CORREIO BRAZILIENSE - 19/02
Enquanto a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva lançava sua Rede Sustentabilidade em Brasília, dois outros partidos com candidatos a presidente da República se organizavam para monopolizar as atenções de São Paulo. PT e PSDB praticamente vão se mudar para a capital paulista esta semana. Os tucanos estão reunidos num encontro estadual que serve de caixa de ressonância para todo o Brasil. Os petistas promovem grande ato para marcar o aniversário de 33 anos da agremiação e os 10 anos de governo do PT.
Pelo convescote tucano, passarão todos os medalhões da legenda. Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do atual presidente do partido, Sérgio Guerra, a outros tucanos expressivos, como José Serra e o pré-candidato a presidente, Aécio Neves, todos estarão por lá, expondo ideias e elencando as mazelas do governo Dilma Rousseff e a paralisia nos megaprojetos governamentais.
A resposta, entretanto, não vai demorar muito, visto que, na quarta-feira, os petistas farão o seu ato no Anhembi, uma megaestrutura para reunir militantes e valorizar a cidade recém-conquistada pelo PT na figura do prefeito Fernando Haddad.
Os dois eventos representam os primeiros passos da campanha presidencial de 2014. Nas duas ocasiões, não estarão nem Marina Silva nem o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Eduardo foi convidado para o evento do PT, mas não vai por causa da missa de sétimo dia do ex-ministro da Justiça Fernando Lyra, conforme já dissemos aqui ontem. Marina não vai porque sequer foi convidada. É vista como uma adversária dentro do PT, embora não se classifique nem como oposição nem como situação.
Enquanto isso, nas demais praças…
Essa corrida tão cedo por São Paulo tem explicação. Hoje, todos os principais pré-candidatos a presidente da República — Dilma Rousseff, do PT; Aécio Neves, do PSDB; Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, ainda em formação; e Eduardo Campos, do PSB — não têm tradição política no principal colégio eleitoral do país. E, desses, Eduardo Campos é quem tem menos chances de se criar por ali, porque nunca foi candidato e é o único que ainda não construiu uma grande rede de eleitores na cidade.
Marina possui um recall da eleição de 2010. E que recall! Dos 19,6 milhões de votos que ela obteve naquela eleição, 4,8 milhões vieram dos paulistas, sendo 1,3 milhão da capital. José Serra ficou com 9,5 milhões e Dilma, com 8,7 milhões de votos no estado. No segundo turno, Serra levou a melhor em São Paulo. Saiu de lá com 12,3 milhões de votos e Dilma, com 10,4 milhões. Significa que os votos de Marina, cruciais para que a eleição tenha ido ao segundo turno, praticamente se distribuíram igualmente entre os dois.
Analisando esses números, fica claro por que os petistas torcem para que a Rede Sustentabilidade não decole e os demais pré-candidatos olhem com alguma esperança para a ex-ministra. É que, se a Rede Sustentabilidade emplacar, o segundo turno é líquido e certo. Aécio e Eduardo Campos torcem hoje para que a legenda de Marina obtenha algum sucesso, porque se consideram mais estruturados do que a Rede para angariar votos. Aécio tem Minas Gerais. Eduardo espera obter o Nordeste.
Ouvi de um político experiente esta semana que o partido de Marina terá o efeito de um “coice de preá”, ou seja, praticamente nulo. Se essa avaliação é correta, veremos mais à frente, quando chegar a hora do show. Por enquanto, cada um prepara o seu terreno, e os primeiros passos dos grandes competidores saem de São Paulo, onde, hoje, todos se acham em condições de igualdade, em especial, PSDB e PT, que detém o poder, um da capital, outro do estado. É para lá que os olhos dos analistas estarão voltados nos próximos meses. Faça chuva, faça sol.
E o Congresso, hein?
A sensação ontem por lá era a de que 2013 ainda não começou. Quem sabe hoje pega no tranco…
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