CORREIO BRAZILIENSE - 19/10
São muitas as leituras para a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que sinaliza alta ainda maior dos juros básicos da economia, com projeções que avançam sobre 2014. Mesmo que a elevação do custo de vida a justifique medida impopular anunciada às vésperas de ano eleitoral sempre suscita especulação. Em especial, quando rompe paradigma de governo prestes a submeter às urnas a hipótese de continuidade. Pois após reduzir a Selic ao menor nível da história, trazendo a taxa para abaixo dos dois dígitos, elevá-la agora a 10% ao ano, com viés de alta, é praticamente antecipar um atestado de retrocesso.
É nesse contexto que surgem as dúvidas. Fosse a instituição independente, teria maior grau de certeza a versão oficial que visa justamente firmar uma autonomia sabidamente inexistente. Anunciada no calor do embate político que acusa o Planalto de abandonar os fundamentos da política econômica, a reação mais parece peça de campanha. E com inflação não se brinca. Errar a mão para mais ou para menos no arrocho monetário tem consequências danosas, seja pelo lado da expansão do PIB - soma das riquezas produzidas pelo país, que, longe de ser contida, precisa crescer, para garantir o emprego do trabalhador -, seja pelo lado dos preços, que, aí sim, precisam ser reprimidos, sob pena de corroerem o poder de compra do assalariado.
Note-se também que falta coerência entre a manifestação do Banco Central e as declarações do ministro da Fazenda, sempre no sentido de que a inflação está sob controle, com o argumento de que "há 10 anos não ultrapassa as metas estabelecidas". Ora, Guido Mantega sabe que o centro, não o teto da margem estabelecida é que deve ser buscado, e que o índice inflacionário apenas ainda não rompeu o limite porque o governo vem segurando os preços administrados, sobre os quais tem controle relativo. O exemplo mais evidente está nos combustíveis, de efeito explosivo sobre o custo de vida e represado aquém do praticado no mercado internacional.
É a tal contabilidade criativa, com contas de chegada que não refletem a realidade. Exemplo recente é a inclusão na balança comercial, com potencial para passá-la de negativa para positiva, de operação de US$ 1,9 bilhão, referente à "exportação" de uma plataforma de petróleo em deslocamento do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro. Outro sinal de deterioração dos fundamentos macroeconômicos é o crescimento dos gastos de custeio, que aumentaram 25% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2012, enquanto os investimentos se mantiveram estagnados. Da mesma forma, reduzir o compromisso de economizar 2,3% do PIB para 2% pode ajudar a cumprir a meta, mas não atende o interesse do país. Portanto, antes de focar os olhos na ata do Copom, cabe cruzar os movimentos das políticas econômica e eleitoral de governantes que aspiram a permanecer no poder.
É nesse contexto que surgem as dúvidas. Fosse a instituição independente, teria maior grau de certeza a versão oficial que visa justamente firmar uma autonomia sabidamente inexistente. Anunciada no calor do embate político que acusa o Planalto de abandonar os fundamentos da política econômica, a reação mais parece peça de campanha. E com inflação não se brinca. Errar a mão para mais ou para menos no arrocho monetário tem consequências danosas, seja pelo lado da expansão do PIB - soma das riquezas produzidas pelo país, que, longe de ser contida, precisa crescer, para garantir o emprego do trabalhador -, seja pelo lado dos preços, que, aí sim, precisam ser reprimidos, sob pena de corroerem o poder de compra do assalariado.
Note-se também que falta coerência entre a manifestação do Banco Central e as declarações do ministro da Fazenda, sempre no sentido de que a inflação está sob controle, com o argumento de que "há 10 anos não ultrapassa as metas estabelecidas". Ora, Guido Mantega sabe que o centro, não o teto da margem estabelecida é que deve ser buscado, e que o índice inflacionário apenas ainda não rompeu o limite porque o governo vem segurando os preços administrados, sobre os quais tem controle relativo. O exemplo mais evidente está nos combustíveis, de efeito explosivo sobre o custo de vida e represado aquém do praticado no mercado internacional.
É a tal contabilidade criativa, com contas de chegada que não refletem a realidade. Exemplo recente é a inclusão na balança comercial, com potencial para passá-la de negativa para positiva, de operação de US$ 1,9 bilhão, referente à "exportação" de uma plataforma de petróleo em deslocamento do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro. Outro sinal de deterioração dos fundamentos macroeconômicos é o crescimento dos gastos de custeio, que aumentaram 25% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2012, enquanto os investimentos se mantiveram estagnados. Da mesma forma, reduzir o compromisso de economizar 2,3% do PIB para 2% pode ajudar a cumprir a meta, mas não atende o interesse do país. Portanto, antes de focar os olhos na ata do Copom, cabe cruzar os movimentos das políticas econômica e eleitoral de governantes que aspiram a permanecer no poder.
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