FOLHA DE SP - 19/11
Quase 2 milhões de veículos devem ter deixado São Paulo ao longo deste feriado ultraprolongado, segundo estimativas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). São pelo menos 4 milhões de pessoas dispostas a aproveitar os seis dias seguidos de folga propiciados por um calendário permissivo.
Na capital paulista, soma-se ao feriado nacional da Proclamação da República (15 de novembro) o do Dia da Consciência Negra (20 de novembro), data comemorativa instituída em centenas de cidades. De quinta-feira até amanhã, muita gente não terá trabalhado.
A gazeta, aliás, foi muito facilitada neste ano. Apenas dois dos oito feriados nacionais caíram no fim de semana. O paulistano, por exemplo, poderá ter aproveitado nada menos que 16 dias úteis transformados oficialmente em descanso: seis feriados nacionais, dois municipais e um estadual, além de sete pontos facultativos.
Tantos dias parados têm seu preço. De acordo com cálculos do economista Gabriel Leal de Barros, da FGV do Rio de Janeiro, serão R$ 173 bilhões a menos para a economia do país em 2012. A cifra se aproxima de 4% do PIB nacional.
O prejuízo, na realidade, pode ser ainda maior, pois nessa conta não estão consideradas as "pontes", habituais quando o feriado ocorre na terça ou na quinta-feira -neste ano, serão ao todo quatro dessas ocasiões no Brasil.
O turismo interno, é verdade, ganha com essas oportunidades de viagem, mas o comércio e, sobretudo, a indústria se veem prejudicados. Para diminuir as perdas e evitar que as máquinas parem, muitas empresas até preferem pagar a mais para seus empregados trabalharem nos feriados.
Outros países, como China e Portugal, resolveram cortar o número de feriados nacionais. O Brasil deveria seguir o mesmo caminho e começar pela supressão de alguns pontos facultativos, que elevam a lista de "feriados" federais, na prática, de oito para 15.
Um segundo passo seria, como em alguns países, deslocar os feriados de terça e quinta-feira para segunda ou sexta. Em contrapartida, datas comemorativas que coincidissem com sábados e domingos poderiam ser transferidas para um dia útil, como nos EUA.
A vantagem, além de derrubar as "pontes", é que não haveria diferença, entre um ano e outro, no total de dias de labuta e de descanso -algo racional para a economia e benéfico para o trabalhador.
Mexer com feriados pode ser uma pauta impopular aos olhos de muitos, mas ajudaria o país a crescer mais.
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