CORREIO BRAZILIENSE - 18/02
O conceito de brasileiro cordial cai por terra ante a violência que se alastra de norte a sul do país. Não se fala aqui apenas de atos imoderados como os praticados pelos black blocs. Ou de ação de justiceiros que algemam pessoas a poste. Ou de bandidos que ateiam fogo em ônibus e em seres humanos. Ou de sequestros relâmpagos que assustam cidadãos e lhes limitam o direito de ir e vir. Ou de homicídios que ultrapassam cifras registradas em países em guerra.
Fala-se do crime de racismo. Discriminar adultos e crianças com base na cor da pele é, além de caduco, inaceitável. Baseia-se no prejulgamento de que há seres superiores e inferiores não em decorrência de obras por eles realizadas, mas de característica física biologicamente herdada. Os preconceituosos se esquecem de que a escravidão acabou em 1888 e teimam em manter comportamento de casa grande e senzala.
Brasília, cidade que abriga brasileiros das 27 unidades da Federação, exibe números que envergonham a maior parte da população. O Disque-Denúncia, serviço do Governo do Distrito Federal, recebeu, em menos de um ano de criação, quase 8 mil ligações. Delas, 126 mereceram o carimbo de racismo - média de 11 casos mensais. Em 2012, a Secretaria de Segurança Pública somou 407 ocorrências do gênero.
É constrangedor tomar conhecimento de dois fatos ocorridos na semana passada. Um deles: cliente de salão de beleza recusou o atendimento de manicure negra, classificada de "raça ruim". A cena, filmada por clientes e pelo circuito interno de tevê do estabelecimento, levou à prisão da mulher. Apesar de o crime de racismo ser inafiançável, ela ganhou a liberdade depois de menos de 24 horas de detenção.
O outro: cobradora da Viação Planeta enfrentou agressão covarde e constrangedora. Durante o trajeto, pane no ônibus impediu que a porta se abrisse. Contrariada, passageira investiu contra a trabalhadora chamando-a de "negra ordinária e preta safada". Depois, desceu calmamente e caminhou sem pressa, certa da impunidade.
São dois exemplos do vasto prontuário do GDF. Em nível nacional, o quadro não é melhor. Aliadas à agressão verbal, ocorrem outras. Fiscalização do Ministério do Trabalho tem identificado casos de trabalhadores rurais em situação de escravidão. No Entorno, é elevado o número de assassínio de jovens negros entre 15 e 19 anos. Todos têm a marca do racismo, da intolerância e da desatualização. Nada mais extemporâneo do que agir no século 21 como se estivesse no Brasil escravocrata.
Além da punição prevista em lei, impõem-se ações aptas a evitar que cenas como as da semana passada se repitam. Entre elas, campanhas governamentais destinadas à mudança de mentalidade da população. Escolas, igrejas, clubes sociais, meios de comunicação de massa devem colaborar para deixar a vergonha para trás. O brasileiro pode tornar-se cordial de fato. Ser movido pelo coração pressupõe valores cristãos e democráticos. Conviver com as diferenças é fruto da civilização.
Fala-se do crime de racismo. Discriminar adultos e crianças com base na cor da pele é, além de caduco, inaceitável. Baseia-se no prejulgamento de que há seres superiores e inferiores não em decorrência de obras por eles realizadas, mas de característica física biologicamente herdada. Os preconceituosos se esquecem de que a escravidão acabou em 1888 e teimam em manter comportamento de casa grande e senzala.
Brasília, cidade que abriga brasileiros das 27 unidades da Federação, exibe números que envergonham a maior parte da população. O Disque-Denúncia, serviço do Governo do Distrito Federal, recebeu, em menos de um ano de criação, quase 8 mil ligações. Delas, 126 mereceram o carimbo de racismo - média de 11 casos mensais. Em 2012, a Secretaria de Segurança Pública somou 407 ocorrências do gênero.
É constrangedor tomar conhecimento de dois fatos ocorridos na semana passada. Um deles: cliente de salão de beleza recusou o atendimento de manicure negra, classificada de "raça ruim". A cena, filmada por clientes e pelo circuito interno de tevê do estabelecimento, levou à prisão da mulher. Apesar de o crime de racismo ser inafiançável, ela ganhou a liberdade depois de menos de 24 horas de detenção.
O outro: cobradora da Viação Planeta enfrentou agressão covarde e constrangedora. Durante o trajeto, pane no ônibus impediu que a porta se abrisse. Contrariada, passageira investiu contra a trabalhadora chamando-a de "negra ordinária e preta safada". Depois, desceu calmamente e caminhou sem pressa, certa da impunidade.
São dois exemplos do vasto prontuário do GDF. Em nível nacional, o quadro não é melhor. Aliadas à agressão verbal, ocorrem outras. Fiscalização do Ministério do Trabalho tem identificado casos de trabalhadores rurais em situação de escravidão. No Entorno, é elevado o número de assassínio de jovens negros entre 15 e 19 anos. Todos têm a marca do racismo, da intolerância e da desatualização. Nada mais extemporâneo do que agir no século 21 como se estivesse no Brasil escravocrata.
Além da punição prevista em lei, impõem-se ações aptas a evitar que cenas como as da semana passada se repitam. Entre elas, campanhas governamentais destinadas à mudança de mentalidade da população. Escolas, igrejas, clubes sociais, meios de comunicação de massa devem colaborar para deixar a vergonha para trás. O brasileiro pode tornar-se cordial de fato. Ser movido pelo coração pressupõe valores cristãos e democráticos. Conviver com as diferenças é fruto da civilização.
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