CORREIO BRAZILIENSE - 08/11
Em meio a uma sequência de más notícias, que desde a semana passada vem desmentindo o discurso oficial de que o governo tem o controle da política econômica do país, a inflação de outubro, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi quase uma exceção - simplesmente porque poderia ter sido pior.
O aumento médio de 0,57% nos preços, em relação ao mês anterior, pode ser pouco animador. Mas, além de ter vindo abaixo do que temiam muitos agentes do mercado financeiro, evitou que o acumulado em 12 meses - indicador mais importante para a definição das taxas de juros no mercado futuro - fosse empurrado para mais longe do centro (4,5%) e mais perto do limite de tolerância da meta de inflação deste ano (6,5%). Ficou em 5,84% o IPCA dos 12 meses, exatamente igual ao de dezembro de 2012, aumentando a possibilidade de a inflação de 2013 replicar a do ano passado, com pequena variação.
A apenas dois meses do fim do ano, parece menos importante saber que a inflação de outubro foi puxada por mais um empurrão sazonal de produtos alimentares, como a carne e o leite, do que observar que outubro foi o terceiro mês, desde julho, a registrar elevação de preços. E que isso configura uma alta persistente da inflação, indicando uma tendência que convém ser estancada, antes que passe a comprometer as melhores expectativas para 2014.
Além disso, as últimas sinalizações da equipe econômica quanto à política fiscal são reveladoras de que o governo dificilmente conseguirá passar o révellion comemorando o cumprimento da meta (já reduzida) de superavit primário de 2,3% do PIB. Isso é reflexo de que os gastos oficiais foram pesados este ano e assim vão ficar até o fim de 2013, o que significa mais pressão sobre os preços internos.
Não só. Como em economia nada pode ser considerado isoladamente, há pelo menos duas razões para que as autoridades se preocupem com os primeiros meses de 2014. A primeira delas ganhou um impulso ontem, com a divulgação do crescimento da economia norte-americana no terceiro trimestre, de 2,8% em relação a igual período do ano passado. Foi o terceiro resultado positivo este ano, o que pode animar o banco central dos EUA a suspender a política de estímulos à liquidez local e provocar uma onda de valorização do dólar, com impacto sobre tudo que é importado pelo Brasil.
A segunda preocupação é a decisão, aparentemente já tomada pelo governo, de, enfim, autorizar a correção, ainda que gradual, dos preços da gasolina e do diesel cobrados pela Petrobras. Mesmo que o governo evite conceder esses reajustes antes de 15 de dezembro (para não influenciar a inflação de 2013), os preços dos combustíveis são básicos em muitas cadeias de produção e na vida cotidiana das pessoas. Vão pesar em 2014.
Portanto, apesar do pequeno alívio de outubro, não parece haver razões para o Banco Central esperar inflação declinante nos próximos meses, a ponto de dispensar política monetária mais apertada. É pena, mas como o governo não fez seu dever (fiscal) de casa, a sociedade terá de conviver com mais uma temporada de juros altos.
O aumento médio de 0,57% nos preços, em relação ao mês anterior, pode ser pouco animador. Mas, além de ter vindo abaixo do que temiam muitos agentes do mercado financeiro, evitou que o acumulado em 12 meses - indicador mais importante para a definição das taxas de juros no mercado futuro - fosse empurrado para mais longe do centro (4,5%) e mais perto do limite de tolerância da meta de inflação deste ano (6,5%). Ficou em 5,84% o IPCA dos 12 meses, exatamente igual ao de dezembro de 2012, aumentando a possibilidade de a inflação de 2013 replicar a do ano passado, com pequena variação.
A apenas dois meses do fim do ano, parece menos importante saber que a inflação de outubro foi puxada por mais um empurrão sazonal de produtos alimentares, como a carne e o leite, do que observar que outubro foi o terceiro mês, desde julho, a registrar elevação de preços. E que isso configura uma alta persistente da inflação, indicando uma tendência que convém ser estancada, antes que passe a comprometer as melhores expectativas para 2014.
Além disso, as últimas sinalizações da equipe econômica quanto à política fiscal são reveladoras de que o governo dificilmente conseguirá passar o révellion comemorando o cumprimento da meta (já reduzida) de superavit primário de 2,3% do PIB. Isso é reflexo de que os gastos oficiais foram pesados este ano e assim vão ficar até o fim de 2013, o que significa mais pressão sobre os preços internos.
Não só. Como em economia nada pode ser considerado isoladamente, há pelo menos duas razões para que as autoridades se preocupem com os primeiros meses de 2014. A primeira delas ganhou um impulso ontem, com a divulgação do crescimento da economia norte-americana no terceiro trimestre, de 2,8% em relação a igual período do ano passado. Foi o terceiro resultado positivo este ano, o que pode animar o banco central dos EUA a suspender a política de estímulos à liquidez local e provocar uma onda de valorização do dólar, com impacto sobre tudo que é importado pelo Brasil.
A segunda preocupação é a decisão, aparentemente já tomada pelo governo, de, enfim, autorizar a correção, ainda que gradual, dos preços da gasolina e do diesel cobrados pela Petrobras. Mesmo que o governo evite conceder esses reajustes antes de 15 de dezembro (para não influenciar a inflação de 2013), os preços dos combustíveis são básicos em muitas cadeias de produção e na vida cotidiana das pessoas. Vão pesar em 2014.
Portanto, apesar do pequeno alívio de outubro, não parece haver razões para o Banco Central esperar inflação declinante nos próximos meses, a ponto de dispensar política monetária mais apertada. É pena, mas como o governo não fez seu dever (fiscal) de casa, a sociedade terá de conviver com mais uma temporada de juros altos.
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