REVISTA ÉPOCA
Eles não enxergam bem por trás dos estereótipos. Se enxergassem, continuariam gostando do que veem. Por trás do estereótipo do presidente negro está o governante bondoso, em mais uma camada dos clichês que constituem Obama. E os politicamente corretos amam os clichês, que tornam o mundo mais simples e os liberam da desagradável tarefa de pensar. A modernidade é assim: esconda-se atrás de um bom slogan e será um virtuoso.
Existe uma turma boa levando vida de herói desse jeito doce. O consagrado economista e prêmio Nobel Paul Krugman gostou tanto de ser o anti-Bush que não largou mais a vida fácil de alertar o mundo contra a maldade dos republicanos, dos capitalistas selvagens, das elites poderosas.
Virou quase um José Dirceu de Princeton, um Luiz Inácio do New York Times. Nesse coro da bondade estão outros conhecidos acadêmicos providenciais, como o também Nobel Joseph Stiglitz, sempre tirando da manga uma declaração que faça o populismo esquerdista parecer profundo. Isso para não falar nos americanos que ganham a vida sendo antiamericanos, como o teórico Noam Chomsky, ou dos patrulheiros “éticos” de Hollywood, como Oliver Stone, que chegam a façanhas como tentar transformar Hugo Chávez em ídolo das Américas.
Obama é um produto desse lixão chique, desse aparato infernal de boas intenções exibicionistas e inconsequentes. E qual é a solução dessa esquerda festiva para os Estados Unidos (e também para a Europa)? Gastar dinheiro. Torrar a grana do Estado, que não é de ninguém. Almoço grátis para todos. Nem bem foi reeleito, o presidente democrata já avisou que aumentará os impostos “dos ricos”. Como é hipócrita, a esquerda. Lá vai ela de novo enfiar a mão no bolso de quem produz, de quem poupa, de quem investe. E para quê? Para alimentar a insaciável máquina da burocracia estatal, que promete um bem-estar social inviável e produz basicamente o bem-estar dela mesma - e da consciência rasa dos “progressistas”.
O mundo, pelo visto, vai à falência com o sono tranquilo e um sorriso nos lábios. O golpe demagógico dos populistas é um sucesso. Por onde passa, Obama faz seu discurso vazio, repleto de clichês de humanismo, mero pretexto para suas caras e bocas ensaiadas com marqueteiros “modernos”. Um completo canastrão, sem ideias nem liderança, aclamado não pelo que diz, mas pelo que parece. O público não ouve uma palavra, só vê o estereótipo do símbolo social, do redentor negro. Obama é prêmio Nobel da Paz. Nem é preciso dizer mais nada.
Fez estrondoso sucesso um vídeo de Obama enxugando as lágrimas durante a campanha. Reeleito, qual foi sua primeira declaração? “Eu amo a Michelle.” Os brasileiros sabem bem o que é isso, com seu culto inesgotável ao filho do Brasil e à mãe do PAC, ou da pátria, ou sabe-se-lá-de-quem. Depois do melodrama, Obama veio com a parte séria, anunciando a medida que provém da única vocação concreta dos populistas: tomar dinheiro da iniciativa privada. Bondosos do mundo inteiro aplaudem, sem entender por que os países ricos estão cada vez mais perto da bancarrota.
Enquanto isso, no Brasil, o desorientado ministro da Fazenda, que já inventou até uma equação ligando o PAC ao PIB (nem Paul Krugman engoliria essa), admite ao país: o governo não cumprirá a meta fiscal em 2012. Como se sabe, Guido Mantega é um ministro de oposição, que critica as mal-dades do Banco Central e dá presentinhos com o IPI dos carros e das geladeiras. Desta vez, não deu para discordar das raposas monetárias: o superavit primário - que segura a estabilidade econômica - já era.
Nem tudo está perdido. Se os bonzinhos começarem a admitir que gastam o dinheiro que não têm, das duas uma: ou os povos vão à falência muito bem informados ou finalmente param de votar nesses Robin Hoods de circo.
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