O ESTADO DE S. PAULO - 18/01
Com o aumento dos juros básicos para 10,5%, o Banco Central (BC) respondeu à inflação de 0,92% em dezembro e 5,91% em 2013 com a ação mais forte prevista no mercado financeiro. Mas os preços continuam subindo velozmente, como indicam as primeiras prévias de inflação de janeiro. A grande pergunta, agora, é se haverá novas medidas para conter as pressões inflacionárias ou se a tarefa será interrompida. Analistas do setor financeiro e de consultorias estão divididos. Para alguns, poderá haver novos aumentos da taxa básica de juros. Para outros, a decisão anunciada na quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom) encerrou o ciclo de aumentos iniciado em abril. Em outras palavras, a autoridade monetária desempenhou o papel previsto e seguiu o roteiro do filme, mas continua borrada sua imagem de instituição capaz de agir com autonomia e firmeza no combate à inflação. Isso é preocupante.
Segundo o presidente do BC e do Copom, Alexandre Tombini, a inflação mostrou no ano passado "resistência ligeiramente acima" da prevista. Esse comentário foi divulgado no dia 10, logo depois de conhecidos os números do índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para a política de metas. O resultado, embora pior que o de 2012, ainda ficou "dentro do intervalo de tolerância fixado para o ano", isto é, abaixo de 6,5%. Nada mais sobre o assunto? A própria linguagem usada nas declarações dos dirigentes do BC e dos comunicados do Copom justifica todas as dúvidas.
Segundo a nota de quarta-feira à noite, o Copom deu prosseguimento ao "processo de ajuste" iniciado em abril e decidiu, "neste momento", elevar a Selic para 10,5% ao ano. Houve, naturalmente, os costumeiros esforços de interpretação, desta vez centrados nas palavras "neste momento". Essa expressão será apenas uma redundância ou indicará a possibilidade de novos aumentos? Talvez a ata da reunião, a ser divulgada na próxima quinta-feira, proporcione alguma luz.
Os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e os do Federal Reserve (Fed) reiteram com frequência e com clareza seus objetivos. O presidente do BCE, Mario Draghi, tem reafirmado a disposição de manter os juros baixos pelo tempo necessário e de tomar novas medidas, se for o caso, para fortalecer a economia da região e o sistema financeiro. O risco de inflação, por enquanto, está excluído.
Diretores do Fed, com o duplo mandato de preservar o valor da moeda e um nível razoável de emprego, têm repetido a promessa de juros próximos de zero pelo menos até o desemprego cair para 6,5% e a inflação projetada para dois anos bater em 2,5%. Mas advertem: ninguém deve entender esses números como gatilhos. Especulou-se muito desde o anúncio, em maio, da redução dos incentivos monetários. Mas a decisão, todos sabiam, seria baseada em indicadores públicos, sem outras considerações.
Qual a meta e quais os compromissos do BC brasileiro? Economistas do setor privado analisaram a decisão do Copom, logo depois de anunciada, como se fosse apenas uma resposta à elevação do IPCA em 2013. Mais que isso, como se nenhum grande problema estivesse, ainda, perfeitamente visível no dia. Mas o problema é ostensivo. Várias prévias da inflação de janeiro foram divulgadas, mas basta mencionar a última. Nas quatro semanas encerradas no dia 15, o índice de Preços ao Consumidor Semanal (dPC-S) aumentou 0,85%. Na quadrissemana terminada no dia 7 havia subido 0,73%. Nas duas anteriores, 0,69% e 0,66%. Obviamente, a aceleração observada em todo o segundo semestre continua.
Como em todo início de ano, destaca-se o grupo Educação, Leitura e Recreação. Mas em cinco das oito classes de despesas formadoras do índice houve aumentos maiores que na apuração anterior. Não se trata, portando, de uma inflação "localizada". Seria uma imprudência enorme raciocinar como se o fiasco da política anti-inflacionária se tivesse esgotado em 31 de dezembro e sobrassem, agora, resíduos desimportantes. O problema continua presente e grave e mais uma vez o BC está sozinho, porque a gastança pública, um dos principais alimentos da inflação, deve continuar.
Segundo o presidente do BC e do Copom, Alexandre Tombini, a inflação mostrou no ano passado "resistência ligeiramente acima" da prevista. Esse comentário foi divulgado no dia 10, logo depois de conhecidos os números do índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para a política de metas. O resultado, embora pior que o de 2012, ainda ficou "dentro do intervalo de tolerância fixado para o ano", isto é, abaixo de 6,5%. Nada mais sobre o assunto? A própria linguagem usada nas declarações dos dirigentes do BC e dos comunicados do Copom justifica todas as dúvidas.
Segundo a nota de quarta-feira à noite, o Copom deu prosseguimento ao "processo de ajuste" iniciado em abril e decidiu, "neste momento", elevar a Selic para 10,5% ao ano. Houve, naturalmente, os costumeiros esforços de interpretação, desta vez centrados nas palavras "neste momento". Essa expressão será apenas uma redundância ou indicará a possibilidade de novos aumentos? Talvez a ata da reunião, a ser divulgada na próxima quinta-feira, proporcione alguma luz.
Os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e os do Federal Reserve (Fed) reiteram com frequência e com clareza seus objetivos. O presidente do BCE, Mario Draghi, tem reafirmado a disposição de manter os juros baixos pelo tempo necessário e de tomar novas medidas, se for o caso, para fortalecer a economia da região e o sistema financeiro. O risco de inflação, por enquanto, está excluído.
Diretores do Fed, com o duplo mandato de preservar o valor da moeda e um nível razoável de emprego, têm repetido a promessa de juros próximos de zero pelo menos até o desemprego cair para 6,5% e a inflação projetada para dois anos bater em 2,5%. Mas advertem: ninguém deve entender esses números como gatilhos. Especulou-se muito desde o anúncio, em maio, da redução dos incentivos monetários. Mas a decisão, todos sabiam, seria baseada em indicadores públicos, sem outras considerações.
Qual a meta e quais os compromissos do BC brasileiro? Economistas do setor privado analisaram a decisão do Copom, logo depois de anunciada, como se fosse apenas uma resposta à elevação do IPCA em 2013. Mais que isso, como se nenhum grande problema estivesse, ainda, perfeitamente visível no dia. Mas o problema é ostensivo. Várias prévias da inflação de janeiro foram divulgadas, mas basta mencionar a última. Nas quatro semanas encerradas no dia 15, o índice de Preços ao Consumidor Semanal (dPC-S) aumentou 0,85%. Na quadrissemana terminada no dia 7 havia subido 0,73%. Nas duas anteriores, 0,69% e 0,66%. Obviamente, a aceleração observada em todo o segundo semestre continua.
Como em todo início de ano, destaca-se o grupo Educação, Leitura e Recreação. Mas em cinco das oito classes de despesas formadoras do índice houve aumentos maiores que na apuração anterior. Não se trata, portando, de uma inflação "localizada". Seria uma imprudência enorme raciocinar como se o fiasco da política anti-inflacionária se tivesse esgotado em 31 de dezembro e sobrassem, agora, resíduos desimportantes. O problema continua presente e grave e mais uma vez o BC está sozinho, porque a gastança pública, um dos principais alimentos da inflação, deve continuar.
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