Há controvérsias se disponibilizar residência oficial ao ditador cubano, que ofereceu até jantar para o outro tirano, da Venezuela, significa algo como ‘diplomacia de alto nível’
Sou uma pessoa preconceituosa. Tenho preconceito, por exemplo, contra ditadores assassinos. Não suporto gente que escraviza o próprio povo há mais de meio século. Tenho preconceito também contra mentirosos, hipócritas, aqueles que falam em “justiça social” e “socialismo” enquanto vivem como nababos, como magnatas capitalistas, tudo graças ao esforço alheio.
Faço essa confissão por conta dos acontecimentos recentes. A presidente Dilma recebeu na surdina o ditador Raúl Castro, que a imprensa insiste em chamar de presidente, como se tivesse sido eleito democraticamente. Hospedou o tirano na Granja do Torto.
A oposição criticou essa distinção por Cuba, esse tratamento diferenciado. Dilma reagiu: preconceito! Que, disse a presidente, não pode ser misturado com “relações diplomáticas de alto nível”. O Brasil estava apenas sendo cordial, adotando a prática da reciprocidade.
Há controvérsias se disponibilizar a residência oficial do governo ao ditador cubano, que ofereceu até jantar para o outro tirano, da Venezuela, significa algo como “diplomacia de alto nível”. Alguém mais cético poderia dizer que se trata de uma reciprocidade sim, mas não diplomática, e sim mafiosa. Teria elo com o programa Mais Médicos, por exemplo?
Como se sabe, o governo do PT usou tal programa para importar milhares de escravos cubanos, sendo que 90% do que é pago ficam com o regime ditatorial. Em outras palavras, o governo brasileiro está financiando a ditadura cubana. O bilionário empréstimo do BNDES para o porto de Mariel comprova isso. Claro que os senhores feudais da família Castro são gratos ao PT, como são aos petrodólares venezuelanos, a ponto de enviar milicianos para ajudar no autoritarismo de Maduro.
Em troca da ajuda petista, será que trazem nas malas algum dinheiro para financiar o caixa dois da campanha do partido? Não quero ser leviano, mas perguntar não ofende, não é mesmo? Ainda mais quando existem denúncias, segundo a “Veja”, de que Cuba de fato teria mandado alguns milhões de dólares em caixas de uísque para bancar a campanha de Lula. Duda Mendonça, que foi o marqueteiro do ex-presidente, confessou ter recebido dez milhões no exterior. Caixa dois. Para o partido do mensalão, esse acordo com Cuba seria migalha.
O candidato tucano Aécio Neves afirmou que, caso eleito, irá rever esses contratos obscuros com o regime cubano. Acuada pela queda nas pesquisas recentes, que já apontam para empate técnico no eventual segundo turno, Dilma partiu para a mentira: disse que “o senador” pretende acabar com o programa. Para Dilma, só pode haver programa se os irmãos Castro derem as cartas.
Aécio respondeu: “Não há nada que desqualifique tanto o debate político e desonre tanto a democracia quanto o uso da mentira e de artifícios como o de colocar na boca do adversário palavras que ele não disse.” Reafirmou que não pretende abolir o programa, e sim aperfeiçoá-lo.
Está certo. Ninguém precisa compactuar com tiranias para oferecer atendimento médico no interior do Brasil. Até porque os cubanos não atuam como médicos, já que sequer aceitam fazer o teste do Revalida, pois sabem que não passariam. Estão mais para enfermeiros, que o governo poderia contratar no próprio país, gerando empregos aqui em vez de mandar divisas para a ditadura cubana.
Mas o PT não quer saber de nada disso. Não lhe interessam debates sérios sobre como resolver os males que assolam nosso país. O partido nasceu para fazer bravata, vender soluções mágicas de forma sensacionalista e irresponsável. Acha que o mundo é um eterno palanque sindicalista. E, óbvio, nunca aceitou críticas, pois tem viés autoritário, considera-se messiânico, acima do bem e do mal.
Voltando aos meus preconceitos, reconheço: tenho implicância com camaradas de ditadores assassinos também. Não consigo engolir os companheiros que vivem afagando o que há de pior na espécie humana. Tenho calafrios quando penso que o modelo cubano e o venezuelano são defendidos por tantos que hoje estão no poder.
Quando o PT fala em nova Constituinte, ou em “democratização dos meios de comunicação” (eufemismo para controle da imprensa), ou em conselhos (“soviets”) para “participação popular” (leia-se “movimentos sociais” como o MST, controlados pelo próprio PT), e logo depois oferece um tratamento tão VIP assim ao ditador cubano, como acreditar que o partido tem algum apreço pelo regime democrático? Não tem. A democracia, para eles, nada mais é do que uma farsa para chegar e ficar no poder. Que os brasileiros possam reagir nas urnas, enquanto houver tempo...
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