De nada adiantam os ataques de irritação da presidente Dilma Rousseff, suas cobranças veementes de explicações e providências e suas reprimendas à equipe do setor elétrico. Tão frequentes quanto as interrupções do fornecimento de energia para diversas regiões do País que tanto a incomodam - pelo menos seis casos, vários de grande extensão, desde o fim de setembro, quando elas começaram a ocorrer com regularidade -, tais explosões de braveza têm sido inúteis para milhões de consumidores. O mais recente apagão, expressão que tanto incomoda a presidente, ocorreu no último fim de semana e afetou a vida de 2,7 milhões de brasileiros só nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. O número total de cidadãos prejudicados é certamente bem maior, pois a interrupção se estendeu para mais 10 Estados das Regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.
A falha no sistema interligado de energia elétrica do País começou às 17h43 de sábado (15/12) e, no Estado de São Paulo, só foi totalmente superada às 21h21. Pelo menos 20 bairros da capital e 9 cidades da Grande São Paulo ficaram sem energia elétrica. A distribuidora Eletropaulo, que atende a região, estima que 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pelo corte do fornecimento de energia. No Rio, o apagão prejudicou 1,2 milhão de clientes que moram em 26 cidades.
Como em outros apagões recentes, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou com razoável precisão as causas do evento. Desta vez, como informou, o problema foi provocado por falhas que levaram ao desligamento de unidades geradoras da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, da estatal Furnas, localizada no Rio Paranaíba, entre os Estados de Goiás e de Minas Gerais. Também como fez após outros apagões, o operador do sistema disse que "as causas do evento serão investigadas".
No fim de outubro, depois do apagão que deixou sem energia 9 Estados do Nordeste e áreas do Tocantins e do Pará, afetando mais de 50 milhões de consumidores, a presidente Dilma Rousseff - de novo irritada, segundo se informou - exigiu explicações "efetivas" sobre a ocorrência e providências para se reduzir a possibilidade de sua repetição.
O ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, anunciou, então, que seria realizada uma operação pente-fino no sistema elétrico, para evitar novos apagões. Foi baixada uma portaria com as ações a serem executadas nessa operação, destinada, segundo o governo, a aumentar a segurança operacional do sistema. O ministro reconhecia que, com a frequência das interrupções no fornecimento de energia para amplas áreas, o sistema estava perdendo confiabilidade.
Engenheiros e outros técnicos do setor elétrico vêm alertando há tempos que a frequência dos apagões mostra a necessidade de investimentos em manutenção. Ao envelhecimento do sistema elétrico, em todas as suas etapas - geração, transmissão, distribuição -, deve corresponder o aumento proporcional de investimentos em manutenção ou substituição de equipamentos.
Mas, ao mesmo tempo que se irrita com os apagões, a presidente Dilma Rousseff impõe ao setor elétrico uma política que, com o objetivo único de reduzir as tarifas de energia - que, de fato, são altas -, cerceia as empresas, burocratiza ainda mais as decisões, impõe-lhes custos adicionais e, assim, tende a tolher os investimentos.
Como mostrou o Estado (17/12), com a nova política para o setor elétrico, as empresas que aceitaram a renovação antecipada das concessões que vencem entre 2013 e 2015 terão de obter a autorização prévia da Aneel para realizar qualquer gasto com modernização ou ampliação de capacidade de uma usina. Assim, a substituição de equipamentos analógicos por digitais, por exemplo, que pode reduzir os riscos operacionais, terá de ser previamente avaliada pela agência reguladora, que calculará qual será o impacto da despesa sobre a tarifa de energia. Quando o foco está na tarifa, desprezam-se fatores como eficiência e, sobretudo, segurança operacional. É uma forma de alimentar os apagões.
A falha no sistema interligado de energia elétrica do País começou às 17h43 de sábado (15/12) e, no Estado de São Paulo, só foi totalmente superada às 21h21. Pelo menos 20 bairros da capital e 9 cidades da Grande São Paulo ficaram sem energia elétrica. A distribuidora Eletropaulo, que atende a região, estima que 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pelo corte do fornecimento de energia. No Rio, o apagão prejudicou 1,2 milhão de clientes que moram em 26 cidades.
Como em outros apagões recentes, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) identificou com razoável precisão as causas do evento. Desta vez, como informou, o problema foi provocado por falhas que levaram ao desligamento de unidades geradoras da Usina Hidrelétrica de Itumbiara, da estatal Furnas, localizada no Rio Paranaíba, entre os Estados de Goiás e de Minas Gerais. Também como fez após outros apagões, o operador do sistema disse que "as causas do evento serão investigadas".
No fim de outubro, depois do apagão que deixou sem energia 9 Estados do Nordeste e áreas do Tocantins e do Pará, afetando mais de 50 milhões de consumidores, a presidente Dilma Rousseff - de novo irritada, segundo se informou - exigiu explicações "efetivas" sobre a ocorrência e providências para se reduzir a possibilidade de sua repetição.
O ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, anunciou, então, que seria realizada uma operação pente-fino no sistema elétrico, para evitar novos apagões. Foi baixada uma portaria com as ações a serem executadas nessa operação, destinada, segundo o governo, a aumentar a segurança operacional do sistema. O ministro reconhecia que, com a frequência das interrupções no fornecimento de energia para amplas áreas, o sistema estava perdendo confiabilidade.
Engenheiros e outros técnicos do setor elétrico vêm alertando há tempos que a frequência dos apagões mostra a necessidade de investimentos em manutenção. Ao envelhecimento do sistema elétrico, em todas as suas etapas - geração, transmissão, distribuição -, deve corresponder o aumento proporcional de investimentos em manutenção ou substituição de equipamentos.
Mas, ao mesmo tempo que se irrita com os apagões, a presidente Dilma Rousseff impõe ao setor elétrico uma política que, com o objetivo único de reduzir as tarifas de energia - que, de fato, são altas -, cerceia as empresas, burocratiza ainda mais as decisões, impõe-lhes custos adicionais e, assim, tende a tolher os investimentos.
Como mostrou o Estado (17/12), com a nova política para o setor elétrico, as empresas que aceitaram a renovação antecipada das concessões que vencem entre 2013 e 2015 terão de obter a autorização prévia da Aneel para realizar qualquer gasto com modernização ou ampliação de capacidade de uma usina. Assim, a substituição de equipamentos analógicos por digitais, por exemplo, que pode reduzir os riscos operacionais, terá de ser previamente avaliada pela agência reguladora, que calculará qual será o impacto da despesa sobre a tarifa de energia. Quando o foco está na tarifa, desprezam-se fatores como eficiência e, sobretudo, segurança operacional. É uma forma de alimentar os apagões.
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