FOLHA DE SP - 23/07
BRASÍLIA - O noticiário está inundado de informações negativas sobre a economia brasileira. O país vai crescer em 2014 menos do que em 2013. O Brasil terá, de novo, um desempenho pior que o de vários vizinhos sul-americanos.
A oposição está salivando. O cenário negativo abre uma janela pela qual pode ser empurrado o PT para fora do poder. O governo reage. Reconhece erros e promete um 2015 diferente --sempre com um substrato de medo no discurso do Planalto: se não está muito bom agora, uma troca de forças na administração representará um período de paralisia até o novo presidente tomar pé das coisas.
É impossível saber qual narrativa prevalecerá na cabeça do eleitor no primeiro domingo de outubro. Tudo dependerá da percepção geral dos brasileiros sobre como de fato está a economia.
A história de eleições presidenciais é farta de exemplos de todos os tipos. Em 1992, a economia dos Estados Unidos patinava. O então presidente George Bush (o pai) havia tomado muitas medidas necessárias para corrigir os rumos. Não adiantou. O humor do eleitor norte-americano estava deteriorado. O candidato de oposição Bill Clinton venceu --a economia deslanchou quando ele tomou posse muito por conta do trabalho deixado pelo seu antecessor.
Em 1998, o Brasil estava quase quebrado. O real sobrevivia artificialmente ancorado ao dólar. Era insustentável. Só que os eleitores não viam assim. Pensavam ainda no fantasma da hiperinflação. O então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito. Ao tomar posse de seu segundo mandato, em 1999, tentou segurar moeda brasileira com um sistema esdrúxulo chamado banda diagonal endógena. Deu tudo errado. A economia atolou no brejo, mas FHC já estava reeleito.
O sucesso de Dilma agora depende de ela conseguir ser mais FHC-1998 e menos Bush-1992. É possível. Só não é simples.
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