FOLHA DE SP - 19/12
RIO DE JANEIRO - Por vários motivos, não estou preocupado com o fim do mundo, prometido pelos extintos maias para esta sexta-feira em hora ainda não sabida (A hora é importante, para que as pessoas possam se programar. Imagine o vexame de passar o fim do mundo num engarrafamento!). Um desses motivos é o de que ninguém está falando do Juízo Final. E como é possível o fim do mundo sem um empolgante Juízo Final, para o qual a humanidade se prepara há séculos?
Digo isso sabendo que, se houver o Juízo, não escaparei da reprovação. Ao longo da vida, cometi boa parte dos sete pecados capitais e ainda transgrido regularmente pelo menos metade dos dez mandamentos -embora possa afirmar, a meu favor, que nunca cobicei o boi ou o jumento do próximo, mesmo quando ele me foi oferecido pela mulher do próximo.
O que me fascina é tentar prever como o Juízo será aplicado. Ele se dará em todos os países e cidades, com o povo saindo à rua ao mesmo tempo? Se for assim, será preciso um mínimo de organização. Uma voz se ouvirá das nuvens e chamará cada pessoa em ordem alfabética? Nesse caso, isso se dará pela ordem dos sobrenomes, como em quase toda parte, ou pelos prenomes, como preferimos aqui? E os homônimos, que são milhões? E se o gajo for mais conhecido como Quincas ou Janjão?
A acusação será pública, com todo mundo escutando? Será permitida a defesa? E, se vier a condenação, caberá recurso? Se sim, isso não atrasará o Juízo? E a dosimetria, como vai ser? Além da temporada no inferno ou no purgatório, também se cobrarão dias-multa?
Pensando bem, nada disso me diz respeito. À zero hora de sexta-feira, estarei na festa de aniversário do site "Bafafá", na sede do Bola Preta, em plena Lapa. Mesmo porque minha astróloga favorita, Leiloca, ex-estrela das Frenéticas, já enxergou 2026 e disse que, até lá, tudo bem.
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