O ESTADÃO - 05/01
A notícia segundo a qual as festas do final do ano de 2012 foram marcadas por uma forte redução dos estoques - o que levaria a indústria a receber grandes encomendas para repô-los - pode não se concretizar. É o que se depreende da análise da produção industrial nos últimos meses.
Em outubro houve alguma esperança, com a recuperação nítida do setor, mas agora ela foi frustrada, porque os dados de setembro em relação a agosto e de setembro a outubro foram revisados para baixo, especialmente neste último mês (de zero para 0,1% positivo). E em novembro voltamos a uma redução de 0,6%, Com esses novos dados, em 11 meses de 2012 a produção cai para 2,6% negativos.
A reduçao tributária de alguns setores, juros fortemente reduzidos e empréstimos subsidiados do BNDES não conseguiram vencer a apatia do setor industrial, apesar de um consumo familiar robusto, nem levaram as empresas aos investimentos necessários. Apenas aumentaram as importações de bens intermediários, mais baratos do que os produzidos no Brasil.
Para oferecer produtos mais baratos com maior conteúdo tecnológico, a indústria precisaria investir em bens de capital, cuja produção caiu 16,6% em 11 meses, ante igual período de 2011. A indústria não está preparada para produzir mais bens de qualidade em 2013. Os bens de consumo duráveis tiveram queda de 3,3%; os semiduráveis e não duráveis, de 0,3%; e os intermediários, de 1,6%.
Em termos mais desagregados registra-se queda de 13,3% para veículos automotores e igual recuo para material de informática, de 4,2% para a metalurgia básica, onde detemos uma vantagem natural.
Como se verifica, a eliminação de alguns fatores que eram considerados empecilhos ao aumento da produção industrial não apresentou o efeito esperado. De fato, nossa indústria enfrenta uma crise estrutural. Malgrado a recessão nos países avançados, a Ásia continua exportando seus produtos manufaturados para eles. O que a Ásia exporta são bens de alta tecnologia, com inovações que suas indústrias souberam desenvolver graças a um sistema de educação e treinamento bem orientado. É verdade que são produzidos com mão de obra mais barata, mas o que não se leva em conta suficiente é que se trata de operários com alto nível de produtividade.
Conseguindo aumentar nossa produtividade, poderemos oferecer produtos a preços mas baixos ao mesmo tempo que teríamos redução nos custos das obras de infraestrutura e a possibilidade de reduzir impostos.
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