O leilão aposenta o discurso que levou a nocaute os tucanos na reeleição do presidente Lula, em 2006: a crítica às privatizações de Fernando Henrique Cardoso. A presidente Dilma larga também a histórica bandeira do “petróleo é nosso”, mais importante movimento nacionalista do país no século passado. Não porque a oposição faça muita carga contra o leilão. Quem acusa o governo de lesa-pátria são os petroleiros, que desde ontem estão em greve por tempo indeterminado nas plataformas e refinarias do país. A maioria dos sindicatos é ligada à CUT.
No Rio de Janeiro, o clima é tenso. As manifestações para impedir a realização do leilão podem ter a adesão de professores, militantes de oposição e mascarados arruaceiros. O governador Sérgio Cabral (PMDB), na berlinda por causa dos protestos, pediu que o governo federal mobilizasse o Exército para garantir a realização do leilão. Essa espécie de “toma que o filho é teu” também fará com que forças federais, pela primeira vez, se responsabilizem pela repressão aos protestos. Até aqui, a presidente manteve sua imagem descolada dos choques entre manifestantes e policiais que vêm ocorrendo por todo o país desde junho.
Tropa na rua
O Exército interditará um trecho da Praia da Barra da Tijuca e todo o perímetro do Hotel Windsor Barra, que fica em frente à praia, na Avenida Lúcio Costa, local escolhido a dedo para dificultar a vida dos manifestantes. Cerca de 1.100 homens — com a participação da Marinha e de forças policiais federais e estaduais — restringirão o acesso aos moradores da região, munidos de comprovantes de residência.
Negociações
O Palácio do Planalto tem margem de manobra para negociar. Além do protesto contra o leilão do campo de Libra, os petroleiros reivindicam a retirada da pauta de votação da Câmara dos Deputados do Projeto de Lei (PL) 4.330/04, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), e a mudança de regras para a terceirização de serviços.
Aumento real
Os petroleiros reivindicam aumento no salário-base de 16,53%
Go home
Oito pessoas foram detidas ontem após invadir e depredar uma sala mantida pelo consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre (RS), no shopping Boulevard, na Zona Norte da cidade, durante um protesto contra a espionagem americana e o leilão do campo de Libra. O ato foi promovido pelo grupo Marighella, que se intitula uma “organização socialista, patriota e revolucionária”. O bando jogou tinta em paredes e derrubou bandeiras dos Estados Unidos.
Novela
Os russos estão de volta à disputa pela venda de caças de última geração ao Brasil. O ministro russo da Defesa, Serguei Choigh, durante sua estada em Brasília, propôs parceria ao governo brasileiro para desenvolver e fabricar aviões de combate de quinta geração. O ministro da Defesa, Celso Amorim (foto), admitiu a possibilidade. Como se sabe, o Brasil acaba de adquirir mísseis russos por R$ 2 bilhões. Além do francês Rafale, também participam da concorrência para reaparelhar a Força Aérea Brasileira (FAB) o Grippen, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet, da Boeing. Os caças russos Sukhoi foram desclassificados pela FAB.
Supersalários/ O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo de 72 horas para que o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Senado se manifestem sobre a devolução de supersalários de servidores do Legislativo. O Sindilegis tenta barrar a devolução no STF.
Concessões/ O ministro dos Transportes, César Borges, tenta animar os empresários de Brasília a investir mais no programa de concessões e na modernização da infraestrutura de transportes no Brasil. É o convidado do LIDE — Grupo de Líderes Empresariais para o próximo encontro, em Brasília, no dia 28.
Até breve/ Caros leitores, a partir de amanhã a jornalista Denise Rothenburg reassumirá a coluna Brasília-DF. Nos reencontraremos segundas, quartas e sextas-feiras na coluna Entrelinhas, para a qual estou voltando.
Professores
Caetano Veloso, Wagner Moura (foto), Marisa Monte, Leandra Leal, Fernanda Abreu e Thayla Ayala resolveram ajudar os professores em greve no Rio de Janeiro a reabrir as negociações com o prefeito carioca, Eduardo Paes. Parados desde 8 de agosto, por causa do novo plano de cargos e salários do magistério municipal, os professores querem uma saída para o movimento.
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