FOLHA DE SP - 18/01
BRASÍLIA - Poucas coisas são tão enfadonhas quanto acompanhar reformas ministeriais, mesmo considerando o volume de assuntos burocráticos e irrelevantes que preenchem a mente dos ilustres moradores da capital federal.
A situação fica ainda mais insuportável quando a mudança é feita no último ano de mandato do ocupante do Palácio do Planalto.
Nesses casos, não cabe nem a desculpa clássica de que as trocas de comando na Esplanada dos Ministérios têm como objetivo resolver problemas de gerenciamento.
O objetivo básico é arrumar ministros-tampão para ocupar a cadeira daqueles que vão sair para disputar as eleições de outubro. De quebra, a operação serve para agradar aliados e garantir suporte para a campanha presidencial que se avizinha.
O processo se repete há anos, independentemente da coloração partidária que comanda o Executivo. Diante do inevitável, vale observar como os partidos se comportam nessas situações.
A atuação do PMDB, o maior partido do Brasil, é o melhor exemplo de como o processo democrático no país ainda precisa evoluir --e muito.
Uma rápida pesquisa nos arquivos desta Folha revela que a pressão feita pelos peemedebistas sobre a presidente Dilma Rousseff é a mesma aplicada sobre seus dois antecessores.
"PMDB exige ministério de expressão'", dizia reportagem de setembro de 1995, quando os peemedebistas tentavam arrancar do presidente Fernando Henrique Cardoso mais uma pasta. "Temos de ter um ministério para formular a política do PMDB", reclamava à época o líder do partido na Câmara, o atual vice-presidente Michel Temer.
Nem o objeto de desejo do aliado de todos os governos mudou. Em janeiro de 2004, mesmo com Luiz Inácio Lula da Silva pronto para entregar a Previdência, o PMDB lutava para abocanhar a Integração Nacional.
Uma década se passou, e o choro peemedebista continua o mesmo.
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