaba Jr.
O impasse pode ser observado através da idade média da frota do setor, que passou de 15 meses em 2010 para 18 no ano passado.
"Não é ruim ter um IPI menor, mas precisamos de uma política de médio e longo prazo", acrescenta.
Do lado oposto, o que permite que a indústria continue crescendo mesmo em um período de resultados fracos da economia brasileira é, justamente, a crise.
"Ela é positiva para nós, pois muitas empresas passam a ver vantagem em locar um carro, no lugar de comprar", afirma Gaba Jr.
CONTRATO SOBRE RODAS
A Hertz, locadora de veículos, vai lançar um serviço para pequenas e médias empresas que gastam até R$ 100 mil anualmente com a terceirização da frota.
A fatia de mercado compreendida exclusivamente por essas empresas representa um potencial de negócios de aproximadamente R$ 153 milhões por ano, segundo análise da locadora.
"O crescimento das pequenas e médias empresas é superior ao do mercado corporativo como um todo", diz John Salagaj, diretor da Hertz.
"Queremos chegar aos 20% do segmento oferecendo taxas menores."
A concorrente Localiza, que teve receita líquida de R$ 201,6 milhões com aluguel de frota no primeiro trimestre deste ano, também observa elevação no segmento, segundo Paulo Henrique Pires, diretor da companhia.
"Em 2000, locar um carro custava 51% do salário mínimo. Hoje, a média mensal é de cerca de 13%. A terceirização da frota não é mais um produto que só as grandes empresas podem pagar."
LEI E LITERATURA
Doze advogados, entre eles o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Eros Grau, escreveram contos relacionados ao exercício do direito.
Acostumados ao compromisso do sigilo, aos prazos exíguos dos tribunais e à linguagem hermética, para não dar margem à dupla interpretação, os advogados têm no texto literário um desafio, afirma Pierre Moreau, organizador de "As Letras da Lei".
"A ideia era que, através dos contos, eles pudessem passar sua experiência profissional. Sem nada combinado, os textos ficaram bem diferentes", diz Moreau, que também assina um deles.
Os temas vão de guarda de crianças a crime na internet.
Entre os autores estão também Luís Francisco Carvalho Filho, Miguel Reale Júnior, José Gregori, Eduardo Muylaert e José Renato Nalini.
Eros Grau escreveu sobre um juiz que se abstém de julgar um caso que envolve uma antiga paixão sua --uma história, segundo afirma ele, totalmente fictícia.
"O que fizemos [na obra] foi literatura, mas o que está acontecendo hoje, em geral, no Brasil, é, seguramente, literatura fantástica", afirma.
O livro (ed. Casa da Palavra) será lançado em São Paulo no próximo dia 28.
ZERO DE IMPOSTO
Enquanto um iPad com tela retina de 16 GB (sem 3G) custa R$ 1.749 no Brasil, em Hong Kong --região especial da China, com autonomia econômica--, ele sai por menos de R$ 1.200.
Não é a toa que o produto é mais barato por lá. A cidade é conhecida por ser "zona livre" --não há impostos sobre o comércio.
Ainda em Hong Kong, o preço de um iPad mini (modelo que não chegou ao Brasil) com 16 GB e também sem 3G fica um pouco abaixo dos R$ 700.
Nos Estados Unidos, o produto foi lançado em outubro do ano passado por US$ 329 (aproximadamente R$ 660).
Na cidade chinesa, até mesmo as alíquotas sobre renda e os impostos cobrados das empresas são bastante baixos, o que faz a economia da região ser uma das menos restritas do mundo.
Neste ano, Hong Kong ficou em primeiro lugar no ranking de liberdade econômica elaborado pela The Heritage Foundation em parceria com o "Wall Street Journal".
De uma pontuação que varia de zero (economia fechada) a cem (livre mercado), a cidade --considerada país no levantamento devido a sua autonomia-- registrou 89,3.
O Brasil ficou no centésimo lugar, com 57,7 pontos, e foi colocado na categoria dos países cuja economia é praticamente fechada. A Argentina alcançou a 160ª posição --dentre 177 países.
PESOS-PESADOS
Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Alexandre Tombini (presidente do Banco Central), Luciano Coutinho (presidente do BNDES) e o secretário Nelson Barbosa reúnem-se hoje com empresários na Fazenda.
Cerca de 37 executivos do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC) vão discutir a conjuntura. Está prevista uma apresentação de Tombini. Hoje serão divulgados os índices de inflação, IPCA e IGP-DI de abril.
Entre os que confirmaram presença estão Flavio Rocha, da Riachuelo, Daniel Feffer, do grupo Susano, Robson de Andrade, da CNI, Paulo Godoy, da Abdib, e Fernando Figueiredo, da Abiquim.
SOB MEDIDA
Consumidores de lojas das Casas Bahia e do Ponto Frio podem simular como os móveis ficariam em suas casas.
Um software da Viavarejo, que administra as duas marcas, cria ambientes virtuais conforme as medidas e a decoração de cada cômodo.
O serviço gratuito está em 26 das 968 unidades da Viavarejo e é inédita para o público C, segundo a holding.
Das concorrentes, a Marabraz diz que seus vendedores já atuam como consultores, ajudando na escolha do móvel mais adequado.
Além-mar Goiás assinou ontem um termo de cooperação com o Estado de Senar, no Sudão, para firmar parcerias nas áreas de agricultura, ciência, saúde e educação, entre outros setores.
Acordo A Puma fechou parceria com a academia Runner para fornecer material esportivo. Além dos professores da academia vestirem os modelos da marca, a Puma fará testes de produtos com os alunos.
Indústria de aluguel de carros cresce 9,9% em 2012
Com um faturamento de R$ 6,23 bilhões, o setor de locação de veículos teve um crescimento de 9,9% no ano passado, de acordo com dados que a Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis) divulgará hoje.
Apesar de ser um aumento significativo, principalmente quando comparado com o 0,9% do PIB, houve queda no ritmo de crescimento. Nos anos anteriores, a elevação havia sido de 11%, em 2011, e de 16,9%, em 2010.
"Tivemos uma curva de desaceleração. É como falar da China, que vinha crescendo a 10% e caiu para 8%", afirma o presidente do conselho nacional da entidade, Paulo Gaba Jr.
O IPI para carros em patamar mais baixo é apontado como o principal responsável pela redução na expansão do segmento.
"Com essa alíquota do imposto, o valor dos carros deprecia muito rápido. Acabamos não conseguindo vender os automóveis antigos para comprar novos", diz Gaba Jr.
O impasse pode ser observado através da idade média da frota do setor, que passou de 15 meses em 2010 para 18 no ano passado.
"Não é ruim ter um IPI menor, mas precisamos de uma política de médio e longo prazo", acrescenta.
Do lado oposto, o que permite que a indústria continue crescendo mesmo em um período de resultados fracos da economia brasileira é, justamente, a crise.
"Ela é positiva para nós, pois muitas empresas passam a ver vantagem em locar um carro, no lugar de comprar", afirma Gaba Jr.
CONTRATO SOBRE RODAS
A Hertz, locadora de veículos, vai lançar um serviço para pequenas e médias empresas que gastam até R$ 100 mil anualmente com a terceirização da frota.
A fatia de mercado compreendida exclusivamente por essas empresas representa um potencial de negócios de aproximadamente R$ 153 milhões por ano, segundo análise da locadora.
"O crescimento das pequenas e médias empresas é superior ao do mercado corporativo como um todo", diz John Salagaj, diretor da Hertz.
"Queremos chegar aos 20% do segmento oferecendo taxas menores."
A concorrente Localiza, que teve receita líquida de R$ 201,6 milhões com aluguel de frota no primeiro trimestre deste ano, também observa elevação no segmento, segundo Paulo Henrique Pires, diretor da companhia.
"Em 2000, locar um carro custava 51% do salário mínimo. Hoje, a média mensal é de cerca de 13%. A terceirização da frota não é mais um produto que só as grandes empresas podem pagar."
LEI E LITERATURA
Doze advogados, entre eles o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Eros Grau, escreveram contos relacionados ao exercício do direito.
Acostumados ao compromisso do sigilo, aos prazos exíguos dos tribunais e à linguagem hermética, para não dar margem à dupla interpretação, os advogados têm no texto literário um desafio, afirma Pierre Moreau, organizador de "As Letras da Lei".
"A ideia era que, através dos contos, eles pudessem passar sua experiência profissional. Sem nada combinado, os textos ficaram bem diferentes", diz Moreau, que também assina um deles.
Os temas vão de guarda de crianças a crime na internet.
Entre os autores estão também Luís Francisco Carvalho Filho, Miguel Reale Júnior, José Gregori, Eduardo Muylaert e José Renato Nalini.
Eros Grau escreveu sobre um juiz que se abstém de julgar um caso que envolve uma antiga paixão sua --uma história, segundo afirma ele, totalmente fictícia.
"O que fizemos [na obra] foi literatura, mas o que está acontecendo hoje, em geral, no Brasil, é, seguramente, literatura fantástica", afirma.
O livro (ed. Casa da Palavra) será lançado em São Paulo no próximo dia 28.
ZERO DE IMPOSTO
Enquanto um iPad com tela retina de 16 GB (sem 3G) custa R$ 1.749 no Brasil, em Hong Kong --região especial da China, com autonomia econômica--, ele sai por menos de R$ 1.200.
Não é a toa que o produto é mais barato por lá. A cidade é conhecida por ser "zona livre" --não há impostos sobre o comércio.
Ainda em Hong Kong, o preço de um iPad mini (modelo que não chegou ao Brasil) com 16 GB e também sem 3G fica um pouco abaixo dos R$ 700.
Nos Estados Unidos, o produto foi lançado em outubro do ano passado por US$ 329 (aproximadamente R$ 660).
Na cidade chinesa, até mesmo as alíquotas sobre renda e os impostos cobrados das empresas são bastante baixos, o que faz a economia da região ser uma das menos restritas do mundo.
Neste ano, Hong Kong ficou em primeiro lugar no ranking de liberdade econômica elaborado pela The Heritage Foundation em parceria com o "Wall Street Journal".
De uma pontuação que varia de zero (economia fechada) a cem (livre mercado), a cidade --considerada país no levantamento devido a sua autonomia-- registrou 89,3.
O Brasil ficou no centésimo lugar, com 57,7 pontos, e foi colocado na categoria dos países cuja economia é praticamente fechada. A Argentina alcançou a 160ª posição --dentre 177 países.
PESOS-PESADOS
Os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Alexandre Tombini (presidente do Banco Central), Luciano Coutinho (presidente do BNDES) e o secretário Nelson Barbosa reúnem-se hoje com empresários na Fazenda.
Cerca de 37 executivos do Grupo de Avanço da Competitividade (GAC) vão discutir a conjuntura. Está prevista uma apresentação de Tombini. Hoje serão divulgados os índices de inflação, IPCA e IGP-DI de abril.
Entre os que confirmaram presença estão Flavio Rocha, da Riachuelo, Daniel Feffer, do grupo Susano, Robson de Andrade, da CNI, Paulo Godoy, da Abdib, e Fernando Figueiredo, da Abiquim.
SOB MEDIDA
Consumidores de lojas das Casas Bahia e do Ponto Frio podem simular como os móveis ficariam em suas casas.
Um software da Viavarejo, que administra as duas marcas, cria ambientes virtuais conforme as medidas e a decoração de cada cômodo.
O serviço gratuito está em 26 das 968 unidades da Viavarejo e é inédita para o público C, segundo a holding.
Das concorrentes, a Marabraz diz que seus vendedores já atuam como consultores, ajudando na escolha do móvel mais adequado.
Além-mar Goiás assinou ontem um termo de cooperação com o Estado de Senar, no Sudão, para firmar parcerias nas áreas de agricultura, ciência, saúde e educação, entre outros setores.
Acordo A Puma fechou parceria com a academia Runner para fornecer material esportivo. Além dos professores da academia vestirem os modelos da marca, a Puma fará testes de produtos com os alunos.
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