FOLHA DE SP - 05/07
RIO DE JANEIRO - Deu no jornal. O Reino Unido e a Itália, cansados de ver sua economia caindo a níveis deprimentes, resolveram incluir em seu PIB (Produto Interno Bruto) os ganhos de atividades tradicionalmente ignoradas nas contas oficiais, e, com isso, acrescentar os bilhões que elas movimentam na vida real. Quais? A prostituição, o contrabando e o tráfico de drogas.
Ao fazer isto, estão se ajustando ao que já é praticado pelas vizinhas Holanda, Áustria, Suécia, Noruega, Finlândia e outros. O fato de tais atividades terem ficado de fora por tanto tempo no cálculo da economia não tem uma conotação moral --afinal, todo país produz ou vende legalmente coisas mais letais do que sexo, muamba e drogas. É porque, como os proxenetas, contrabandistas e traficantes não pagam imposto, não mantêm livro-caixa e não descontam para o instituto, seus rendimentos são de difícil mensuração.
Bem, se o problema é fazer contas, por que não? --eles se perguntaram. O IBGE britânico estima que o Reino Unido tem, por exemplo, 60 mil prostitutas ativas. À média de 25 clientes cada, por semana, a 67 libras (R$ 260) por saída, chegou-se a um movimento anual de 5, 3 bilhões de libras (R$ 21 bilhões). Como ignorar esses números, que superam a sua produção de guarda-chuvas, remédios para dor de dentes e gorros do Manchester United, tudo junto?
Se o Brasil fizer o mesmo com sua economia informal, ilegal e imoral, nosso PIB irá para a estratosfera. Esqueça os camelôs, os ambulantes, os despachantes. Para ficar apenas no segmento do tráfico, imagine quanto não rola pelo exército de aviões, vapores, gerentes e endoladores em todo o país. Sem falar na propina para a polícia.
Mas tudo isso é fichinha diante do que circula em comissões pelos desvãos oficiais. Estas, sim, nos fariam disparar no ranking dos PIBs mundiais.
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