CORREIO BRAZILIENSE - 21/02
Depois do quase vexame de 2013, quando só não fechou o ano fiscal no vermelho graças a receitas extraordinárias, o governo emitiu, ontem, o mais esperado sinal de que estaria empenhado em recuperar a confiança perdida no mercado financeiro internacional. No discurso que fez no Fórum Econômico Mundial, em Davos, a presidente deu sua palavra de que o Brasil não só não havia abandonado os fundamentos de política econômica que alçaram a nossa economia à condição de confiável para investimentos, como se preparava para adotar medidas de austeridade fiscal.
Foi preciso que as mais importantes agências internacionais de classificação de riscos soberanos, como a Standard & Poors, Moody"s e Fitch, colocassem o Brasil na lista dos países em observação, com risco de rebaixamento, para que a perda passasse a ser encarada com seriedade. Elas não descobriram ou disseram nada que a maioria dos economistas não engajados no governo já tivessem avisado. Foram acusados de fazer guerra psicológica. Além da demora em rever o afrouxamento da política monetária, permitindo que a inflação fugisse do centro da meta pelo terceiro ano consecutivo, o governo tem abusado de soluções criativas para dourar o mau desempenho da política fiscal em 2012 e 2013.
A geração de superavit primário para o pagamento do principal da dívida de um país é um dos indicadores mais observados pelo mercado financeiro. Ele mede o comprometimento e a capacidade técnica do governo de administrar as contas e, como resultado disso, honrar os compromissos com os credores. Para tornar esse desempenho transparente, os governos fixam as metas a serem perseguidas em cada exercício. Para 2012, a meta era gerar superavit primário de 3,1%. Fechou o ano com apenas 2,28%. Em 2013, a meta de 3,1% sofreu reduções e ajustes, fechando em 1,9%, abaixo dos 2% de 2009, no auge da crise internacional.
É desempenho que não transmite segurança ao investidor que aplicou ou pretende aplicar milhões de dólares num país emergente, que apenas recentemente abandonou o voluntarismo e a demagogia do desenvolvimento a qualquer custo. O Brasil, estável politicamente, ainda tem bons indicadores macroeconômicos, mas a dívida pública bruta tem crescido - já equivale a 57% do PIB.
Para acalmar os mercados e, principalmente, para devolver ao país gestão fiscal mais saudável, o governo anunciou ontem que pretende cortar R$ 44 bilhões no orçamento e gerar superavit primário de R$ 99 bilhões, correspondente a 1,9% do PIB. Mas a proporção é a mesma do ano passado, a pior da série histórica iniciada em 2001, e o governo ainda reviu para baixo o crescimento da economia (de 4% para 2,5%). Ou seja, passou para si mesmo um dever de casa bem mais leve do que se esperava. Corre o risco de ser entendido como falta de coragem política. Pior, muito pior, será se nem isso for cumprido.
Foi preciso que as mais importantes agências internacionais de classificação de riscos soberanos, como a Standard & Poors, Moody"s e Fitch, colocassem o Brasil na lista dos países em observação, com risco de rebaixamento, para que a perda passasse a ser encarada com seriedade. Elas não descobriram ou disseram nada que a maioria dos economistas não engajados no governo já tivessem avisado. Foram acusados de fazer guerra psicológica. Além da demora em rever o afrouxamento da política monetária, permitindo que a inflação fugisse do centro da meta pelo terceiro ano consecutivo, o governo tem abusado de soluções criativas para dourar o mau desempenho da política fiscal em 2012 e 2013.
A geração de superavit primário para o pagamento do principal da dívida de um país é um dos indicadores mais observados pelo mercado financeiro. Ele mede o comprometimento e a capacidade técnica do governo de administrar as contas e, como resultado disso, honrar os compromissos com os credores. Para tornar esse desempenho transparente, os governos fixam as metas a serem perseguidas em cada exercício. Para 2012, a meta era gerar superavit primário de 3,1%. Fechou o ano com apenas 2,28%. Em 2013, a meta de 3,1% sofreu reduções e ajustes, fechando em 1,9%, abaixo dos 2% de 2009, no auge da crise internacional.
É desempenho que não transmite segurança ao investidor que aplicou ou pretende aplicar milhões de dólares num país emergente, que apenas recentemente abandonou o voluntarismo e a demagogia do desenvolvimento a qualquer custo. O Brasil, estável politicamente, ainda tem bons indicadores macroeconômicos, mas a dívida pública bruta tem crescido - já equivale a 57% do PIB.
Para acalmar os mercados e, principalmente, para devolver ao país gestão fiscal mais saudável, o governo anunciou ontem que pretende cortar R$ 44 bilhões no orçamento e gerar superavit primário de R$ 99 bilhões, correspondente a 1,9% do PIB. Mas a proporção é a mesma do ano passado, a pior da série histórica iniciada em 2001, e o governo ainda reviu para baixo o crescimento da economia (de 4% para 2,5%). Ou seja, passou para si mesmo um dever de casa bem mais leve do que se esperava. Corre o risco de ser entendido como falta de coragem política. Pior, muito pior, será se nem isso for cumprido.
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