A inflação acumulada em doze meses, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 6,59%, ultrapassou em março o teto da meta definida pelo governo em 0,9 ponto percentual. Há razões pontuais para a alta, como a expressiva variação nos preços de alguns alimentos, especialmente verduras, com ciclo curto de produção, o que leva as autoridades econômicas a acreditar que no segundo semestre os índices recuarão. No entanto, mesmo se considerando essas pressões pontuais, é inegável que a inflação mudou de patamar nos dois últimos anos. O próprio presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconheceu tal fenômeno, preocupante para um país que teve tantas dificuldades no passado para vencer uma inflação aguda e crônica.
Até mesmo em função desse passado de inflação galopante, a economia brasileira criou defesas para poder sobreviver em ambientes de instabilidade. Tais defesas acabaram também se transformando em fontes de realimentação do processo inflacionário, constituindo-se muitas vezes em obstáculos ao recuo dos índices de preços. Prova disso é a indexação sobre tarifas de serviços públicos e transportes, as datas anuais de dissídio coletivo, os aumentos reais de salário mínimo assegurados por lei. A reposição da inflação passada para tais tarifas, preços e salários se tornou uma rotina, até com dia marcado no calendário.
Para compensar a inflação previamente contratada, a parcela da economia que funciona com preços realmente livres precisa obter ganhos de produtividade expressivos e contínuos, o que é uma tarefa hercúlea, pois há uma sucessão de fatores alheios à cadeia produtiva que apontam no sentido contrário, formando uma coleção de ineficiências.
Assim, o combate à inflação precisa ser travado em várias frentes. Envolve esforços para superação das ineficiências, além de iniciativas concretas que possam convencer não só os agentes econômicos, mas a sociedade como um todo, que a inflação pode ser vencida.
No momento, a percepção dos agentes econômicos e da sociedade é inversa: a batalha das expectativas estaria sendo perdida. Todos os prognósticos, até do BC, preveem índices de inflação acima do centro da meta este ano e em 2014, o que contribui para que a profecia se realize. É nesse sentido que a questão da taxa de juros voltou a merecer mais atenção. Os juros no Brasil continuam mais elevados que na maior parte da economia mundial? Sim, mas a leitura que se faz da política monetária hoje é que a ação das autoridades não é restritiva à alta de preços. Não faz com que os agentes econômicos acreditem que a inflação entrará em trajetória de queda.
A política monetária sozinha não pode vencer a inflação sem afetar bruscamente o ritmo de atividade econômica. Mas pode dar uma contribuição para fazê-la recuar em direção ao centro da meta (4,5%), que não chega a ser um desafio monumental.
Até mesmo em função desse passado de inflação galopante, a economia brasileira criou defesas para poder sobreviver em ambientes de instabilidade. Tais defesas acabaram também se transformando em fontes de realimentação do processo inflacionário, constituindo-se muitas vezes em obstáculos ao recuo dos índices de preços. Prova disso é a indexação sobre tarifas de serviços públicos e transportes, as datas anuais de dissídio coletivo, os aumentos reais de salário mínimo assegurados por lei. A reposição da inflação passada para tais tarifas, preços e salários se tornou uma rotina, até com dia marcado no calendário.
Para compensar a inflação previamente contratada, a parcela da economia que funciona com preços realmente livres precisa obter ganhos de produtividade expressivos e contínuos, o que é uma tarefa hercúlea, pois há uma sucessão de fatores alheios à cadeia produtiva que apontam no sentido contrário, formando uma coleção de ineficiências.
Assim, o combate à inflação precisa ser travado em várias frentes. Envolve esforços para superação das ineficiências, além de iniciativas concretas que possam convencer não só os agentes econômicos, mas a sociedade como um todo, que a inflação pode ser vencida.
No momento, a percepção dos agentes econômicos e da sociedade é inversa: a batalha das expectativas estaria sendo perdida. Todos os prognósticos, até do BC, preveem índices de inflação acima do centro da meta este ano e em 2014, o que contribui para que a profecia se realize. É nesse sentido que a questão da taxa de juros voltou a merecer mais atenção. Os juros no Brasil continuam mais elevados que na maior parte da economia mundial? Sim, mas a leitura que se faz da política monetária hoje é que a ação das autoridades não é restritiva à alta de preços. Não faz com que os agentes econômicos acreditem que a inflação entrará em trajetória de queda.
A política monetária sozinha não pode vencer a inflação sem afetar bruscamente o ritmo de atividade econômica. Mas pode dar uma contribuição para fazê-la recuar em direção ao centro da meta (4,5%), que não chega a ser um desafio monumental.
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