RIO DE JANEIRO - Parece que o processo do mensalão está entrando em sua fase final e, embora ainda possam ocorrer algumas surpresas, o mais importante já foi revelado e julgado. Louvando o extraordinário esforço do Supremo Tribunal Federal e de todos os seus eminentes ministros, já podemos salientar algumas (talvez muitas) dificuldades para o momento em que o martelo da justiça será batido.
Como é comum durante os debates, acusação e defesa cumprem seu papel e tudo corre dentro da normalidade jurídica, com pequenos e irrelevantes casos de discordância na matéria processual -e, em alguns casos, até mesmo no campo pessoal.
Em linhas gerais, cabe alguma ironia a respeito dos principais réus. No discurso que Marco Antônio pronunciou no funeral de Júlio César (um dos grandes momentos da obra de Shakespeare), o fiel amigo do ditador referiu-se de forma igualmente irônica aos inimigos que conspiraram naqueles idos de março: "All honourable men", destacando que "Brutus and the rest" eram todos homens honrados.
Acompanhando os depoimentos dos acusados, percebe-se que, além de jurarem total inocência na compra de votos dos parlamentares, todos revelam os motivos republicanos com os quais tentaram dar a necessária governabilidade ao presidente da República de então. Todos, de Brutus até o resto, são homens honrados e certamente usarão de todos os recursos legais para contestar não apenas as condenações mas também as penas -sobre as quais, desde já, materializaram-se dúvidas e interpretações que complicarão os resultados finais.
Bem verdade que o Supremo é supremo mesmo, suas decisões são supremas, inclusive porque são soluções finais. Mas de tal forma o processo se embananou que dificilmente teremos uma solução pacífica, embora inapelável.
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