quarta-feira, outubro 10, 2012
A evolução dos termos de troca se deteriora - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 10/10
O resultado da balança comercial não depende apenas do aumento das exportações e da redução das importações. O mais importante é a relação de troca, isto é, a relação entre a evolução do preço das exportações e das importações. Essa relação, nos últimos anos favorável ao Brasil, agora está se deteriorando, com o preço das importações crescendo mais do que o das exportações.
Neste ano, os preços das exportações apresentaram queda de 2,9% nos oito primeiros meses do ano, enquanto os das importações subiram 1,3%. No caso das exportações é fácil descobrir o que puxou essa queda: foram, essencialmente, as exportações de produtos básicos, que dependem das cotações do mercado internacional. Nos oito primeiros meses, a exportação de produtos básicos cresceu ainda 3,4% em volume, mas o resultado foi anulado por uma queda dos preços de 6,5%.
A retração das atividades nos países do Hemisfério Norte se traduziu por uma queda das necessidades desses países em produtos básicos, mas foi principalmente a queda do ritmo das atividades na China que contribuiu para a forte queda de preços. Isso revela a fragilidade do comércio exterior quando depende excessivamente das exportações de commodities e, mais ainda, de um cliente muito importante.
Indo adiante, temos de nos preparar para uma nova queda dos preços dos produtos básicos em 2013, levando em conta que os países do Hemisfério Norte vão continuar com crescimento medíocre e que, como o reconhece o Banco Mundial, a China vai reduzir ainda mais o seu ritmo de crescimento. Seria fundamental aumentar nossa competitividade para exportar mais bens manufaturados, que tiveram um aumento de preços de 1,8%, mas uma queda de volume de 3,4%.
A questão do preço das importações é mais complexa. Não há dúvida de que o aumento do preço dos combustíveis (essencialmente gasolina) de 5,9% teve grande peso na elevação dos preços de nossas importações. Isso nos adverte sobre o erro de uma política de refino que não se propôs a acelerar a produção de combustíveis e a favorecer a produção de álcool, para manter a mistura num nível adequado.
Existe, porém, um outro problema que não podemos esquecer: estamos importando cada vez mais bens de alta tecnologia, isto é, mais caros. E temos a tendência de nos tornarmos um país que apenas faz a montagem dos bens importados. Cabe rever a política de comércio externo, se quisermos voltar a exportar produtos de maior valor agregado.
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