FOLHA DE SP -16/10
RIO DE JANEIRO - A perplexidade diante dos estádios milionários e o clamor pela extensão do "padrão Fifa" a áreas historicamente negligenciadas levaram milhares às ruas em junho, tumultuando o entorno dos estádios durante a Copa das Confederações.
À época, a cúpula da Fifa se disse surpresa. Mal-estar que só aumentou com as declarações do prefeito do Rio, Eduardo Paes.
Às vésperas da final do torneio, no Maracanã, ele reconheceu que os governos erraram e não souberam tirar um legado da Copa do Mundo que está por vir, levando ao desabafo Jérôme Valcke, secretário-geral da entidade. "Se até agora ele não entendeu o legado da Copa, não sei mais o que dizer", afirmou o francês.
Perdoe-me, Jérôme Valcke, mas, se já estava difícil entender o legado da Copa, o que dizer depois das últimas novas? A divulgação, na Folha, de que o preço da passagem aérea no trecho Rio-São Paulo no período do torneio chegou a ficar quase tão caro quanto ir do Brasil para Nova York causou indignação. A reação das companhias, que há tempos testam a paciência dos brasileiros, provou o abuso.
Pegas "no flagra", se apressaram a reduzir o valor da ponte aérea para o período, jogando às cucuias a lógica da lei da oferta e da demanda a que inicialmente se apegaram para justificar a explosão nos preços.
A hotelaria nacional não fica atrás. Reajustes de tarifas para 2014 já estão sendo discutidos e é certo que a estadia em cidades como Rio e São Paulo durante os jogos irá custar os olhos da cara.
Todo mundo sabe que a Copa não é para todo mundo, e sim um programa elitista, com ingressos caríssimos, como em qualquer lugar. Entretanto é difícil não imaginar o caldo que, em ano eleitoral, isso tudo irá produzir por aqui. A Copa coloca o país não só na vitrine, mas também na vidraça do mundo. E que vidraça!
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