O IPCA de julho avançou 0,52% sobre o 0,35% de junho, mas já não assusta
A inflação deu um soluço em julho, mas não preocupa. A tendência é de baixa.
Avançou 0,52% sobre o 0,35% registrado em junho. Acumula nos primeiros sete meses do ano uma alta de 4,96% e, em 12 meses, 8,74%.
A estocada teve como principal causa a alta dos alimentos (1,32%). Pesaram aí o feijão e o leite, como consequência da quebra de produção pela estiagem. Neste ano, os preços do feijão carioca já subiram 150,61% e os do leite longa vida, 48,98%.
Essa inflação não assusta por três principais razões. Primeira, porque a alta dos alimentos tende a ser revertida ou, pelo menos, neutralizada. O que subiu muito deve deixar de subir ou, então, baixar de preço. Segunda razão, a recessão e, dentro dela, a demanda muito fraca continuam trabalhando como freio. E, terceira, a baixa do dólar (valorização do real) já está atuando para reduzir os preços dos produtos importados e, com base nisso, segurar a remarcação dos produzidos internamente. O mercado, auscultado semanalmente pela Pesquisa Focus, do Banco Central, espera uma inflação de 0,30% em agosto. Mas pode ser mais baixa. Os Top Five, as cinco instituições que mais acertam essas projeções, esperam 0,28%.
A esses fatores há quem contraponha o impacto inflacionário de uma possível nova carga de impostos, especialmente se com aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis. Mas, se vier, dificilmente será para produzir inflação ainda neste ano.
O comportamento do câmbio merece considerações à parte. A enorme sobra de dólares lá fora só está esperando uma clareada nas condições da economia do Brasil para produzir revoadas seguidas para cá.
Isso já está acontecendo, uma vez que, só em 2016, as cotações do dólar já caíram 20,97%. (Veja o Confira).
A senha para novos aportes de moeda estrangeira e, portanto, para novas baixas do dólar deve ser a aprovação do impeachment pelo Senado, fato relevante que deve afastar a hipótese de retorno aos experimentos desastrosos da política econômica do primeiro período Dilma. A sagração de Michel Temer na Presidência da República está longe de resolver os problemas da economia, mas abre espaço para o exercício da boa governança, caso o governo queira de fato equacionar os problemas e não faça grandes bobagens.
Sempre há quem argumente que a mão pesada do Banco Central pode funcionar como a espada do chefe gaulês Breno que, no século 4.º antes de Cristo, a pousava sobre o outro prato da balança para exigir mais indenização em ouro dos vencidos romanos. Ou seja, o Banco Central sempre pode apertar para baixo o prato da balança para erguer no outro as cotações do dólar. Mas, apesar das crescentes pressões para que aja assim, está cada vez mais difícil reverter o processo de valorização do real – e mais o será, se a crise amainar.
Quando se fala de inflação fica inevitável falar sobre juros. Depois dos sinais enviados pelo Banco Central não dá para esperar por redução dos juros no dia 31, quando o Copom se reunir outra vez.
CONFIRA:
Aí está a trajetória das cotações do dólar. É um tombo e tanto.
Algo mudou
O ministro Henrique Meirelles vive um momento paradoxal. Está plenamente consciente de que está no governo para dar credibilidade e garantir responsabilidade fiscal à administração Temer. Mas, após três meses no cargo, não consegue convencer ninguém de que as concessões feitas aos governadores e aos funcionários públicos não comprometem a política de austeridade e o equilíbrio das contas públicas. O nível de credibilidade já não é o mesmo.
Algo mudou
O ministro Henrique Meirelles vive um momento paradoxal. Está plenamente consciente de que está no governo para dar credibilidade e garantir responsabilidade fiscal à administração Temer. Mas, após três meses no cargo, não consegue convencer ninguém de que as concessões feitas aos governadores e aos funcionários públicos não comprometem a política de austeridade e o equilíbrio das contas públicas. O nível de credibilidade já não é o mesmo.
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