sexta-feira, junho 08, 2012

UNE sob suspeita - O GLOBO


O GLOBO - 08/06


MP aponta que recursos da União foram justificados com notas frias e usados para pagar bebida

Demétrio Weber/Regina Alvarez

BRASÍLIA



Investigação do Ministério Público aponta indícios de irregularidades graves em convênios do governo federal com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) de São Paulo. Entre 2006 e 2010, essas entidades receberam cerca de R$ 12 milhões dos cofres públicos destinados à capacitação de estudantes e promoção de eventos culturais e esportivos. No caso da UNE, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Marinus Marsico identificou o uso de notas fiscais frias para comprovar gastos. E detectou que parte dos recursos liberados pelo governo federal foi usada na compra de bebidas alcoólicas e outras despesas sem vínculo aparente com o objeto conveniado.

Ao analisar as prestações de contas do convênio do Ministério da Cultura com a UNE para apoio ao projeto Atividades de Cultura e Arte da UNE, o procurador Marsico constatou gastos com a compra de cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, compra de búzios, velas, celular, freezer, ventilador e tanquinho, pagamento de faturas de energia elétrica, dedetização da sede da entidade, limpeza de cisterna e impressão do jornal da UNE. Além disso, encontrou diversas notas emitidas por bares em que há apenas a expressão "despesas" na descrição do gasto.

No fim de maio, o procurador formalizou representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que a Corte investigue o uso dos recursos federais repassados à UNE e à UMES, entre 2006 e 2010. O alvo da representação são 11 convênios, seis da UNE e cinco da UMES, celebrados com os seguintes ministérios: Cultura, Saúde, Esporte e Turismo. O valor total desses convênios é de R$ 8 milhões, destinados a projetos variados que vão desde a capacitação de estudantes de ensino médio até a realização de duas edições da Bienal de Artes, Ciência e Cultura da UNE. Marsico deu destaque a sete convênios - seis da UNE e um da UMES - no valor de R$ 6,5 milhões, que, segundo ele, concentram os "principais achados".

Esporte demora a cobrar contas

As notas fiscais frias foram localizadas na prestação de contas que a UNE entregou ao Ministério da Saúde, referente ao convênio de número 623789, de R$ 2,8 milhões, encerrado em 2009. Esse convênio bancou a Caravana Estudantil da Saúde, em que universitários percorreram as 27 unidades da Federação para discutir saúde pública, com a oferta de testes rápidos de HIV e conscientização sobre a importância de doar sangue.

Marsico informa na representação que quatro notas da empresa WK Produções Cinematográficas Ltda. são "inidôneas", com base em informações da Secretaria Municipal de Finanças de São Paulo, que não reconheceu a autenticidade dos documentos. Há suspeita de que outras oito notas emitidas por diferentes empresas também não sejam válidas, o que estaria sob apuração da secretaria municipal, de acordo com o procurador. Ele menciona ainda o caso de uma nota fiscal de R$ 91.500, da gráfica e editora Salum&Proença, de Jandira (SP), que teria sido cancelada pela empresa, embora os serviços constem na prestação de contas da UNE.

Outro indício de irregularidade apontado pelo procurador nesse mesmo convênio é a elevação dos gastos previstos com assessoria jurídica de R$ 20 mil para R$ 200 mil, sem justificativa nos autos. Marsico aponta ainda duplicidade de pagamentos, imprecisão do objeto do convênio e a transferência dos recursos da conta oficial para contas bancárias dos produtores da caravana.

Para Marsico, os dados sugerem "possíveis atentados aos princípios da moralidade, da legalidade, da legitimidade e da economicidade, além de evidenciarem possíveis danos ao Erário Público", segundo destacou na representação ao TCU.

- É lamentável, especialmente pela história de lutas dessas entidades. Elas teriam que ser as primeiras a dar o exemplo à sociedade de zelo no uso do dinheiro público - afirmou o procurador.

Ele chama a atenção para a demora do Ministério do Esporte em cobrar a prestação de contas da UNE no convênio de número 702422, de 2008, no valor de R$ 250 mil. A pasta comandada pelo PCdoB, mesmo partido que controla a UNE, fomentou a "implantação de atividades esportivas e debates" na 6 Bienal de Artes, Ciência e Cultura. "Quase dois anos após o fim do prazo para a prestação de contas, os documentos ainda não haviam sido encaminhados", observou Marsico na representação ao TCU, registrando que, "somente após receber o ofício enviado pelo MP/TCU, o órgão (Ministério do Esporte) notificou a UNE sobre a omissão".

- Há erro dos dois lados. De quem recebeu os recursos e dos órgãos que liberaram. Se não fosse eu requerer, em alguns casos não haveria sequer a prestação de contas - disse o procurador do MP.

No caso dos convênios com a UMES, o procurador destacou o que trata do auxílio ao Projeto Cine Clube UMES da Saúde, concluído em março de 2010, no valor de R$ 234, 8 mil. De acordo com Marciso, as quantias previstas no plano de trabalho eram as mesmas posteriormente contratadas. "Como era possível saber o valor exato das propostas vencedoras nas licitações?", questionou. Ele observou também a falta da relação de escolas beneficiadas e de cópias dos processos licitatórios ou justificativas para a dispensa de licitação.

"Algumas das impropriedades apuradas, como a utilização de recursos públicos para a compra de bebidas alcoólicas, são de extrema gravidade e parecem-nos capazes de justificar a atuação dessa Corte de Contas", disse Marsico na representação.

Entidade reafirma zelo com recursos

Procurada pelo GLOBO para se manifestar sobre as irregularidades, a UNE respondeu, em nota da assessoria de imprensa, que "reafirma seu compromisso de zelo com os recursos públicos e, se comprovado qualquer tipo de irregularidade, compromete-se a saná-las de acordo com o que a lei determina, inclusive, se for o caso, com a devolução de recursos".

A entidade disse na nota que participa das políticas de financiamento público a atividades culturais, esportivas e educacionais desde 1999, sempre cumprindo todas as exigências técnicas de seus convênios. "Parte das nossas prestações de contas já está aprovada, sendo que algumas se encontram ainda em análise pelos órgãos responsáveis", informa. E reafirma o seu compromisso com o Erário, "honrando seus 75 anos de vida".

O GLOBO também procurou a direção da UMES na tarde de quarta-feira com o mesmo objetivo, mas a entidade não se manifestou.

Transpor a seca - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 08/06


Cinco anos depois de iniciadas as obras de transposição do rio São Francisco, que prometia ampliar a oferta de água no Nordeste brasileiro, uma severa estiagem volta a castigar o semiárido.

O controverso projeto avança em ritmo lento, porém. Nunca chega o dia em que a população poderá conhecer seus alardeados benefícios.

Dos 16 lotes de obras do projeto, 5 encontram-se paralisados. Em alguns casos, empreiteiras que haviam assumido os projetos terminaram por abandoná-los, quando os aditivos -acréscimos ao valor orçado- por elas solicitados foram indeferidos. O governo terá de licitar novamente algumas das áreas.

A irrigação do sertão não passou, até aqui, de uma grosseira miragem. Apenas 36% dos projetos ligados à transposição foram concluídos, segundo dados do governo federal. Não se sabe quando a obra ficará pronta nem, o que é pior, quanto custará.

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, afirmou em audiência na Câmara dos Deputados, no fim do mês passado, que não é possível avaliar quanto se gastará. A estimativa mais recente é de R$ 8,2 bilhões; em 2007, previam-se R$ 4,7 bilhões. Mesmo longe de completar-se, já se vê, o custo anda perto de duplicar-se.

Tudo na condução dessa obra faraônica revela descaso com os moradores do semiárido, embora tenham servido de justificativa para o projeto. Especialistas nunca obtiveram consenso sobre sua relevância para combater a falta de água no sertão. Jamais houve dúvida, contudo, quanto a seus benefícios comerciais para empreiteiras ou vantagens eleitorais para candidatos governistas na região.

Desde que a transposição foi encampada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, especialistas alertam para a necessidade de investimentos na captação e armazenagem da água das chuvas. A instalação de uma rede pulverizada de pequenos e médios reservatórios, como as cisternas em domicílios rurais, teria resultados mais práticos que os sonhos de grandeza do governo federal. Continuará necessária, mesmo depois de concluída a intervenção no São Francisco.

Apesar de todos os exageros e desvios que cercam o projeto, não há alternativa a seguir adiante, em face das verbas já comprometidas. Na melhor das hipóteses, a transposição sairá em 2015.

É dever do governo controlar a execução da empreitada e pôr fim à escalada de gastos com a obra.

GOSTOSA


O anel de Giges - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP -  8/6


SÃO PAULO - O melhor argumento para abolir as votações secretas no Congresso é o de que, sob a proteção do anonimato, parlamentares dão vezo a seus piores instintos corporativistas e a interesses inconfessáveis. Pelo histórico das votações sigilosas, é difícil discordar. Mas será que a impunidade anda mesmo de braços dados com a corrupção?
Platão achava que sim. Na "República", o filósofo relata a história de Giges, um pastor da Lídia que encontrou um anel capaz de torná-lo invisível. Assim, foi ao palácio real, manteve relações sexuais com a rainha, matou o rei e se apoderou do trono. O anel, diz Platão, significa a capacidade de cometer injustiças com a certeza de não ser punido. O filósofo concede que poucos resistiriam à tentação de, com tal poder, manter-se justos.
Uma versão do anel de Giges circulou em plena Nova York alguns anos atrás. Entre 1977 e 2002, devido a algumas excentricidades legais, o pessoal diplomático das 146 missões na ONU tinha imunidade contra multas por estacionamento irregular.
Ray Fisman e Edward Miguel, autores de "Economic Gangsters", tabularam os autos de infração lavrados mas não pagos, chegando a conclusões interessantes. Ao contrário do que esperava Platão, muitos resistiram. A missão kuaitiana, é verdade, pegou pesado, com 246,2 violações por diplomata por ano. Em contrapartida, funcionários de 21 representações como Suécia, Noruega e Canadá não infringiram a lei ou tiveram a decência de pagar a multa.
A conclusão é que a impunidade é um poderoso motor para a quebra de regras, mas nem todos os portadores do anel de Giges delinquem. A cultura também parece influir, pois é a melhor explicação para o fato de diplomatas de países tidos como honestos de fato o serem, ao menos no que diz respeito a estacionar em NY.
De volta ao Brasil, como nossos parlamentares não são exatamente suecos, convém livrá-los de toda tentação, sumindo com o anel de Giges.

Turbulência no câmbio influencia contas externas - EDITORIAL - VALOR ECONÔMICO

Valor Econômico - 08/06


As últimas semanas foram uma verdadeira montanha-russa no mercado de câmbio. A forte oscilação pôs em xeque o entusiasmo com que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defende um dólar a R$ 2,00 para aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e melhorar as exportações.

O dólar pareceu ter ultrapassado os limites ao atingir R$ 2,10 na penúltima semana de maio e R$ 2,06 terça-feira passada. No primeiro período, oscilou 5,5% em relação à mínima; e, nesta semana, já arrancava 3,5%. Tamanha variação acaba atrapalhando o comércio exterior porque retrai compradores e vendedores, mesmo que o dólar esteja acima de R$ 2,00. Para o exportador, pior do que um dólar desvalorizado é uma cotação volátil.

Embora o Banco Central (BC) rejeite com veemência a ideia de que defende determinado patamar para o dólar, não foi o que deixou transparecer quando agiu agressivamente no mercado, como há muito tempo não se via, assim que a cotação da moeda americana ameaçou desgarrar muito dos R$ 2,00. Foram seis dias seguidos de leilões de swap cambial na penúltima semana de maio, e nova carga nesta semana. Essa operação equivale, na prática, à venda de dólar no mercado futuro e não era realizada há quase sete meses. O Banco Central ofereceu um total de US$ 14 bilhões em swaps cambiais e acabou vendendo metade disso.

O Valor apurou que o Banco Central decidiu, desde o fim de abril, seguir uma cesta de moedas denominada dólar index para ajustar a cotação do real. Por esse critério, o real estaria alinhado com o movimento do mercado internacional, com uma desvalorização de 5,5% desde então, enquanto o dólar index variou 5,1%. Outras moedas tiveram desvalorização maior. Em apresentação na terça-feira ao Congresso, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, minimizou a desvalorização de 5,7% do real frente ao dólar em maio, lembrando que outras moedas até perderam mais. O peso mexicano, exemplificou, caiu 9,5%; e o rublo, 11,7%.

De fato, a escalada do dólar não ocorreu apenas em relação ao real e teve como um dos motivos o recrudescimento da crise na zona do euro e a busca de refúgio seguro pelos investidores internacionais. A redução do juro básico, agora a 8,5%, com ganho real ao redor de 3%, também contribuiu para estimular a saída de capital. Além disso, no início do ano, o governo adotou medidas para conter a entrada de capital especulativo. Foi ampliado o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) dos empréstimos com menos de cinco anos, por exemplo, e penalizadas as posições vendidas no mercado de derivativos.

Não se pode falar em fuga de capitais, mas houve uma grande saída de dólares do mercado brasileiro em maio pelo câmbio financeiro, de US$ 6,3 bilhões, a maior desde novembro de 2008, auge da crise financeira, quando deixaram o país US$ 10,298 bilhões. Para piorar, a oscilação do dólar acelerou as importações e pôs na retranca os exportadores. Assim, o resultado comercial diminuiu para US$ 3,6 bilhões. As reservas internacionais diminuíram de US$ 374,3 bilhões em abril para US$ 372,4 bilhões no fim de maio.

Outros números mostram a mudança do humor do investidor internacional. A oferta internacional de crédito para as empresas brasileiras diminuiu. A taxa de rolagem da dívida de médio e longo prazo caiu de 154% para 84%. A alta do dólar também já afeta as despesas dos brasileiros no exterior. Até 22 de maio, os turistas gastaram US$ 1,24 bilhão, ou US$ 56 milhões por dia, 7% menos do que em abril.

Diante disso, o Banco Central projeta a redução da entrada de investimento estrangeiro direto em maio de 36% em comparação com abril, e de 24% em relação a maio de 2011, para US$ 3 bilhões, valor que, se confirmado, será o menor desde maio de 2011. O Banco Central não está preocupado com isso, disse o diretor da instituição ao divulgar as contas externas de abril. Os números estariam "em linha" com as projeções feitas para o ano, que preveem ingresso de US$ 50 bilhões, inferior aos US$ 66 bilhões de 2011.

Até abril, os investimentos estrangeiros diretos de US$ 19,6 bilhões financiariam totalmente o déficit em conta corrente acumulado em US$ 17,5 bilhões. Mas a situação deve mudar nos próximos meses, espera o próprio BC, com o déficit em transações correntes totalizando US$ 68 bilhões no ano, acima, portanto, dos US$ 50 bilhões esperados para os investimentos estrangeiros diretos. Apesar da aparente tranquilidade do governo, a turbulência internacional impõe um novo olhar sobre as contas externas.

Finalmente, o julgamento - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 08/06



Passados exatos sete anos da revelação de que o PT comprava deputados para apoiar o governo Lula, na quarta-feira o Supremo Tribunal Federal (STF) marcou o início do julgamento dos envolvidos no maior escândalo político do Brasil contemporâneo, chamado mensalão por aludir à regularidade dos subornos. A coincidência dá argumentos aos muitos que deploram a lentidão da Justiça, exacerbando o risco da prescrição das penas pedidas para os acusados. Neste caso, ressalve-se que a primeira etapa do rito judicial foi cumprida com celeridade. Já em 30 de março de 2006, 9 meses depois, portanto, da notícia do escândalo, e antecipando-se em 13 dias à apresentação do relatório final da CPI dos Correios, com as suas devastadoras conclusões, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou ao STF 40 envolvidos com a "sofisticada organização criminosa" chefiada, segundo ele, pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Em agosto do ano seguinte, por unanimidade, o Supremo aceitou a denúncia.

Os 38 réus finalmente começarão a ser julgados em 1.º de agosto e, se tudo correr bem, receberão as suas sentenças ainda em setembro. Do rol inicial, o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, que ganhou notoriedade ao se descobrir que tinha ganho um Land Rover de uma empresa contratada pela Petrobrás, valeu-se do instituto jurídico da "suspensão condicional do processo" para livrar-se da ação em troca da prestação de serviços comunitários. Outro indiciado, o ex-deputado do PP paranaense José Janene, suspeito de se beneficiar de mais de R$ 4 milhões das empresas do publicitário Marcos Valério de Souza, o operador do mensalão, faleceu em 2010. Em julho do ano passado, o procurador-geral Roberto Gurgel pediu a condenação de 36 réus e a absolvição dos 2 restantes, por falta de provas. Um, o ex-titular da Secretaria de Comunicação do Planalto Luiz Gushiken, acusado de liberar R$ 23 milhões para uma empresa de Marcos Valério. Outro, o assessor parlamentar Antonio Lamas, acusado de lavar dinheiro.

A marcação do julgamento partiu da premissa de que o revisor do processo, ministro Ricardo Lewandowski, entregará o seu parecer até o final do mês. O relator da ação, ministro Joaquim Barbosa, concluiu o seu texto em dezembro passado. Ele será o primeiro a falar no julgamento. Dos 11 membros do STF, 2 poderão não participar dos trabalhos, ou não participar deles até o fim. O ministro Cezar Peluso terá de se aposentar no início de setembro, ao completar 70 anos. (Se o julgamento ficasse para o ano que vem, como não faltou quem pretendesse, também o atual presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, seria excluído, pela mesma razão.) E o ministro José Antonio Dias Toffoli poderá se declarar impedido: ele advogou para o PT e para o governo Lula. Com 11, 10 ou 9 magistrados, o Supremo terá de mostrar ao País que o tempo entre a denúncia e o julgamento não foi desperdiçado - eles sofreram pressões, envolveram-se em querelas, enfrentaram chicanas, mas estão maduros para dar as suas sentenças com conhecimento de causa e a isenção possível nesse campo minado.

Com a "faca no pescoço", para repetir a expressão usada pelo ministro Lewandowski quando da abertura da ação penal, o STF sempre esteve - e não poderia deixar de estar - em um caso sem precedentes e com tamanhas implicações políticas. Destas, a principal, sem dúvida, diz respeito aos limites éticos às práticas dos governantes para se perpetuar no poder. A menos que se aceite a última versão de Lula de que o mensalão foi "uma farsa" - na primeira versão ele reconheceu a lambança e pediu desculpas aos brasileiros -, na sala de sessões do Supremo estará em jogo o direito da sociedade brasileira de ter governantes que não admitam que os seus mandem às favas os possíveis escrúpulos de consciência na conquista de maiorias parlamentares. Perto disso é detalhe se o julgamento influirá ou não nas eleições municipais marcadas para 7 de outubro - ou, para ir ao ponto, se o PT terá de pagar nas urnas o que eventualmente os companheiros tiverem de pagar à Justiça por seus atos. O que interessa ao País é que, no dia 1.º de agosto, o vale-tudo pela hegemonia política estará no banco dos réus.

Copa! Corno devia pagar meia! - JOSÉ SIMÂO

FOLHA DE SP - 08/06

Como me disse um taxista ontem: "Bom habeas corpus, bom feriado". O taxista tá certo!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Feriadão de Corpus Christi! Ou, como me disse um taxista ontem: "Bom habeas corpus, bom feriado". O taxista tá certo! Feriado é um habeas corpus!
E só se comenta esse predestinado da semana: delegado do caso Yoki, Jorge CARRASCO! Socorro! Medo! Pânico! O caso é tenebroso, e o delegado é carrasco. E o nome do perito criminal? Ricardo Salada!
E atenção! Boa Notícia! Manchete do Piauí Herald: "Alckmin anuncia rodízio de arrastões". Vai ser o ROUBODÍZIO! Só neste ano foram 14 arrastões em restaurantes! Bagurança Pública! Rodízio de Arrastão!
Às terças, arrastão em pizzaria. Às quartas, em bistrôs, às quintas, em churrascaria, às sextas, em restaurante que serve risoto de galinha-d'angola com espuma de cupuaçu. Aos domingos, arrastão no Cu do Padre. Aquele atrás da igreja! Rarará.
E, com o preço dos restaurantes, acho que os ladrões levam menos do que a conta. Os restaurantes em São Paulo são tão caros que, quando chega a conta, é que é o arrastão! Arrastão é a conta.
Quando chega a conta, o garçom grita: "ARRAASTÃO!". Rarará. O arrastão começa no couvert! Rarará! E arrastão é coisa de cidade sem lei! Do tempo em que a Colômbia era perigosa!
E adorei esta: "Para contrariar a Fifa, Dilma libera meia-entrada na Copa". Se é pra contrariar a Fifa mesmo, a Dilma devia liberar meia-entrada pra corno! Meia-entrada pra corno, idoso e estudante. Ia levar a Fifa à falência!
E sobre a CPI eu só posso declarar que o Marconi continua a Perillo! E diz que o Lula foi ao Ratinho e deu no DNA: pai do mensalão. Rarará.
E o Serra Vampiro Anêmico? Tá fazendo aliança com o lixo da Dilma! Com aqueles ministros que a Dilma demitiu. Demitidos em Brasília e readmitidos em São Paulo.
Tá trazendo lixo pra São Paulo. Na realidade, o Serra tá reciclando o lixo da Dilma. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
E o Lulalelé? Adorei a charge do Duke com o Lula no médico: "Quando eu falo, minha garganta ainda dói". "Nossos ouvidos também." O Lula no médico. O médico: "Grita A". E o Lula: "AAAADDAD!" Rarará!
E trabalhar em feriadão dá gastura, cobreiro de pé, calo seco, zumbido no zovido, ovo virado e dor nas costas que responde no pé! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Real crise europeia: falta de poder - MOISÉS NAÍM

FOLHA DE SP - 08/06


A crise econômica segue na Europa porque não existe nenhum líder hoje que tenha poder para contê-la

Por que a crise europeia continua a se agravar e se prolongar? Por ignorância? Concentração excessiva do poder nas mãos de poucos? Por que os que deveriam tomar decisões não têm poder para tanto? Creio que a resposta seja uma diabólica combinação desses três fatores.
Ignorância. Nem os governos nem os especialistas estão de acordo quanto ao que fazer. A segurança com a qual economistas famosos recomendam como os governos deveriam agir contrasta com os erros de suas previsões e interpretações, antes e durante a crise.
Andrew Lo, economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, publicou uma resenha na qual compara os 21 livros mais influentes sobre a crise. A conclusão: "Desse amplo e contraditório conjunto de interpretações não emerge uma narrativa única; a grande variedade de conclusões... enfatiza a desesperada necessidade de que os economistas profissionais cheguem a acordo sobre um conjunto de dados comum, com base no qual seja possível construir inferências e narrativas mais precisas".
Se nem os melhores economistas conseguem chegar a acordo sobre os fatos e os dados relevantes quanto à crise, não deveríamos nos surpreender que tampouco estejam de acordo quanto ao que fazer para sair dela. Mas eles não se deixam abalar. A crise revelou que a arrogância intelectual é um dos riscos ocupacionais dos economistas.
Poder demais nas mãos de poucos. A política tem muito a ver com o que está acontecendo, e falar de política é falar de poder. Alguns poucos governos e instituições financeiras evidentemente ganharam muito poder. Angela Merkel, por exemplo. Ou o Banco Central Europeu (BCE). Ou os grandes fundos de hedge e bancos.
Mas esse grande poder até agora não vem sendo suficiente para impor soluções. Serve apenas para frear as iniciativas que não lhes convêm ou para explorar as oportunidades criadas pela crise.
Merkel e a Alemanha não têm o poder para manter sua posição, e os grandes bancos podem apenas reagir. A capacidade de decisão da Europa está estrangulada pela multiplicidade de centros de poder com capacidade de vetar decisões.
Poder de menos nas mãos de muitos. Um aspecto paradoxal e contraditório do poder em nosso tempo é sua escassez, precariedade e transitoriedade. Mesmo os mais poderosos encontram fortes limitações para exercê-lo. E além disso o perdem com frequência inusitada, sendo substituídos por rivais, colegas ou surpresas que surgem subitamente. Repito: nem a poderosa Merkel pode fazer tudo que deseja.
Suas opções são limitadas por uma miríade de micropoderes que não têm força para impor seus desejos, mas podem limitar os dos poderosos. Nem os líderes das finanças podem dormir tranquilos, supondo que seus cargos e instituições estejam à salvo da turbulência.
O poder está muito fragmentado, e a crise europeia é prova clara. Até mesmo aqueles que têm mais poder só podem influir de maneira tênue e indireta em sua evolução. A crise segue porque na Europa não existe quem tenha poder para contê-la.
Tradução de Paulo Migliacci

Lula e nosso futuro comum - FERNANDO GABEIRA


O Estado de S.Paulo - 08/06


O ponto de partida é uma frase de Lula: "Não deixarei que um tucano assuma de novo a Presidência". Lembro, no entanto, que não sou de pegar no pé de Lula por suas frases. Cheguei a propor um "habeas língua" para o então presidente na sua fase mais punk, quando disse que a mãe nasceu analfabeta e que se a Terra fosse quadrada a poluição não circularia pelo mundo. Lembro também que hoje concordo com o filósofo americano Richard Rorty: não há nada de particular que os intelectuais saibam e todo mundo não saiba. Refiro-me à ilusão de conhecer as leis da História, deter segredos profundos sobre o que dinamiza seu curso e dominar em detalhes os cenários futuros da humanidade.

Nesse sentido, a eleição de Lula, um homem do povo, sem educação formal superior, não correspondeu a essa constatação moderna de Rorty. Isso porque, apesar de sua simplicidade, Lula encarnava a classe salvadora no sonho dos intelectuais, via luta de classes como dínamo da História humana, e traçava o mesmo futuro paradisíaco para o socialismo. Na verdade, Lula falava a linguagem dos intelectuais. Seus comentários que despertaram risos e ironias no passado eram defendidos pelos intelectuais com o argumento de que, apesar de pequenos enganos, Lula era rigorosamente fundamentado na questão essencial: o rumo da História humana.

A verdade é que a chegada do PT ao poder o consagrou como um partido social-democrata e, ironicamente, a social-democracia foi o mais poderoso instrumento do capitalismo para neutralizar os comunistas no movimento operário. São mudanças de rumo que não incomodam muito quando se chega ao poder. O capitalismo é substituído pelas elites e o proletariado salvador, pelos consumidores das classes C e D. Os sindicalistas vão ao paraíso de acordo com os critérios da cultura nacional, consagrados pela canção: É necessário uma viração pro Nestor,/ que está vivendo em grande dificuldade.

Se usarmos a fórmula tradicional para atenuar o discurso de Lula, diremos que o ex-presidente queria expressar, com sua frase sobre um tucano na Presidência, que faria todo o esforço para a vitória do seu partido e para esclarecer os eleitores sobre a inconveniência de eleger o adversário. Lula sabe que ninguém manda no processo eleitoral. São os eleitores que decidem se alguém ocupará a Presidência. Foi só um rápido surto autoritário, talvez estimulado pelo tom de programa de TV, luzes e uma plateia receptiva.

Se o candidato tucano for, como tudo indica, o senador Aécio Neves, também eu, em trincheira diferente da de Lula, farei todo o esforço para que o tucano não chegue à Presidência. Aécio foi um dos artífices na batalha para poupar Sérgio Cabral da CPI e confirmou, com essa manobra, a suspeita de que não é muito diferente do PT no que diz respeito aos critérios de alianças e ao uso da corrupção dos aliados para fortalecer seu projeto de poder. Tudo o que se pode fazer, porém, é tornar clara a situação para o eleitor, pois só ele, em sua soberania, vai decidir quem será o eleito.

Na verdade, essa batalha será travada também na esfera da economia. Vivemos um momento singular na História do mundo. A crise mundial opõe defensores da austeridade, como Angela Merkel, e os que defendem mais gastos e investimentos, dentro da visão keynesiana de que a austeridade deve ser implantada no auge do crescimento, e não durante o período depressivo. O PT dirigiu o País num período de crescimento e muitos gastos, não tanto no investimento, mas no consumo. É possível que esse modelo de estímulo à economia tenha alcançado seus limites.

Muito possivelmente, ainda, o curso dos acontecimentos não dependerá tanto da vontade de Lula nem dos nossos esforços individuais. A democracia prevê alternância no poder. E a análise de como essa alternância se dá na prática revela, em muitos casos, uma gangorra entre austeridade e gastança. De modo geral, a crise derrota um governo austero e coloca seu oposto no poder, como na França. Mas às vezes derrota um governo social-democrata e elege seu adversário direto, como na Espanha.

Pode ser que o esgotamento do modelo de estímulo ao consumo abra espaço para discurso de reformas fiscal e trabalhista, de foco em educação e infraestrutura, enfim, de uma fase de austeridade. E não é totalmente impossível que um partido de oposição chegue ao governo. Restaria ao PT, nesse caso, um grande consolo: ao cabo de um período de austeridade, o partido teria grandes chances de voltar ao poder com seu discurso do "conosco ninguém pode", do "vamos que vamos", "nunca antes neste país"... Não estou afirmando que esse mecanismo vai prevalecer, é uma das possibilidades no horizonte. A outra é o próprio PT assumir algumas das diretivas de austeridade e conduzir o processo sem necessariamente deixar o poder.

Por mais que a crise seja aguda, o apelo ao consumo e à manutenção de intensas políticas sociais é muito forte na imaginação popular. O discurso de austeridade só tem espaço eleitoral quando as coisas parecem ter degringolado.

O futuro está aberto e não será definido pela exclusiva vontade de Lula. Com todo o respeito ao Ratinho e sua plateia, o povo brasileiro é mais diverso e complexo. Se é verdade que a História não se define nas academias intelectuais, isso não significa que ela tenha passado a ser resolvida nos programas de auditório.

No script do socialismo real o proletariado foi substituído pelo partido, o partido pelo comitê central e o comitê central por um só homem. No script da social-democracia tropical Lula substituiu o proletariado, o partido, o comitê central e o próprio povo brasileiro ao dizer que não deixará um tucano voltar à Presidência. Se avaliar com tranquilidade o que disse, Lula vai perceber que sua frase não passa de uma bravata.

O que faz um homem tão popular e bem-sucedido bravatear no Programa do Ratinho é um mistério da mente humana que não tenho condições de decifrar. A única pista que me vem à cabeça está na sabedoria grega: os deuses primeiro enlouquecem aqueles a quem querem destruir.

China diferente - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 08/06

Os indicadores da China ainda são exuberantes mas avisam que a economia está diferente. O país está passando por uma transição política complexa, a crise mundial está reduzindo a demanda por seus produtos, e o governo adiou a adaptação dos bancos chineses às novas regras de controle aceitas internacionalmente. O embaixador Sérgio Amaral entende que nada disso é fratura ou ruptura, mas é uma desaceleração que afeta o Brasil.

Há algo de novo no reino dos indicadores chineses. Quando se olha para a indústria e o comércio, por exemplo, as taxas são fortes. A indústria teve o menor crescimento dos últimos três anos em abril, mas subiu 9,3%. As vendas do varejo desaceleraram no mesmo mês, mas cresceram 14,1%. Difícil dizer que os números são ruins. Na balança comercial, no entanto, os números começam a ficar parecidos com os de outros emergentes: nos primeiros quatro meses de 2012, as exportações cresceram 6,9% e as importações, 5,1%. No mês de abril, subiram 4,9% e 0,3%, respectivamente. Será que isso deveria ser sinal de alerta para o Brasil?

A resposta é: sem dúvida. As exportações brasileiras para a China crescem a dois dígitos há mais de dez anos. Em 2003, subiram 73%. Isso tem impulsionado nossa economia. Até no ano da crise, em 2009, o Brasil exportou 27% a mais para a China. Em 2011, a alta foi expressiva: 43%. Nos primeiros quatro meses foi de apenas 7,61%.

Esses números chamam atenção para o fato de que o Brasil é China-dependente. Além de ter um comércio muito concentrado em alguns produtos. Minério de ferro, soja e petróleo são 80% do que o Brasil vende. O minério de ferro viveu nos últimos anos um extraordinário boom no volume de vendas e no patamar de preços. Agora, o FMI está prevendo redução. Os preços continuarão altos, mas em níveis decrescentes. Veja no gráfico abaixo o quanto o Brasil foi beneficiado nos últimos anos e a desaceleração prevista pelo Fundo.

- A economia chinesa está sofrendo dois impactos. Um da economia mundial, que está fraca e com demanda menor. Isso significa menos consumo de produtos chineses. O outro impacto é interno. A China está fazendo uma conversão na sua economia, mais focada no mercado interno. O chinês quer melhorar de vida, quer mais salário - diz o embaixador Sérgio Amaral, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China.

Ele conta que foram feitos muitos investimentos em infraestrutura que não se mostraram necessários. O investimento teve que ser reduzido, e ele, em parte, é que puxava o crescimento de dois dígitos. Tem havido também mais integração comercial e econômica dentro da Ásia. Eles estão integrando suas cadeias e assim crescem juntos: China, Índia, Indonésia. Muitos produtos são às vezes apenas terminados na China.

Além do mais, conta o embaixador, a China não quer apenas produzir em série para exportar, quer inovar também. Trocar o "made in China" para o modelo de produto desenvolvido na China, reproduzindo o caminho de outros países asiáticos, como o próprio Japão e, depois, a Coreia. Além do mais, continuar crescendo principalmente via exportações num mundo onde tantos países desenvolvidos estão encolhendo ou estagnados é difícil:

- Mas nada disso é sinal de fratura, de ruptura do modelo econômico. Tudo indica uma desaceleração que manterá o país crescendo entre 6% a 8% ao ano. O Brasil será afetado porque a demanda chinesa pelos nossos produtos será menor. Não que ela vá comprar menos, mas o ritmo de crescimento será menos intenso. Isso terá reflexo na nossa balança. Por sorte nossa, o chinês do interior continuará migrando para as cidades, demandando alimentos e infraestrutura.

Uma China diferente traz sempre inúmeras dúvidas no mundo. Uma das questões é até onde o comando do Partido Comunista sobre o país será tão incontrastável quanto tem sido. Numa sociedade mais aberta as manifestações de pessoas que pensam de forma diferente do que o governo gostaria tendem a ser mais frequentes.

Quanto ao Brasil, deve se preparar para o novo passo chinês e o melhor é ver os próprios problemas:

- Os problemas do Brasil vêm de dentro e não de fora. Temos uma dificuldade séria de competitividade industrial que não está sendo combatida. Nossa estratégia tem sido proteger a indústria e não dar condições para que ela consiga competir. Temos uma plataforma de produção cara no país. Isso continua, apesar da queda dos juros e da desvalorização do real.

Que o Brasil mude, antes que a China mude demais.

UM PONTO A MAIS - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 08/06

O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) estuda adotar sistema de inclusão para o funcionalismo público -mas não necessariamente baseado em cotas. Encomendou à Secretaria da Justiça de SP trabalho que já foi concluído e enviado a seu gabinete. Ele sugere que seja adotado nos concursos públicos um bônus na nota de candidatos que se declarem negros, pardos e indígenas.

ESPELHO

O sistema sugerido ao governador pela secretária Eloisa de Sousa Arruda é o mesmo que foi adotado pela Unicamp (Universidade de Campinas). A escola dá até 7% de bônus nas notas para negros, pardos e indígenas. Mas não reserva vagas exclusivas para esses alunos.

ASSINO EMBAIXO

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) disparou para milhares de pessoas e-mail com artigos em que é elogiada por não "obedecer" ao ex-presidente Lula, resistindo a se engajar na campanha de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de SP. Entre eles está texto de Eliane Cantanhêde, da Folha: "Marta sempre gostou de Lula e foi fiel a ele, não se pode dizer que a recíproca seja totalmente verdadeira", escreveu a colunista.

TÔ AQUI

A pesquisa da OAB divulgada recentemente pelo instituto Ipespe foi encomendada pelo advogado Henrique Alvarez, de Bauru. Ele não assumiu a contratação do levantamento. Mas, depois de liminar obtida na Justiça pela OAB do Rio de Janeiro, seu nome foi enfim divulgado.

TÔ AQUI 2

A pesquisa causou reação em candidatos à presidência de OABs seccionais que não foram incluídos nela. Em SP, protestaram Ricardo Sayeg e Rosana Chiavassa. No levantamento, 73% dos entrevistados em SP disseram que ainda não sabem em quem vão votar. Alberto Toron apareceu com 10%, seguido de Marcos da Costa, com 6%, e Raimundo Hermes, com 5%.

SEM FUMAÇA

O saxofonista Charles Lloyd, que se apresenta no BMW Jazz no domingo, no Via Funchal, pediu para a produção solicitar a quem trabalha na organização do festival para que ninguém fume perto dele.

O músico já passou por duas cirurgias de garganta e não pode ter nenhum contato com fumaça.

QUEM DÁ MAIS?

A renda familiar gira em torno de R$ 3.619 para o setor público contra R$ 2.051 da população brasileira em geral. Já a média salarial é de R$ 1.657 e 1.064, respectivamente. Juntos, Aeronáutica, Exército, Marinha, Polícia Militar, bombeiros, policiais civis e professores têm 3,3 milhões de integrantes, ou 32% do total de funcionários públicos do país. O levantamento foi feito pela consultoria Tendências.

E SHAKIRA NÃO APARECEU
O assunto da noite no casamento de Tammy Kattan e David Safra, filho de Joseph e Vicky Safra, anteontem, em SP, era o megashow que Shakira daria na festa. "Eu não estava 'overexcited' [muito empolgado], porque já vi apresentações dela fora do Brasil. Não é lá essas coisas. Mas só se falava nisso, 'o show da Shakira', o 'show da Shakira'", diz um empresário que estava na celebração.

Convidados já exaustos ocupavam a pista de dança, às 2h, para esperar a aparição da estrela. O cenário montado por arquitetos franceses em um terreno em Cidade Jardim para abrigar os 1.700 amigos da família Safra estava apinhado de gente.

Mas, decepção: até aquela hora, Shakira não deu as caras. O grupo holandês Hermes House Band embalou o baile. "Tocavam música de casamento, essas coisas", diz o mesmo empresário convidado. "Mas não dá para reclamar. O casamento foi maravilhoso, a decoração inacreditável, uma exuberância e uma fartura à la Safra."

Em compensação, foi um desfile de estrelas brasileiras: Roberto Justus e Faustão, Fernando Haddad e Marta Suplicy, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, o banqueiro Andre Esteves e o empresário Michael Klein, Luiza Brunet, os médicos Roberto Kalil Filho e Claudio Lottenberg confraternizavam-se em torno do casal.

Os longos e as joias das mulheres foram uma atração à parte. O ponto curioso da noite ficou por conta do prefeito Gilberto Kassab e do ex-governador José Serra: a festa era 'black tie'. Mas os dois foram de terno.

CURTO-CIRCUITO

O músico Edgard Scandurra e a cantora Lia Paris se apresentam no Baretto, na terça, 12. 18 anos.

A peça "The Pillowman - O Homem Travesseiro" estreia hoje no teatro Viga Espaço Cênico, às 21h. Classificação: 14 anos.

Cauby Peixoto faz show do álbum "A Voz do Violão", hoje, às 21h, no Auditório Ibirapuera. Livre.

O fotógrafo Roberto Villa participa hoje de conferência na "Mostra Pasolini", no MIS, a partir das 18h30.

O espetáculo "As Suplicantes" estreia hoje, às 21h, no Club Noir, na rua Augusta. 16 anos.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA

Baixo crescimento - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 08/06
O corte da taxa básica de juros anunciado de surpresa pelo Banco Central da China, para estimular o crescimento econômico através do consumo interno, é movimento similar ao que vem sendo feito no Brasil a partir do governo Dilma para enfrentar a crise econômica internacional.
Anteriormente, a partir do início da crise, em 2008, a China havia investido pesadamente em obras públicas, coisa que o Brasil ainda está para fazer.

A China começou este ano uma política de "pouso suave" num mundo em crise, preparando-se para um crescimento médio de 7% do PIB nacional, bem abaixo dos dois dígitos das últimas décadas, mas com metas que incluem promoção do consumo, redução das diferenças sociais pela melhoria do salário mínimo e eficiência energética.

Mais urbana que rural, a China, com seu 12 Plano Quinquenal, em vigor desde março do ano passado, tem o objetivo de fazer migrar seu padrão de desenvolvimento para indústrias avançadas e desenvolvimento tecnológico, em busca do que classifica de "harmonização da sociedade".

O economista Carlos Geraldo Langoni, ex-presidente do Banco Central do Brasil e atual diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, analisa em recente trabalho que o Brasil, em contraste com a China, não tem capacidade de utilizar o investimento público como eficiente instrumento anticíclico.

Além das limitações orçamentárias, existem inúmeras restrições burocráticas "envolvendo regras rígidas de licitações e licenciamentos ambientais que retardam sobremaneira a execução de projetos essenciais para a modernização da infraestrutura".

Os investimentos públicos caíram cerca de 2,7% em termos reais neste 1º quadrimestre. Langoni destaca que, em alguns setores-chave, como energia e telecomunicações, novas exigências de conteúdo nacional elevam o custo e podem limitar a participação do setor privado.

Para o economista da Fundação Getulio Vargas, a alternativa seria flexibilizar essas regras, reduzir impostos e anunciar uma onda de concessões a fim de assegurar a retomada de um padrão de desenvolvimento liderado pelo investimento.

Embora a presidente Dilma, repetindo o que fizera seu inspirador político, o ex-presidente Lula, tenha afirmado em discurso recente que "quem aposta na crise, como há quatro anos, vai perder de novo", Langoni diz que os resultados são decepcionantes, mas não se constituem em grande surpresa nem em fato isolado.

A desaceleração dos países que ele classifica de superemergentes - China, Índia e Brasil - vem sendo observada a partir de março de 2010, sendo que a única exceção é a Rússia, devido ao comportamento, até há pouco tempo favorável, do preço do petróleo.

O baixo crescimento da economia brasileira, o menor entre os Brics e inferior à média mundial, alimenta o debate sobre a sustentabilidade do desenvolvimento.

O curioso, lembra Langoni, é que, na saída da recessão de 2008/2009, a preocupação era com a ameaça de superaquecimento e as pressões inflacionárias.

Políticas restritivas foram, então, implementadas, e, em alguns casos, como na China e no Brasil, houve êxito na reversão desses desequilíbrios.

O efeito colateral, entretanto, foi o esfriamento da demanda doméstica, e o aprofundamento da crise europeia em 2011 amplificou a desaceleração da atividade econômica, fazendo com que o foco da política macro mudasse novamente para ação preventiva, na tentativa de minimizar o impacto deflacionário da economia mundial.

Para Carlos Langoni, esse stop and go das políticas macro dificultou o gerenciamento de expectativas.

"A redução dos juros pelo BC brasileiro a partir do 2º semestre de 2011 foi encarada com desconfiança, e hoje parece ter sido medida adequadamente", registra Langoni, mas se revelou insuficiente, porém, para impedir a "débâcle no crescimento", ainda que reforçada com estímulos fiscais seletivos.

A resposta da economia ao que Langoni chama de "ação anticíclica gradualista" tem sido lenta, em parte pela natureza das medidas, mas também pela onda pessimista vinda do exterior. Para ele, a demonstração da vulnerabilidade do sistema financeiro europeu levou os bancos privados brasileiros a adotar postura conservadora na concessão de empréstimos, especialmente para a pessoa física.

Langoni lembra a recente falência do Banco Cruzeiro do Sul, especializado em empréstimos consignados, teoricamente de risco mais baixo, como um "sinal objetivo" de que essa maior cautela fazia sentido.

No entanto, independentemente desses riscos, o governo acionou os bancos estatais, cuja oferta de crédito avançou 25% em abril: o dobro da média observada nas instituições privadas.

Carlos Langoni ressalta que essa postura ousada conta, implicitamente, com a proteção de mecanismos de recapitalização pelo Tesouro, que têm, entretanto, desdobramentos fiscais negativos.

Ao mesmo tempo, o consumo das famílias, "ainda que sustentado por ganhos reais de salário e beneficiado pela queda de juros reais", não tem força suficiente para elevar o crescimento potencial. Além disso, a alavancagem exagerada do crédito pode ser interrompida pelo recrudescimento das pressões inflacionárias.

No plano externo, a contribuição da balança comercial continuará a ser negativa. "O novo patamar da taxa de câmbio não foi suficiente para compensar a fraqueza da demanda externa e a queda no preço das commodities", analisa Langoni.

Com a aversão global ao risco, os fluxos de capitais vão se tornar cada vez mais seletivos e devem reagir negativamente à maior dosagem de intervencionismo estatal que vem sendo observada.

"A mudança do modelo não é tarefa simples, exigindo vontade e mobilização política para atacar questões estruturais que passam necessariamente pelo fragmentado Congresso Nacional", adverte Langoni, que prevê que o esgotamento da dinâmica do mercado interno precisará ser testado objetivamente no próximo ano: os cortes seletivos de impostos e a expansão forçada do crédito podem esbarrar nos limites impostos pela austeridade fiscal, pela inadimplência e pelas pressões inflacionárias.

"O sinal amarelo seria dado pela necessidade de o Banco Central voltar a elevar os juros a fim de evitar novo e elevado patamar dos preços."

Carlos Langoni lembra que a História brasileira ilustra que reformas só acontecem em momentos de crise aguda. "Ainda não chegamos a esse estágio", diz ele, sugerindo que o cenário de baixo crescimento poderá se estender por mais alguns anos.

Encontro marcado - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 08/06


Cumprido o prometido, o Supremo Tribunal Federal marcou para breve (1.º de agosto próximo) o início do julgamento do processo do mensalão.

O decano Celso de Mello, encarregado de levar a proposta do cronograma ao colegiado, pondera que o cumprimento do prazo depende de o ministro revisor entregar seu voto ainda neste mês.

A julgar por suas palavras - "Vou fazer o voto revisor mais rápido da história e entregar antes do fim do semestre" - Ricardo Lewandowski não será empecilho.

Cessam, portanto, as pressões e as desconfianças sobre um atraso proposital para deixar o exame do caso para depois das eleições, a fim de que não se "misturassem" assuntos de política eleitoral com questões judiciais.

Fechado um ciclo, abre-se outro decorrente da inevitável discussão sobre os efeitos das sentenças finais sobre o desempenho do PT nas urnas municipais e o destino do partido.

São 38 acusados de participar de um esquema em que foram tipificados vários crimes na denúncia do Ministério Público, mas que pode ser resumido no uso de dinheiro de origem suspeita (pública ou privada) para o pagamento de parlamentares a serem cooptados ou já integrantes da base do governo Lula.

Em 2005 o escândalo abalou as estruturas do PT, derrubou a então direção e só não levou o presidente a desistir de disputar a reeleição por obra de uma negociação com a oposição que achou arriscado criar uma crise.

Avaliou que Lula não se recuperaria politicamente e perdeu autoridade moral quando manteve Eduardo Azeredo na presidência do PSDB após a descoberta de que o operador do esquema, Marcos Valério de Souza, já atuara na eleição dele para o governo de Minas Gerais.

Não obstante o brutal desgaste, Lula conseguiu se reeleger. Assim, assim, em segundo turno, concorrendo com um Geraldo Alckmin quase desconhecido no plano nacional e de atributos pessoais, digamos, mornos.

Reeleito, construiu a mais espetacular recuperação já vista, passando a ocupar posto de ponta no panteão dos intocáveis. Mas o fez ao custo de muita mistificação sustentada em situação de céu de brigadeiro na economia.

Agora se aproxima a data do encontro marcado com a verdade. O Supremo estabelecerá culpas e inocências - não obstante possa também indicar apenas culpados ou só inocentes - e a partir das sentenças é que o País verá se Lula o enganou ou se tinha razão ao considerar-se e ao partido vítimas de uma "farsa".

Em caso de vitória da acusação, estarão ambos em maus lençóis, embora talvez não em enrascada sem saída, dada a capacidade de articulação do PT, a consolidação de uma hegemonia que o partido soube construir em todos os setores e principalmente em face da ausência de contraditório de identificação popular equivalente.



Se, contudo, prevalecer a tese da defesa ou se o Tribunal julgar insuficientes as provas materiais, circunstanciais e testemunhais existentes nos autos, o PT se fortalece e o País terá pela frente sabe-se lá mais quantos anos sem alternância no poder.

Rindo à toa. Há duas hipóteses para as exibições de entusiasmo dos tucanos paulistas à resistência da senadora Marta Suplicy em ceder aos apelos para mergulhar na campanha de Fernando Haddad: podem ser manifestações isoladas ou fruto de "bolação estratégica" com vistas a usá-la como quinta-coluna.

Em ambas materializa-se um surto de tolice aguda. Mas a segunda é bem pior para a qualificação, ou desqualificação, dos estrategistas do PSDB.

Corpo mole. Sindicatos reagem contra e Poderes retardam a divulgação dos salários dos servidores, com base na Lei de Acesso à Informação.

Não faz sentido. Se o funcionário é público e o dinheiro que recebe idem, a publicidade é decorrência óbvia. Além de determinação expressa no artigo 37 da Constituição sobre os princípios que regem a administração pública.

É agora, mas logo agora? - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 08/06


BRASÍLIA - Se Lula pretendia mesmo adiar o julgamento do mensalão, pode ter conseguido exatamente o oposto depois do vazamento de seu, digamos, curioso encontro com o ministro Gilmar Mendes.

Tomado em brios, o Supremo decidiu por unanimidade iniciar o julgamento em 1º de agosto e, assim, dar uma prensa no revisor Ricardo Lewandowski, que está sentado em cima do processo há meses. Queira ou não, vai ter de apresentar seu parecer até o fim deste mês.

Derrota de Lula e do PT, pois confirmou-se a pior previsão para o partido: a coincidência do julgamento do maior escândalo do governo Lula com a campanha eleitoral.

Será um longo processo, com 38 réus, voto do relator, voto do revisor e 11 juízes -se Dias Toffoli não se considerar impedido. E tem data para começar, não para terminar. Esse não é um detalhe e tem imensas implicações práticas e políticas.

Uma delas é que dois ministros, o atual e o ex-presidente, Carlos Ayres Britto e Cezar Peluso, têm tempo de validade. Um completa a idade-limite de permanência no tribunal, 70 anos, em novembro. O outro, já no início de setembro. Ninguém acha que seria conveniente julgar um caso dessa magnitude, num complexo ambiente político, com dois novatos na corte.

A outra é o possível impacto das acusações e dos votos do STF nos resultados das eleições. Imagine a situação: as mesmas TVs que vão mostrar Lula fazendo campanha e os candidatos do PT vendendo seu peixe no horário eleitoral vão, simultaneamente, transmitir as longas acusações no STF contra a cúpula histórica do partido, José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares...

Sem contar que eles correm o sério risco de serem traumaticamente condenados às vésperas da eleição.

Ou seja: o julgamento tem de ser agora, mas parece injusto com um dos mais importantes partidos do país que seja justamente agora.

Abertura da informação: ainda falta a Constituição - WASHINGTON NOVAES


O Estado de S.Paulo - 08/06


O caldeirão está fervendo com notícias sobre abertura ou publicação de informações em várias áreas, como decorrência, desejada ou não, da Lei de Acesso à Informação, já avalizada pela presidente da República, mas ainda dependendo de regulação pelo Ministério do Planejamento. É polêmica já antiga - embora não resolvida - no Brasil. E que, na verdade, prospera por falta de certas definições constitucionais.

A Câmara dos Deputados e o Senado já decidiram que passarão a divulgar os vencimentos de seus servidores. A presidente da República mandou, por decreto, divulgar os do Executivo. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria-Geral da República manifestam disposição de acompanhar esse procedimento. A ministra Cármen Lúcia Rocha, do STF e do Tribunal Superior Eleitoral, divulgou no site oficial o valor de seus contracheques. O governo de São Paulo anunciou que só dará informações dessa área na internet.

Entidades de classe de servidores públicos e de magistrados protestaram contra a divulgação, sob a alegação de que esse caminho "expõe a intimidade do servidor", pode torná-lo vítima de extorsões e sequestros relâmpagos. E que "a corrupção não está nos contracheques". Retrucou a Controladoria-Geral da União (Estado, 18/5) que a informação sobre salário não é de caráter estritamente pessoal, já que ele é pago com recursos públicos - por isso o cidadão que paga impostos tem "legítimo direito" de saber a que se destinam os recursos decorrentes desse pagamento.

Já o presidente do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região chega a defender a criação do "habeas mídia", segundo ele (Estado, 15/4), necessário para "impor limites ao poder de certa imprensa" e que "servirá ao povo brasileiro que se encontra à mercê de alguns bandoleiros de plantão, alojados sorrateiramente nos meandros de certos poderes midiáticos no Brasil e organizados por retórica hegemônica, de caráter indisfarçavelmente nazi-fascista". Para completar, o ex-ministro general Leônidas Pires Gonçalves ataca a Lei de Acesso à Informação, com o temor de que se chegue à revogação da Lei da Anistia e à punição de militares acusados de tortura (Estado, 18/5). Em Minas Gerais, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pretende levar à Comissão da Verdade pedido de reabertura de investigações sobre as circunstâncias da morte do falecido presidente Juscelino Kubitschek (Estado, 20/5).

É tema cercado por controvérsias, como lembrou a este jornal (18/5) o assessor de Informação da Unesco para o Mercosul e Chile, Guilherme Canela, observando que "muitas democracias" já optaram pela publicação, "sem grandes repercussões negativas para os funcionários individualmente e com repercussões positivas para a sociedade". Mas a Argentina, por exemplo, chegou a aprovar no Legislativo, com quatro anos de prisão para o autor, medida contra a divulgação de qualquer tipo de informação "que não esteja destinada à publicação". O Parlamento britânico criou regras severas para conflitos entre meios de comunicação e pessoas por eles focalizadas - incluindo direito à privacidade em assuntos particulares, direito a resposta, obrigação de o jornalista se identificar como tal ao buscar informações, etc. Os Estados Unidos criaram (e têm reduzido) limitações à propriedade simultânea de mais de um meio de comunicação.

Na verdade, é tema antigo e apenas parte de uma questão maior, raramente tratada por aqui, que é o direito da sociedade à informação - que não se confunde com liberdade de pensamento nem com ausência de censura, é mais amplo. Porque a igualdade entre todos os cidadãos na possibilidade de acesso à informação é - ou deveria ser - um dos pressupostos básicos de uma sociedade verdadeiramente democrática. E se é assim, se informação é poder, como se costuma dizer, então é preciso dar consequência e perguntar: a quem pertence, na prática, a informação? Se se estiver de acordo que ela pertence à sociedade e a cada indivíduo, chega-se à necessidade de inscrever esse direito dos cidadãos, entre os direitos da cidadania, na Constituição. Para que, em seguida, esse direito venha a ser protegido por leis que o regulamentem, estabeleçam seus limites, possam compatibilizá-lo com a propriedade privada dos meios de comunicação, etc. Em última análise, trata-se de definir e de limitar os formatos sociais de controle da informação (que, é preciso insistir, não se confundem com censura).

Já não há até países e órgãos de comunicação que criaram a figura do ombudsman, encarregado de fazer a crítica dos próprios jornais, ouvir as queixas dos leitores? A Alemanha não chegou a criar nas televisões públicas, para dirigi-las e orientá-las, conselhos com representação de partidos políticos, da chamada sociedade civil (sindicatos patronais e de empregados, igrejas, etc.) e de outras instituições?

Por aqui, pouco se tem avançado nessa direção. Há órgãos de comunicação que não respeitam direitos dos cidadãos, invadem sua vida privada, provocam danos ao patrimônio ou à honra. Como há órgãos - este jornal é um exemplo - vítimas durante mais de ano de censura imposta pelo Judiciário por transmitirem informações que podem e devem ser do domínio público, por serem um direito da sociedade.

É preciso avançar e chegar à Constituição. Para que não haja dúvidas quanto ao direito da sociedade à informação em questões que a afetam por vários caminhos. As polêmicas atuais, mencionadas no início deste artigo, não teriam lugar se um dispositivo constitucional as regulamentasse. É evidente que a sociedade tem o direito de saber da remuneração dos agentes públicos - como o poder tem a obrigação de protegê-los para que essa informação não os transforme em vítimas de crimes.

A democracia só terá a ganhar - e não a perder - com a abertura da informação, em termos definidos constitucionalmente. E com a proteção dos cidadãos contra qualquer abuso nessa área, público ou privado.

Em tom de filme bíblico - RUY CASTRO


FOLHA DE SP - 08/06

RIO DE JANEIRO - Atenção para o que vem por aí. Chuvas tremendas nos grandes centros, daquelas de desbarrancar encostas e arrastar todo mundo que viva pendurado nelas, matando por atacado e criando graves problemas de desabrigados, de trânsito e de fornecimento de água e energia. Tudo isso e ventos tipo tufão também castigarão as baixadas, as pequenas cidades e a zona rural, provocando enchentes avassaladoras e destruição de estradas, também com milhares de mortos e desabrigados. Escoada a água, a lama levará meses até ser retirada.

Já o aquecimento do planeta, além da degradação do solo provocada pela agropecuária, fará com que outras regiões conheçam as piores secas da história, com a morte de rios e lagoas, desertificação de terras e o fim de rebanhos inteiros por sede. Isso resultará em gigantescos deficit de abastecimento das cidades. Os eventos climáticos extremos, como dias de temperatura insuportavelmente alta, acontecerão com frequência cada vez maior.

Essa visão meio apocalíptica, em tom de filme bíblico americano dos anos 50, tem grandes chances de se tornar realidade. Contra todas as advertências, o homem está fazendo o possível para arruinar de vez o burgo que teve a infelicidade de abrigá-lo. É só atentar para certos números revelados há pouco pela ONU.

Em 2050, a população mundial (que hoje é de 7 bilhões) chegará a 9 bilhões, dos quais 6,3 bilhões viverão em cidades (quase o dobro dos 3,5 bilhões atuais). Significa que áreas do tamanho de vários países europeus somados serão desmatadas, urbanizadas e tomadas por automóveis, tendo a bordo uma nova e monumental classe média faminta de consumo, produtora de lixo e cega para as consequências de sua fúria predatória.

As alternativas para que isso não aconteça serão ouvidas na Rio+20, brevemente em cartaz.

Discussão encerrada no Código - ANTÔNIO ALVARENGA


O GLOBO - 08/06

A presidente Dilma Rousseff não cedeu à irresponsável campanha do "Veta Dilma" e sancionou o texto do novo Código Florestal, com alguns vetos e a edição de uma medida provisória. Os vetos já eram previstos. A MP veio ocupar os vácuos deixados pelos trechos suprimidos na sanção e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar alguns dispositivos.

A decisão governamental foi técnica, quando muitos dos partidários da campanha "Veta Dilma" sequer haviam lido quaisquer dos projetos a respeito do novo Código.

Alguns são conhecidos alarmistas, que fazem previsões catastróficas sem base científica. Outros são ingênuos, que divulgam inverdades, motivados por um romântico ideal conservacionista.

A posição do governo ficou no meio do caminho entre os interesses dos produtores e a pressão dos grupos denominados de "ambientalistas". Ou seja, ninguém ficará totalmente satisfeito.

De qualquer forma, em um ambiente democrático, todas as discussões são válidas e, mesmo que não proporcionem consenso, trazem um resultado final mais equilibrado.

Um dos pontos mais polêmicos do Código, que trata da recuperação das APPs às margens dos rios, determina uma preservação entre cinco e cem metros, conforme a largura do curso d"água e a dimensão da propriedade.

Neste caso, o governo optou por conceder um evidente privilégio aos pequenos produtores. O limite arbitrado, de cem metros, talvez seja tecnicamente adequado, embora pareça exagerado se comparado com as regras existentes em outros países.

O Cadastro Ambiental Rural é um dos aspectos positivos do novo Código Florestal. Associado à moderna tecnologia de monitoramento via satélite, ele possibilitará o acompanhamento de toda a situação fundiária e ambiental do país.

Outra inovação, muito bem-vinda, é a previsão de um programa de incentivo à conservação do meio ambiente, com a possibilidade de remunerar a prestação de serviços ambientais das atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas do país.

Em resumo, o bom-senso prevaleceu. Manteve-se um saudável equilíbrio entre a preservação ambiental e a produção rural. O novo Código Florestal proporcionará a recuperação de áreas degradadas e sem prejuízos à produção.

Infelizmente, o veto do Artigo 1 e o restabelecimento da redação que havia sido aprovada no Senado poderão criar alguma insegurança jurídica, tendo em vista eventuais interpretações divergentes em futuras questões judiciais.

No dia seguinte à publicação da MP o governo já fez uma alteração em seu texto, reduzindo as possibilidades de recomposição das APPs no caso especifico das propriedades acima de quatro módulos fiscais. Mais um privilégio para os pequenos produtores.

O agronegócio brasileiro, como um todo, é um setor moderno, eficiente e competitivo. A esmagadora maioria dos 5 milhões de produtores rurais brasileiros tem consciência da necessidade de preservação ambiental. Ninguém preza mais os recursos naturais do que eles. A deterioração de suas terras significa perda da capacidade produtiva e, consequentemente, de seu patrimônio.

Os resultados de nossa balança comercial são inequívocos. Em 2011, o agronegócio exportou mais de 94 bilhões de dólares, gerando um superávit superior a 77 bilhões de dólares. É difícil imaginar o que seria de nossa economia se não fosse esse vigoroso desempenho.

Superadas as discussões sobre o Código Florestal, é preciso desmistificar essa imagem ainda distorcida dos agricultores brasileiros, grandes responsáveis pelo desempenho de nossa economia. Produção e preservação caminham de braços dados, gerando riqueza dentro dos mais atuais conceitos de sustentabilidade.


França e Alemanha: divergências - GILLES LAPOUGE


O Estado de S.Paulo - 08/06



A chanceler alemã Angela Merkel deu uma lição de "boa gestão financeira" para a França do presidente François Hollande.

O presidente francês, desde sua eleição, repete que a Europa não conseguirá evitar o desastre financeiro recorrendo apenas à austeridade. Ao rigor deve ser acrescentado um outro elemento, "o crescimento".

A palavra de Hollande encontrou muito eco na zona do euro. Todos os países que obtiveram ajuda da União Europeia ou do Fundo Monetário Internacional (FMI) foram obrigados a adotar planos econômicos drásticos e quase suicidas: Grécia, Portugal, Espanha e Itália cortaram gastos, aumentaram impostos, reduziram salários, acabaram com os desperdícios, e o efeito foi automático, mecânico: a redução do crescimento. E, principalmente, a revolta dos pobres.

Esses países, portanto, adoraram Hollande, esse socialista que deseja que a Europa elabore planos não só para reduzir despesas, mas também para intensificar sua produção. A Alemanha, até agora, evitou assumir uma posição nesse debate. Mas esta semana ela o fez, por meio de um relatório do ministério alemão da Economia intitulado "Mais crescimento na Europa: empregos, investimentos, inovação".

O título do estudo parece, em princípio, aprovar as teses de Hollande, pois refere-se a "mais crescimento na Europa". Contudo, lendo suas páginas, observamos que, na realidade, Berlim rejeita, completa e cruelmente, a posição francesa e permanece aferrada à doutrina de Merkel: economia, austeridade, equilíbrio orçamentário, vigorosa redução das despesas, etc. Quanto ao crescimento, veremos mais tarde, quando as finanças públicas da Europa estiverem totalmente reabilitadas.

Bons alunos. O estudo alemão examina as medidas que, face à crise, os "bons alunos" do mundo ocidental aplicaram: Canadá, Finlândia, Alemanha, países bálticos. E explica o ponto comum a todos esses países: "por meio de uma consolidação favorável ao crescimento, os déficits foram reduzidos. Um crescimento vigoroso foi possível por causa das reformas do mercado de trabalho e resultou num aumento sustentável do número de empregos".

Em resumo, à receita de Hollande, de "atenuar a austeridade com estímulos ao crescimento", Merkel responde com sua receita mágica: "Austeridade! E mais austeridade. E o crescimento virá". O aviso de Merkel é dirigido não só para a França, mas para todos os países que, como a Grécia, não suportam mais a camisa de força, as algemas, as pulseiras eletrônicas, as câmeras de vigilância, a que a Europa foi submetida sob o reinado Merkel-Sarkozy.

Para deixar claro e afirmar que, apesar da chegada de um socialista na França, a salvação só pode vir do liberalismo, Merkel insiste: "É preciso tornar as empresas europeias mais eficientes, através das privatizações. É preciso liberar as forças do crescimento, especialmente liberalizando em todos os Estados o tráfego ferroviário."

Essa lição é um vexame para a França. E tanto mais porque, até agora, durante suas três semanas de governo, Hollande tem se contentado em fazer gentilezas para as classes desfavorecidas: aumento do salário mínimo, aumento da subvenção escolar, retorno da aposentadoria à idade de 60 anos no caso daqueles que começaram a trabalhar muito jovens. Por outro lado, para fazer economia, até aqui ele não forneceu nenhuma pista.

Uma única ideia foi apresentada para financiar esses "presentes" para as classes desfavorecidas. Foi sugerida, ingenuamente, pela secretária do Partido Socialista, Martine Aubry: "Existem enormes margens de manobra", ela afirmou, "como impostos complementares". Talvez fosse melhor ela ficar calada. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

Bola de cristal - RODOLFO LANDIM


FOLHA DE SP - 08/06

O preço é influenciado pelas expectativas em relação ao equilíbrio entre oferta e demanda

O petróleo tem sido por várias décadas uma fonte de energia vital para o mundo e, ao que tudo indica, continuará sendo por outras tantas, mesmo nas previsões mais otimistas sobre o crescimento do uso de fontes alternativas.

Assim sendo, muitos países, sejam importadores ou exportadores, sofrem grandes impactos com as variações de preço desse produto.

Nas últimas semanas, vimos o preço do petróleo cair significativamente, fazendo com que o barril do tipo Brent, que alcançou US$ 123 em março, atingisse o patamar de US$ 100.

A princípio, isso seria algo de estranhar, uma vez que a própria Petrobras externava sua preocupação de que o preço da gasolina poderia ter de ser elevado com a permanência dos altos preços do petróleo no mercado internacional.

Aliás, essa era a aposta da maioria dos analistas do setor. Mas por que então ocorreu essa mudança tão repentina? Não seria possível prever o comportamento dos preços com maior acuidade?

Como acontece com qualquer commodity, o preço do petróleo é influenciado pelas expectativas dos mercados em relação ao equilíbrio entre oferta e demanda do produto.

A princípio, o seu preço deveria estar diretamente associado ao nível de atividade econômica mundial, mas o processo é mais complexo, notadamente quando analisamos um curto espaço de tempo, devido aos inúmeros fatores que influenciam seu comportamento, alguns deles impossíveis de prever.

Os eventos climáticos são um bom exemplo. É comum ver longos períodos de inverno rigoroso no hemisfério Norte intensificando o consumo para aquecimento ou mesmo a ocorrência de furacões obrigando a paralisação da produção no golfo do México por um longo período, afetando a oferta e fazendo os preços subirem.

Outros tipos de problema nem sempre previsíveis também podem trazer grande impacto aos preços.

Dentre eles estão guerras em países produtores e acidentes em plataformas ou em oleodutos. Ainda no lado da restrição da oferta estão os embargos comerciais à compra de produtos de países, inclusive como está previsto na União Europeia, a partir de 1º de julho, com o petróleo produzido pelo Irã.

Também são variáveis importantes as decisões de corte na produção estabelecidas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), responsável por mais de 40% da produção mundial, e os níveis de capacidade de produção ociosa dos países-membros, que dão ao mercado a dimensão do quanto uma eventual restrição de oferta pode ter seu efeito reduzido.

Some-se o fato de que o petróleo é precificado em dólares americanos e, quando este se valoriza em relação a outras moedas, o preço do petróleo tende a cair -e vice-versa.

Tudo ainda agravado pelo fato de que o mercado financeiro comercializa cerca de seis a sete vezes o volume de petróleo produzido no mundo em operações de proteção de preços, de refúgio em crises financeiras ou simplesmente especulativas.

Se, em curto prazo, a volatilidade tende a ser grande pelos fatores mencionados, entre outros, a longo prazo as tendências poderiam pelo menos ser mais claras. Mas, se por um lado as novas tecnologias abrem as portas para a exploração de novas jazidas ou até mesmo a maior recuperação de petróleo das antigas e existem ganhos de eficiência energética que levam a menores demandas do produto, por outro existe o declínio natural dos campos, que tornam a tarefa de elevação da produção mundial bastante difícil.

E, mesmo com o declínio do consumo observado nos países desenvolvidos nos últimos anos, o aumento nos demais tem levado ao crescimento da demanda mundial.

Assim, existem dois grandes grupos de cenaristas com visões opostas. Aqueles que acreditam que os preços do petróleo podem cair ao longo dos anos e outros que têm a convicção de que os preços subirão.

Dada a minha incapacidade de prever o comportamento de todos esses fatores, minha bola de cristal preferiu ficar com aqueles que acreditam em preços médios levemente crescentes no longo prazo, porém sempre sujeitos a grande volatilidade no curto.

PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV


7h30 - Jordânia x Japão, Elim. Asiáticas para a Copa-2014, Sportv

8h - Roland Garros, tênis, ESPN e ESPN HD

10h - Brasil x Finlândia, Liga Mundial de vôlei, Globo

11h - Treino do GP do Canadá, F-1, Sportv 2 e Sportv HD

12h30 - Brasil x Itália, Grand Prix de vôlei, Sportv 2

13h - Polônia x Grécia, Eurocopa, Band, Sportv e Sportv HD

15h - Treino do GP do Canadá, F-1, Sportv 2

15h45 - Rússia x Rep. Tcheca, Eurocopa, Band e Sportv

15h45 - Barcelona x Real Madrid, Liga Espanhola de basquete (final), Bandsports

19h - Botafogo x Corinthians, Liga Futsal, Sportv

20h - Boston Red Sox x Washington Nationals, hóquei, ESPN HD

21h - Boa x Vitória, Série B, Sportv (menos MG)

21h - México x Guiana, Elimin. da Concacaf para a Copa-2014, Bandsports e ESPN Brasil

23h - Kelly Pavlik x Scott Sigmon, desafio de supermédios, ESPN e ESPN HD

CLAUDIO HUMBERTO

“Eu duvido que alguém tenha saudade dos tempos do FHC”
Candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, sobre gestão anterior a Lula

MÉDIUM QUE ‘OPEROU’ LULA USOU JATO DE CACHOEIRA

O PSDB ameaça levar à CPI do Cachoeira um caso que em tese pode constranger o ex-presidente Lula. Tucanos dizem que o médium João de Deus, de Abadiânia (GO), teria ido a São Paulo em um jatinho obtido graças à interferência do bicheiro, para a “operação espiritual” em Lula no hospital Sírio-Libanês, durante tratamento contra o câncer. Mas não há indícios de que Lula tenha tomado conhecimento do voo.

INTERMEDIAÇÃO

O pedido do jato para a viagem de João de Deus teria sido articulado pelo ex-vereador tucano Wladimir Garcez (GO), ligado a Cachoeira.

TUCANO SOLIDÁRIO

Deputados tucanos afirmam que foi um correligionário, o suplente de senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) quem cedeu o jato.

NÃO VEM AO CASO

Na primeira entrevista, ao final do tratamento, Lula desconversou sobre a visita do médium: “Não o procurei porque não conhecia as pessoas”.

SAUDADES

Sexta-feira é o Dia Mundial dos Oceanos, celebrado há 20 anos desde a conferência Rio 92. Também é o Dia Mundial da Saudade.

AGNELO EM BAIXA

Muito mal nas pesquisas de avaliação de desempenho, o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), também está em baixa no Palácio do Planalto, onde até petistas se referem a ele como “Agnulo”. Estes dias, um ilustre membro do conselho político do governo perguntou baixinho à presidente Dilma o que ela achava da convocação dele para depor na CPI do Cachoeira. “Estou c(*) e andando para o Agnelo”, respondeu.

MAL NA FITA

Pesquisas de diferentes institutos indicam que se a eleição fosse hoje Agnelo perderia para qualquer adversário, até José Roberto Arruda.

MÁ IMPRESSÃO

Oito meses após a posse, Dilma interpelou, intrigada, um senador amigo do governador do DF: “Por que Agnelo não está dando certo?”.

MÁ VONTADE

Em fevereiro, durante evento público, Dilma chamou o governador de “Agnelo Rossi”. Assessores acham que foi proposital.

VAI-E-VOLTA

José Sarney colocou em pauta o projeto que acaba com o voto secreto. Na Câmara, projeto idêntico, do ex-deputado Luiz Antonio Fleury, foi aprovado em primeiro turno em 2006, mas continua na gaveta.

MULTITAREFA

Dono da Faculdade Padrão, o empresário Walter Santiago, que depôs terça-feira na CPMI do Cachoeira, se enrolou na Justiça com uma sociedade de empresa de segurança e vigilância, também em Goiás.

SOB ANÁLISE

O senador Pedro Taques (PDT-MT) não aceitou o pedido de desculpas do deputado Silvio Costa (PTB-PE), que o xingou. Mas após a retirada do pedido, Taques resolveu analisar melhor a eventual representação.

APOSTA NA QUEBRADEIRA

A aposta no Congresso é de que a empreiteira Delta vai quebrar. Já que todos os credores estão cobrando dívidas e a empresa está saindo de grandes obras como a do Maracanã, a falência é questão de tempo.

SOB NOVA DIREÇÃO

Titular da 10ª Vara Federal Criminal de São Paulo e muito admirado pelos colegas, Nino Toldo assume dia 12 a presidência da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). A recuperação da autoestima dos magistrados e a luta por remuneração digna são seus compromissos.

TIRO NO PÉ

Políticos da oposição e do governo concordam que deu zebra a MP 568, que Dilma editou, mês passado, reduzindo em até 70% os salários de servidores. Daí as greves em cascata. A solução será nova MP.

MEMÓRIA DE JK

Ex-deputado e primo do ex-presidente, Carlos Murilo Felício dos Santos lançará em Brasília, quarta (13), o livro Momentos Decisivos JK – Contra o Golpismo no Brasil. Será no Memorial JK, claro, às 19h30.

ESSES ALEMÃES...

Na Alemanha, quem diria, fabricantes e concessionárias de veículos estariam inflando as vendas de carros novos em maio. Diz a Reuters que caíram 4,8% – a maior queda, até agora – e não subiram 15%.

HOMENS TRABALHANDO

O Brasil é hoje um grande canteiro de obras: Lula fincando seus “postes” eleitorais e Dilma procurando luz no fim do túnel da economia. 


PODER SEM PUDOR

MINISTRO CONTRA O GOVERNO

Durante a votação da medida provisória que criava a Secretaria de Ações de Longo Prazo, a Sealopra, o senador e então ministro Hélio Costa (Comunicações) telefonou ao senador Wellington Salgado (PMDB-MG), seu suplente, para pedir voto a favor do governo. Era tarde, mas o ministro não sabia e ponderou, em tom grave:

– Lembre-se! Seu voto é como se eu estivesse votando.

– Pois então saiba que você acabou de votar contra o governo... – respondeu Salgado, para informar que a MP acabara de ser rejeitada.

SEXTA NOS JORNAIS


Globo: TCU investiga convênios da UNE com o governo federal
Folha: Subsídio via BNDES foi de R$ 28 bilhões em três anos
Estadão: Missão da ONU é alvo de tiros na Síria e crise se agrava
Correio: Cresce adesão contra mordomia de salários
Valor: Crise assusta e empresas adiam ofertas de ações
Estado de Minas: Erros fatais
Zero Hora: Estado investiu só 13,5% do necessário para prevenir a seca