O Estado de S.Paulo - 16/05
Não há nada decidido, embora sejam verdadeiras as cogitações em torno do nome do ex-governador José Serra para compor a chapa presidencial do PSDB como candidato a vice de Aécio Neves.
Ciente da delicadeza do tema e do potencial de dano de uma expressão ou palavra posta fora do lugar, o senador mineiro não se estende em comentários a respeito.
Limita-se a dizer que mantém a posição de decidir a questão em meados de junho, o mais próximo possível da data da convenção do partido, marcada para o dia 14.
Serra, perguntado a respeito, simplesmente muda de assunto. Fato é, porém, que há algum fogo nessa fumaça. Diferente do boato que andou circulando sobre a hipótese de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vir a ocupar o lugar de vice, que nunca passou de falatório.
O que se depreende pelo ambiente no PSDB é que hoje uma composição entre Aécio e Serra seria possível, mas não de todo provável. Possível porque pessoas próximas ao ex-governador é que levantaram a lebre e não foram desestimuladas por ele. Ao menos não com veemência.
A interpretação decorrente disso foi a de que seria um sinal, em princípio, positivo para o entendimento. Consta ainda como mera probabilidade porque há variantes a serem examinadas. Prós e contras a serem examinados.
Um princípio está posto: não há portas fechadas. Mas há contas a serem feitas. Pragmáticas, com vistas a chegar à vitória. Se a conclusão for a de que o nome de José Serra é imprescindível para atrair de modo definitivo o eleitorado de São Paulo, a condição eleitoral objetiva estará dada.
Ocorre que não é o único ingrediente a ser pesado na balança. Ninguém nega, nem os mais próximos e fiéis aliados de Aécio Neves, que a figura de Serra faz sombra e que soaria muito mais natural a tentativa de 2010 com Aécio no lugar de vice do que o contrário.
Outro fator a ser considerado: em caso de o tucano ser eleito, como seria a convivência no governo? Não haveria uma tensão permanente, uma impressão de que Serra, por sua personalidade e atributos, é quem daria de fato as cartas na administração, deixando ao titular a tarefa da representação formal?
São conjecturas que se fazem no partido. Com muito cuidado, de maneira sutil, insinuada, com receio de num deslize fazer desandar uma articulação que se tiver de ser, será.
Lado bom. Nem tudo é desesperança na seara governista em relação à possibilidade de vitória da presidente Dilma Rousseff. Há quem procure se concentrar na imagem do copo meio cheio, em detrimento do copo meio vazio de água.
Por essa visão a candidatura oficial ainda transitaria por uma zona de conforto, contando com dois trunfos importantes a serem explorados no horário eleitoral: a divulgação dos feitos do governo e a exploração dos defeitos dos adversários.
Vacinação. Aparentemente é uma bobagem o embate travado no PSB sobre a retirada ou não da referência à "socialização dos meios de produção" do programa do partido, datado de 1947.
Afinal, tal tese já foi devidamente enterrada pela História e não seria crível que Eduardo Campos a incluísse em sua plataforma. Mas, os defensores da supressão alertam que todo o cuidado é pouco em relação a armadilhas muito comuns em campanhas eleitorais.
Citam exemplos. Dilma Rousseff nunca disse que adotaria medidas em favor da legalização do aborto enquanto presidente, mas sua posição pessoal a respeito do assunto foi usada contra ela em 2010. José Serra jamais se pronunciou a favor da privatização da Petrobrás. O que não impediu o PT de insinuar que sim.
A retirada daquele anacronismo do programa do PSB seria uma forma de prevenção contra eventual factoide para constranger o candidato.
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