FOLHA DE SP - 14/07
SÃO PAULO - A exportação de talentos faz mal ao futebol brasileiro. Os craques têm de ficar perto da torcida e dos treinadores locais. Essa tem sido a solução decantada no interminável debate sobre como revigorar o esporte nacional após a coça da coças, os 7 a 1 do Mineirão.
Giramos, giramos e voltamos ao mesmo lugar. A conclusão de que a exportação de jogadores é problema a ser combatido reincide no atavismo autárquico que impregna a cultura política brasileira e atrasa o país.
Quem deseja usufruir das vantagens do mundo moderno, ser produtivo como os povos mais prósperos, adquirir os saberes mais atualizados, no futebol e fora dele, precisa se abrir, viajar e receber estrangeiros em profusão, exportar e importar em cópia, falar a língua global.
Monoglota de fato, a população brasileira teve a felicidade, durante a Copa, de lidar com turistas de várias nacionalidades nas cidades-sede. A hospitalidade e a cordialidade equilibraram a falta de hábito e de recursos comunicativos. Que tal se tornássemos a experiência mais frequente e menos chocante?
Monoglotas de espírito, dirigentes no futebol e fora dele empastelam a abertura e a modernização. Alguns iludem-se e iludem-nos com ideologias nacionalistas ultrapassadas, como se as dimensões continentais do território e da população transformassem o Brasil, automaticamente, num país que se basta a si mesmo.
A nação que se fecha, evita acordos comerciais, manda poucos trabalhadores e estudantes para fora e pouco recebe os de outros países está condenada à mediocridade. Passará ao largo das rotas de prosperidade na economia, na cultura, na ciência e também no futebol.
Jogadores que foram atuar fora do país experimentam o que há de mais avançado nas práticas futebolísticas. São hoje melhores profissionais do que jamais poderiam tornar-se na triste realidade dos clubes brasileiros. Viva a exportação de craques!
Nenhum comentário:
Postar um comentário