FOLHA DE SP - 15/06
Quando o Brasil recebeu a confirmação de que sediaria a Copa do Mundo de 2014, em 2007, esperava-se que a competição se tornasse o marco de uma mudança na atitude de dirigentes e autoridades.
Maior transparência na prestação de contas e minimização dos gastos públicos eram dois itens essenciais na pauta de modernização do futebol e da política. Como os céticos já alertavam, frustrou-se a expectativa de profissionalização.
Hoje, quando se dá início à Copa das Confederações --principal teste antes do Mundial--, só resta torcer para que as falhas de infraestrutura e de organização não atrapalhem o andamento da disputa.
Para além das deficiências de aeroportos e mobilidade urbana, a Copa das Confederações suscita preocupação nas seis sedes (Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador).
Descumprida a promessa de uma competição financiada majoritariamente por recursos privados, todas as cidades tiveram gastos maiores do que o previsto com reforma e construção de estádios. Ainda assim, falhas nas instalações são a norma, não a exceção.
O Rio de Janeiro tem o entorno do Maracanã ainda em obras. No Recife, houve ameaça de greve no metrô --meio de transporte mais indicado pelo governo para acesso ao novo estádio.
Sede de três partidas, o recém-entregue estádio de Salvador enfrenta rasgos na cobertura e goteiras no teto --isso após reforma que custou cerca de R$ 690 milhões.
Na questão da telefonia móvel, só em Brasília e em Fortaleza o uso de serviços de voz e dados pode ser considerado suficiente para atender à demanda durante os jogos.
Apesar de tudo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B), diz que todos os desafios e as dificuldades relacionados à Copa das Confederações foram superados. Em avaliação fora da realidade, Rebelo deu nota nove ao Brasil por sua preparação para o torneio.
A declaração do ministro só pode ser tratada como tergiversação. Afinal, o número de obras capazes de beneficiar de forma permanente as cidades-sede ficará longe do que se propagandeava. E isso era o mínimo que o governo deveria garantir, como contrapartida por receber grandes eventos esportivos.
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