CORREIO BRAZILIENSE - 22/07
Confrontos entre palestinos e israelenses são previsíveis como o suceder dos dias, das noites e das estações do ano. Previsível é também o resultado. Além das acusações, do aumento da violência e da perda de vidas crescente, o conflito acaba sem acabar. Trata-se de intervalo para novo infinito recomeço. Se há alguma, a única dúvida é o calendário: quando voltará o banho de sangue?
Os combates de agora não fogem à regra. Dois anos depois do enfrentamento de 2012, a barbárie retorna com multiplicada intensidade. O saldo do embate dá pálida ideia da carnificina em curso: até ontem, os judeus choravam 26 mortos (25 soldados e um civil); os palestinos, quase 600 (a maioria civil). Considerada a densidade demográfica de Gaza e a impossibilidade de fuga do lugar que mais parece campo de concentração, é provável que os números sejam bem mais dolorosos.
Não se devem ao acaso as palavras de condenação do horror que envergonha as consciências civilizadas do mundo. "São ações atrozes de Israel", disse o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon. A Liga Árabe falou em "crimes de guerra". Em gravação acidental, o secretário de Estado americano, John Kerry, ironizou "a tremenda precisão" dos ataques israelenses, que acertavam mulheres e crianças em vez de alvos militares e estratégicos.
Uma guerra que se arrasta há mais de meio século precisa chegar ao fim. Impõe-se, para tanto, renovar o script cuja reprise só causa dor, sofrimento e repulsa. Israel e Palestina devem se convencer de que ambos têm direitos. Os cidadãos judeus têm direito de viver sem sobressaltos de ataques e sequestros. Os palestinos têm direito a Estado livre e contínuo, a vida com autonomia na própria terra - sem tutelas.
Reconhecer a humanidade de uns e outros não significa troca de juras de amor. Significa aceitar que não há solução militar para o conflito. Judeus e palestinos têm de olhar para a realidade: são dois povos que precisam viver juntos e têm de encontrar forma de convivência pacífica. Há radicais dos dois lados - ultradireitistas em Israel e jihadistas em Gaza. A polarização, mostram as décadas de carnificina, é passaporte para o fracasso. A solução tem de ser política.
Obama designou Martin Indyk para restabelecer as conversações no barril de pólvora em que se transformou aquela região do Oriente Médio. Eis a proposta: "Minha experiência diz que seria necessário dançar três tangos para que andem as negociações de paz: de um lado, um líder de Israel e um líder palestino dispostos a assumir riscos. De outro, um presidente dos Estados Unidos disposto a investir tempo e prestígio garantindo que cobrirá os líderes árabes e israelenses que assumirem tais riscos". Passou da hora de candidatos se apresentarem.
Os combates de agora não fogem à regra. Dois anos depois do enfrentamento de 2012, a barbárie retorna com multiplicada intensidade. O saldo do embate dá pálida ideia da carnificina em curso: até ontem, os judeus choravam 26 mortos (25 soldados e um civil); os palestinos, quase 600 (a maioria civil). Considerada a densidade demográfica de Gaza e a impossibilidade de fuga do lugar que mais parece campo de concentração, é provável que os números sejam bem mais dolorosos.
Não se devem ao acaso as palavras de condenação do horror que envergonha as consciências civilizadas do mundo. "São ações atrozes de Israel", disse o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon. A Liga Árabe falou em "crimes de guerra". Em gravação acidental, o secretário de Estado americano, John Kerry, ironizou "a tremenda precisão" dos ataques israelenses, que acertavam mulheres e crianças em vez de alvos militares e estratégicos.
Uma guerra que se arrasta há mais de meio século precisa chegar ao fim. Impõe-se, para tanto, renovar o script cuja reprise só causa dor, sofrimento e repulsa. Israel e Palestina devem se convencer de que ambos têm direitos. Os cidadãos judeus têm direito de viver sem sobressaltos de ataques e sequestros. Os palestinos têm direito a Estado livre e contínuo, a vida com autonomia na própria terra - sem tutelas.
Reconhecer a humanidade de uns e outros não significa troca de juras de amor. Significa aceitar que não há solução militar para o conflito. Judeus e palestinos têm de olhar para a realidade: são dois povos que precisam viver juntos e têm de encontrar forma de convivência pacífica. Há radicais dos dois lados - ultradireitistas em Israel e jihadistas em Gaza. A polarização, mostram as décadas de carnificina, é passaporte para o fracasso. A solução tem de ser política.
Obama designou Martin Indyk para restabelecer as conversações no barril de pólvora em que se transformou aquela região do Oriente Médio. Eis a proposta: "Minha experiência diz que seria necessário dançar três tangos para que andem as negociações de paz: de um lado, um líder de Israel e um líder palestino dispostos a assumir riscos. De outro, um presidente dos Estados Unidos disposto a investir tempo e prestígio garantindo que cobrirá os líderes árabes e israelenses que assumirem tais riscos". Passou da hora de candidatos se apresentarem.
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