Existe uma epidemia de incompetência, para as pequenas e grandes coisas, no futebol e na sociedade
Tudo o que fiz e faço poderia e deveria ter feito melhor. Minha consciência crítica me marca de perto. Não consigo driblá-la. Quando acho que está tudo bem, ela mostra minha limitação e incompetência.
Apesar das facilidades e amplas possibilidades que a tecnologia e o mundo atual nos proporcionam, tenho a impressão, e posso estar enganado, que existe uma epidemia de incompetência, para as pequenas e as grandes coisas, no futebol e em todos os lugares. Felizmente, há muitas exceções.
As pessoas realizam muito, trabalham muito, criam muitas novidades, mas poucas têm preocupação, prazer e responsabilidade em fazer bem feito.
O trânsito é caótico, o serviço de saúde, de educação e de transporte não funcionam, a pizza que peço pelo telefone chega fria, restaurantes caríssimos costumam atender mal, as pessoas compram ingressos para o jogo, pela internet, e ainda têm de enfrentar longa fila para pegá-lo, o gramado do estádio novo de Brasília, de mais de R$ 1 bilhão, está péssimo, e milhares de outras incompetências diárias.
A falta de competência surge também em surtos. O competente técnico Mano Menezes, depois de cometer um erro contra o São Paulo, reconhecido por ele, errou novamente contra o Cruzeiro, ao escalar o jovem Samir de lateral-zagueiro. Ele ficou perdido. Não fez uma coisa nem outra. Fechava para o meio e deixava o corredor aberto para alguém do Cruzeiro entrar livre e cruzar. Assim saiu um gol e poderiam ter acontecido outros.
Espero que o técnico Tata Martino e o Barcelona tenham competência para escalar Neymar desde o início --ele é mil vezes melhor que Pedro e Alexis Sánches--, tratar bem as seguidas e preocupantes contusões de Messi, contratar um ótimo zagueiro, fazer o time sofrer menos gols de jogadas aéreas e, de vez em quando, marcar também gols feios. Se corrigir tudo isso, o time voltará a reinar no mundo.
Tiraram o salário e a casa (Engenhão) dos jogadores do Botafogo, mas não tiraram a dignidade e a competência do time, mesmo sem Seedorf.
O secretário de Saúde de Minas Gerais, Antônio Jorge de Souza, disse ao jornal "O Tempo" que Minas terá nova epidemia de dengue às vésperas da Copa.
Já imaginou dezenas de turistas com dengue? Ou um grande craque fora da final?
Antes, a epidemia era apenas em alguns meses. Agora, em todo o ano. Em 2013, já foram 255 mil casos apenas no Estado, 12 vezes mais que em todo ano passado. Uma calamidade.
Todos sabem as causas (negligência do estado e dos cidadãos, interrupção de prevenção, chegada do vírus 4, falta de verbas, de agentes, e outras), mas nada se resolve. Tudo piora. É muita incompetência.
Seria um novo vírus a causa de tanta incompetência? Ou seria algo maior, que tenha a ver com o declínio do ser humano, cada dia mais vaidoso, contraditório, ambicioso, inseguro e violento?
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