BRASÍLIA - "Vem rápido, pai, que vai aparecer a barriga do Ronaldo!" A TV mostrava a estreia da série sobre a batalha do ex-jogador de futebol contra o excesso de peso.
Não sei bem o quê, mas algo isso deve significar. Quando eu era adolescente, atiçavam-nos com as Garotas do Fantástico. Antes, estico a memória, eram os musicais, os maiôs de paetês, as pernas. Ai, Sandra Bréa... Hoje nos dão a pança descomunal, o umbigo retesado, os 118 kg de luxúria e preguiça.
O mito Ronaldo não foi construído somente com gols e troféus, mas com uma sequência singular de episódios de superação. Joelhos estourados, cirurgias em série, maratonas de fisioterapia. Desfalques de agentes, casamentos tumultuados, passagem pela delegacia. Quando as parcas da crônica davam o atacante por liquidado, lá vinha ele zombar do destino e dos zagueiros.
É uma grande ideia colocá-lo para emagrecer em público durante três meses. Nada tão difícil quanto trocar hábitos ruins por saudáveis. Ronaldo nos provará que até isso é possível. Basta ter força de vontade.
Claro que interessa, também, afinar a imagem do garoto-propaganda da próxima Copa do Mundo -e turbinar as pretensões do candidato a assumir a direção do futebol brasileiro pós-2014. Não estranhe, ainda, se derem um jeito de monetizar até a taxa de triglicérides do ex-craque.
Mas algo não encaixa direito nesse "soft porn" da saúde -e não só a falta de sex appeal das imagens.
Na largada, o Fenômeno acordou cedo, comeu salada e se exercitou. Nada de cerveja nem de cigarro. Todo esse esforço, porém, veio temperado de tiradas sarcásticas, olhares de lado e sorrisos maliciosos, como a nos lembrar que, a cada esforço sobre-humano de redenção de Ronaldo, a vida lhe proporcionou novos tombos da carne.
A cintura vai diminuir, aposto. Mas duvido que deem cabo do Ursinho Ted dos boleiros e das periguetes.
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