FOLHA DE SP - 18/01
SÃO PAULO - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, recebeu uma missão digna de super-herói: salvar a credibilidade da política econômica da presidente Dilma e controlar a inflação, que não dá sinais de baixar.
O BC surpreendeu nesta semana ao não reduzir o ritmo do aperto monetário, elevando os juros para 10,5%. O mercado foi pego desprevenido exatamente porque duvida da autonomia do BC.
Mas parece que Dilma não só autorizou Tombini a seguir em frente como depositou nele todas as fichas para que a inflação não corroa ainda mais a renda do trabalhador em ano eleitoral. O BC está sozinho na batalha. Até agora, não há arrocho consistente previsto para a política fiscal, simplesmente porque o governo não acha que gasta demais.
Tombini provavelmente não poderá contar nem sequer com a Petrobras, que não tem mais espaço para absorver os reajustes dos preços internacionais do petróleo.
O dilema do presidente do BC é resultado de um grave erro de coordenação das políticas monetária e fiscal no governo Dilma.
No primeiro ano do mandato, o BC aproveitou a crise global para cortar juros quando ninguém esperava. Baixar os juros era uma promessa de campanha de Dilma.
O erro veio quando a indústria fraquejou e o PIB patinou. O Ministério da Fazenda esqueceu da promessa de apertar os cintos para ajudar o Banco Central e abriu mão de arrecadação promovendo desonerações setoriais aqui e acolá.
Resultado: as contas públicas pioraram, o crescimento do PIB continua medíocre, e a inflação resiste, ancorada no preço dos serviços.
E agora o "Super-Tombini" é chamado em um ano com depreciação cambial à vista e com o país mais vulnerável pela deterioração dos indicadores domésticos. Sem falar do possível rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de risco... Ele realmente vai precisar de nervos de aço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário