FOLHA DE SP - 24/12
Entraves como carga tributária excessiva e mão de obra desqualificada fazem país perder na comparação com outros emergentes
Mais um ano termina sem que o Brasil consiga melhorar sua posição em matéria de competitividade internacional, como mostra uma classificação de países emergentes elaborada por iniciativa da Confederação Nacional da Indústria.
Entre as 14 nações consideradas, o Brasil aparece em 13º lugar, mesmo patamar que alcançara na pesquisa de 2010. A Argentina ficou com o último lugar em ambos os levantamentos.
O estudo mede o potencial competitivo de países com características semelhantes na disputa pelo mercado externo. Custo da mão de obra e do capital, infraestrutura e peso dos tributos estão entre os 16 aspectos avaliados.
O péssimo desempenho do Brasil no ranking e o fato de não ter avançado nenhuma posição nos últimos dois anos já são motivos suficientes para consternação. O cenário fica ainda mais decepcionante, contudo, quando se observa quais países obtiveram resultados melhores na pesquisa.
Não seria o caso, decerto, de frustrar-se com os líderes dessa classificação de competitividade. Canadá, Coreia do Sul, Austrália, China e Espanha, os cinco primeiros colocados, levam larga vantagem sobre o Brasil em itens cruciais como educação, infraestrutura e tecnologia. Não há como promover grandes progressos nesses pontos nevrálgicos em dois anos.
Mas o que dizer da Índia, que passou da 11ª para a sexta colocação de um levantamento para o outro? Por que o Brasil não consegue reproduzir, mesmo que em proporções menores, o salto de competitividade do país asiático?
Mesmo que, por seu caráter excepcional, a evolução da Índia seja desconsiderada, nem por isso a posição brasileira se mostra menos inquietante. À frente do Brasil ainda estão Chile, África do Sul, Polônia, Rússia, Colômbia e México, economias que dificilmente podem ser consideradas avançadas.
A rigor, a pesquisa da CNI não traz grandes novidades. Apenas reitera a percepção, difundida entre empresários e investidores brasileiros, de que o país não consegue desatar seus nós econômicos.
Desnecessário dizer, a carga tributária sufocante, a infraestrutura deficiente, a mão de obra cara e pouco qualificada e o alto custo do capital são as âncoras que mantêm o Brasil imóvel nesse tipo de comparação internacional.
Alterar essa situação leva mais que dois anos, é verdade. Seria injusto cobrar apenas o governo Dilma Rousseff pelo insucesso. A atual presidente, contudo, é responsável pelas medidas que, adotadas hoje, podem levar o Brasil a um novo patamar. Também quanto a isso, todavia, o futuro não se mostra animador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário