BRASIL ECONÔMICO - 12/11
Na década de 1980, o humorista Jô Soares fazia um personagem muito divertido, em seu programa semanal na TV. Tratava- se de um general, que, após 6 anos em coma, ligado a aparelhos, recuperava a consciência. Quando os médicos e assessores lhe contavam o que vinha acontecendo no país, enquanto encontrava-se em estado vegetativo, ele, numa mistura de surpresa e incredulidade, exclamava: "Me tira o tubo"! Indignado como novo quadro político, o general preferia que desligassem os aparelhos que o mantinho vivo.
Sugiro aos meus alunos que não tenham medo de mudar de opinião. Afinal, aprender e reconhecer o erro é uma virtude. Todavia, mesmo após perceberem seus equívocos, muitos políticos continuam sustentando os mesmos discursos. Uma incoerência entre o que se diz e o que se pratica. Existem, nos dias atuais, muitas situações que me fazem lembrar do personagem descrito acima.
Querem um exemplo? Recentemente, tivemos o primeiro leilão da área do pré-sal; o gigantesco poço de Libra. Estupefato, assisti a presidente Dilma, do PT, indo a TV explicar que o leilão não era uma privatização, mas, sim, uma parceria com empresas estrangeiras. Segundo a presidente, elas explorarão nossas riquezas, porém ficaremos com 85%. Trata-se, portanto, de uma questão de valores? Ora, pensei que as privatizações fossem um dogma petista. Mas não para por aí!
Dois dias depois, Dilma- de um partido que sempre procurou pespegar no PSDB a pecha de entreguista -afirmou que era preciso descartar "essa xenofobia em relação aos estrangeiros" e, sem nenhum constrangimento, seu governo autoriza que esses aumentem a participação no capital do Banco do Brasil, de 20% para 30%. Mas não para por aí! Também o ex-presidente Lula entrou na onda. Criticou sua aliada de primeira hora no PT, Marina Silva, por essa ter enaltecido o governo FHC, no tocante à estabilização.
De forma até pouco elegante, sugeriu que sua ex-ministra se informe melhor sobre economia. Lembremo-nos que Marina tem se consultado com dois sábios da ciência econômica: André Lara Resende e Eduardo Giannetti da Fonseca. Muitas decisões do governo Dilma me parecem denotar incoerência. A mudança da política econômica em relação a de seu antecessor-apesar de negada-não é a única. Vejamos a atitude de trazer médicos cubanos.
Quem me alertou foi uma aluna:"Professor, se o Brasil faz parte do Mercosul, e tanto diz querer impulsioná-lo, porque não trazemos médicos da Argentina, Uruguai e Paraguai em vez de Cuba?" Argumentei que há... O raciocínio da jovem é razoável, uma vez que o Mercosul é uma união aduaneira e não um mercado comum. A diferença é que nesse último há uma maior integração regional, pois aceita-se a livre mobilidade de capitais, de mão de obra e de serviços, enquanto a primeira resume- se a uma tarifa externa comum, basicamente.
Se analisarmos com profundidade o Mercosul, nosso país pouco tem se beneficiado, até porque a Argentina sempre acaba criando entraves no bloco. Assim, mais médicos desses países poderia ser um ponto de partida para uma nova fase. Incoerentes e coerentes irão se digladiar nas eleições de 2014 e os eleitores vão escolher, como deve ser numa democracia. Como quero assistir ao resultado... Me deixa o tubo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário