O GLOBO - 13/10
"A candidata Dilma deveria respeitar mais a inteligência dos brasileiros e o nível da campanha eleitoral" Aécio Neves
Cuidado! Nada de acreditar no que disseram à Polícia Federal e à Justiça Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e Alberto Youssef, doleiro, sobre o esquema de desvio de R$ 10 bilhões da empresa para beneficiar políticos em geral e alguns partidos em particular – PT, PMDB e PP.
Os dois podem estar mentindo.
Quando comprovada de fato, a verdade deverá ser muito pior. Duvida?
Gaba-se a presidente Dilma Rousseff – e Lula também - da liberdade com que atua a Polícia Federal.
Sempre que se descobre um novo escândalo envolvendo o PT e seus aliados mais fiéis, Dilma corre a exaltar as virtudes republicanas do seu governo e dá a entender que a Polícia Federal só procede assim porque ela deixa. Como se a Polícia Federal fosse um órgão de governo e não de Estado.
Aqui cabem pelo menos duas perguntas.
Se é marca da Era PT o empenho dos governos em colaborar nas investigações de malfeitos por que há sete meses a Polícia Federal tenta ouvir Lula em um processo sobre restos do mensalão e simplesmente não consegue?
Lula está para ser interrogado na condição de eventual testemunha – jamais de réu. Como ex-presidente, escolherá hora e local para depor. Não o faz.
A segunda pergunta: se Dilma repele com veemência a insinuação de que possa não se interessar pelo combate à roubalheira por que então barra qualquer iniciativa das duas CPIs da Petrobras de apurar o que se passou na empresa nos últimos 12 anos?
Só a Polícia Federal pode ser livre? “Eu sou a favor de, doa a quem doer, as pessoas têm que responder pelo que fazem, seja de que partido for”, prega Dilma. Não convence.
Arrisco-me a ser impiedoso com a presidente por entender que o jornalismo não cobra piedade de quem o exerce, mas senso de justiça.
Dilma posa de incorruptível, e deve ser. Nada se conhece que indique o contrário. Quanto a ser conivente com a corrupção...
Ela o é, assim como a maioria dos governantes por toda parte.
Paulo Roberto roubou desde que foi nomeado por Lula diretor da Petrobras. Lula ignorava o que Paulo Roberto fazia por lá a serviço do PP?
O que fazia meia dúzia de diretores nomeados também por ele a pedido do PP, PT e PMDB?
Dois anos antes de se eleger presidente, Dilma convidou Paulo Roberto para o casamento de sua filha. Não sabia que ele era ladrão?
Demitiu-o “a pedido” em 2012. Paulo Roberto deixou a Petrobras cercado de elogios. Dilma desconhecia seu prontuário?
Ora, faça-me o favor!
Na semana passada, Dilma cogitou demitir Sérgio Machado, um economista cearense que há mais de 10 anos preside a Transpetro, subsidiária da Petrobras. Paulo Roberto contou à Justiça que recebeu de Sérgio R$ 500 mil em espécie.
O padrinho de Sérgio é Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, citado por Paulo Roberto como envolvido com a corrupção na Petrobras. Além de cogitar, o que mais fez Dilma?
De volta de um comício em Maceió, onde ao lado do senador Fernando Collor segurou no microfone para que discursasse Renan Filho, governador de Alagoas, Dilma esbarrou na oposição de Renan, o pai, à demissão de Sérgio. E deixou de cogitá-la.
Para demitir Sérgio seria preciso que Dilma conseguisse o afastamento de João Vaccari Neto do cargo de tesoureiro do PT, argumentou Renan. Vaccari é outro emporcalhado pela lama da Petrobras.
Lula disse que está de “saco cheio” com denúncias de corrupção contra o PT feitas às vésperas de eleições.
Eu também estou.
E você?
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