No Brasil é assim. Sempre que um político perde espaço no partido que o abriga, cai na tentação de criar uma nova agremiação. E algumas vezes acaba criando mesmo. E o resultado pode até ser positivo para o político que liderou a iniciativa.
Mas para o eleitor e para o sistema partidário, de um modo geral, é uma lástima. Os novos partidos em nada contribuem para dar clareza ao debate político ou para encaminhar as votações das reformas de que o país necessita.
Assim, o efeito prático do surgimento de novas siglas quase sempre se reduz a mais uma boca para morder um naco do fundo partidário - dinheiro público destinado a cobrir as despesas básicas das agremiações - e mais um para dividir o tempo no horário eleitoral gratuito.
Se o partido obtém algum sucesso, e consegue eleger uma bancada expressiva, eventualmente, pleitear um ministério ou uma secretaria estadual em troca da promessa de apoio nas votações parlamentares de interesse do Executivo.
É nesse momento - o das alianças que aproximam os novos partidos das legendas das quais se desgarraram - que as novas agremiações revelam toda sua falta de compromisso com as ideias que justificaram sua existência.
Isso é dito, naturalmente, a propósito do Movimento por uma Nova Política, que pode resultar na criação de um novo partido, encabeçado pela ex-senadora Marina Silva, do Acre.
Marina, como se sabe, fez carreira política no PT, disputou as eleições presidenciais de 2010 pelo PV e, depois, rompeu com o partido e hoje está sem filiação partidária.
Tem uma história exemplar no que diz respeito à superação de dificuldades pessoais - mas, com exceção desses aspectos louváveis de sua biografia, pouco acrescenta ao panorama político brasileiro.
A bandeira da sustentabilidade, que ela empunha e que é o centro do discurso do movimento, é simpático, mas insuficiente para servir de mote à criação de uma nova legenda.
A causa da sustentabilidade é uma necessidade imperativa de sobrevivência, mas deve ser consequência de uma política que tenha a educação como princípio. Como ponto de partida de uma ação política, a bandeira da sustentabilidade torna-se excludente, pouco agregadora e revela o defeito de quase todos os partidos existentes no país: ser criado de cima para baixo, sem qualquer conexão com a sociedade.
Não apenas no que se refere ao partido de Marina mas a todos os demais, o que o Brasil precisa não é de novas legendas. O que o país precisa é de uma reforma geral na política e no compromisso dos políticos com o trabalho pesado da busca por uma nova ordem fiscal.
Sem esse compromisso e sem a percepção que o Estado brasileiro precisa de um novo ordenamento legal, não adianta criar partidos, pois tudo seguirá como antes. Sem tirar nem pôr.
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