Folha de S. Paulo - 23/10
O governo da presidente Dilma Rousseff parece obcecado com o crescimento robusto da economia -a ponto de já suscitar receios quanto a um recrudescimento da inflação. Entre os planos e sua consecução, no entanto, se interpõem as condições objetivas e as consequências não pretendidas.
O bom governante consegue antever obstáculos e contorná-los sem afastar-se da meta fixada. Dessa perspectiva, os quase dois anos de Dilma no Planalto deixam algo a desejar, dedicados como foram às medidas pontuais.
Como assinalou o economista Samuel Pessôa em sua coluna de domingo nesta Folha, o crescimento brasileiro não pode nem ser considerado medíocre (no sentido de mediano) ante um panorama composto por 11 países da América Latina. Só o Paraguai terá ido pior que o Brasil, ao crescer 1,4% na média do biênio 2011-2012 (considerada a previsão do FMI para este ano).
O desempenho brasileiro no período deverá ficar em 2,1%. Estima-se que o Peru avançará 6,5%, o Equador, 5,9%, e o México, 3,9% -colado na média geral, de 3,8%.
São apenas dois anos, por certo, com base nos quais não se podem extrair muitas conclusões sobre todo o governo Dilma. O ano de 2013 terá crescimento melhor que o 1,5% projetado para 2012, mas será uma grande surpresa se se aproximar daqueles 3,8%.
Nos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o país cresceu 2,3% na média, ligeiramente acima dos 2,2% da América Latina. Os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaram um pouco abaixo da média, 4% contra 4,1%.
Mesmo que a economia reaja até 2014, faltam a Dilma as condições internacionais favoráveis que turbinaram o período Lula (em que pese a crise de 2008-2009), como o impulso do dragão chinês, para repetir os índices do antecessor.
O que mais inquieta, como indica Pessôa, é a possibilidade de que as políticas distributivas iniciadas por Lula e continuadas por Dilma -fonte da popularidade de ambos- estejam a aproximar-se de seus limites econômicos. Um crescimento indigente impedirá que a desigualdade siga caindo, e o consumo, aumentando.
O Brasil todo, e não só o PT, terá então de enfrentar o encontro doloroso com aquilo que se acostumou a adiar: os entraves estruturais que impedem o país de crescer com todo seu potencial. Educação deficiente, excesso de burocracia, carga tributária elevada e complexa, infraestrutura aos pedaços -nada que se consiga resolver com desonerações setoriais, medidas protecionistas e mais intervenção estatal, como se viu até agora.
O bom governante consegue antever obstáculos e contorná-los sem afastar-se da meta fixada. Dessa perspectiva, os quase dois anos de Dilma no Planalto deixam algo a desejar, dedicados como foram às medidas pontuais.
Como assinalou o economista Samuel Pessôa em sua coluna de domingo nesta Folha, o crescimento brasileiro não pode nem ser considerado medíocre (no sentido de mediano) ante um panorama composto por 11 países da América Latina. Só o Paraguai terá ido pior que o Brasil, ao crescer 1,4% na média do biênio 2011-2012 (considerada a previsão do FMI para este ano).
O desempenho brasileiro no período deverá ficar em 2,1%. Estima-se que o Peru avançará 6,5%, o Equador, 5,9%, e o México, 3,9% -colado na média geral, de 3,8%.
São apenas dois anos, por certo, com base nos quais não se podem extrair muitas conclusões sobre todo o governo Dilma. O ano de 2013 terá crescimento melhor que o 1,5% projetado para 2012, mas será uma grande surpresa se se aproximar daqueles 3,8%.
Nos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o país cresceu 2,3% na média, ligeiramente acima dos 2,2% da América Latina. Os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficaram um pouco abaixo da média, 4% contra 4,1%.
Mesmo que a economia reaja até 2014, faltam a Dilma as condições internacionais favoráveis que turbinaram o período Lula (em que pese a crise de 2008-2009), como o impulso do dragão chinês, para repetir os índices do antecessor.
O que mais inquieta, como indica Pessôa, é a possibilidade de que as políticas distributivas iniciadas por Lula e continuadas por Dilma -fonte da popularidade de ambos- estejam a aproximar-se de seus limites econômicos. Um crescimento indigente impedirá que a desigualdade siga caindo, e o consumo, aumentando.
O Brasil todo, e não só o PT, terá então de enfrentar o encontro doloroso com aquilo que se acostumou a adiar: os entraves estruturais que impedem o país de crescer com todo seu potencial. Educação deficiente, excesso de burocracia, carga tributária elevada e complexa, infraestrutura aos pedaços -nada que se consiga resolver com desonerações setoriais, medidas protecionistas e mais intervenção estatal, como se viu até agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário