FOLHA DE SP - 24/04
BRASÍLIA - Assim como a espionagem americana garantiu um bom momento para Dilma na ONU, a NETMundial proporciona um refresco político para ela nesta semana.
Com a denúncia de espionagem de Edward Snowden, em 2013, Dilma pôde empinar o nariz, cancelar a visita a Barack Obama e fazer um discurso forte e afirmativo na ONU, recebendo elogios a torto e a direito.
Com a NETMundial, ontem e hoje em São Paulo, ela cobrou lealdade da base aliada, demonstrou força no Congresso e criou um bom momento para foto ao sancionar o Marco Civil da Internet diante de representantes de dezenas de países. O texto serve de base para os debates no encontro e pode ser bastante útil para novas legislações mundo afora.
Um momento de alívio para quem tropeçou nas próprias pernas --e no próprio voluntarismo-- ao jogar a crise da Petrobras dentro do gabinete presidencial no Planalto e ficar durante semanas sob tensão pelo prejuízo da compra da refinaria de Pasadena e pelo mau desempenho da principal empresa brasileira.
Dilma, porém, não deixou de cair em suas próprias pegadinhas na NETMundial. Tudo bem que voltasse a criticar a espionagem americana como "inaceitável" e defendesse uma governança da internet "em pé de igualdade" (ou seja, não imposta por uma única potência). Mas não precisava espicaçar os EUA de graça.
Como relatado pela própria internet, ela sorriu e aplaudiu de pé quando enalteceram Snowden, um dos piores inimigos de Washington neste momento. Foi uma provocação boba, quase tão infantil e impensada quanto a nota em que, ao tentar lavar as mãos no caso Pasadena, incendiou uma questão até então fria.
Além disso, o NETMundial acaba, mas a Petrobras e o renitente deputado André Vargas ficam --e assombrando o PT, Dilma e candidaturas petistas que resvalam na dupla Vargas-Youssef. O Marco Civil da internet é só refresco, a fervura continua.
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