O ESTADÃO - 28/08
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deverá se decidir por um novo corte nos juros básicos (Selic), mais provavelmente de meio ponto porcentual, para 7,5% ao ano.
Se isso se confirmar e se, como também parece provável, a inflação anual avançar para o nível de 5,5%, os juros reais (descontada a inflação) cairão para a casa dos 2,0% ao ano. É ainda um patamar elevado quando comparado aos juros reais negativos que prevalecem na maioria dos países ricos.
O rendimento (yield) de um título do Tesouro dos Estados Unidos, de dez anos, oscila em torno de 1,65% ao ano. A inflação do dólar prevista para este ano é de 2,0%. E, no entanto, muitos economistas de prestígio defendem a proposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) permita o avanço da inflação para patamares mais altos do que esse, para ajudar a derrubar o atual estoque de dívidas públicas e privadas e, assim, facilitar uma saída para a crise que persiste prostrando a economia e o emprego.
Para o brasileiro que tem um pé de meia para administrar, a derrubada dos juros ainda vem causando enorme perplexidade. Todas as semanas, os serviços de finanças pessoais veiculados pelos jornais e pela internet vêm recebendo consultas de aplicadores aturdidos com o baixo rendimento das mesmas aplicações, que há alguns meses garantiam um futuro financeiro bem mais promissor.
Acostumado a juros reais da ordem de 4,0% a 6,0% ao ano, o administrador de um patrimônio pessoal ou familiar terá agora de se conformar com um retorno cada vez mais ralo. E, se até recentemente dependeu de boa rentabilidade para calçar sua aposentadoria, não há muito o que possa fazer além das três opções (ou de alguma combinação delas) que tem agora à sua disposição: ou terá de buscar no risco o que até agora provinha das operações firmes, especialmente da renda fixa; ou terá de aumentar sua poupança para assegurar o capital futuro que os juros baixos não poderão mais amealhar; ou, ainda, terá de adiar sua aposentadoria.
Esse não é um problema novo somente para pessoas físicas. Os administradores de fundos de pensão do Brasil também enfrentam desafios equivalentes. Seguem submetidos a metas atuariais estabelecidas pelo governo que, além da reposição da inflação, preveem retorno patrimonial de mais 6,0% ao ano. Não há como assegura benefícios dessas proporções.
O problema de como montar uma carteira de aplicações que seja capaz de proporcionar retorno de longo prazo num ambiente de juros rasteiros não deixa, em contrapartida, de ser excelente oportunidade para que o governo federal crie mecanismos que desenvolvam no Brasil o mercado de aplicações de risco.
Até recentemente, o rendimento farto e fácil dos títulos do Tesouro Nacional impediu o crescimento de um mercado de capitais que conseguisse proporcionar, além de lucratividade de longo prazo, capital barato para o setor produtivo nacional.
Muita gente ainda imagina que "juros que não valem a pena" empurram ao consumo. E, no entanto, esta é uma boa oportunidade para desenvolver uma nova mentalidade de poupança neste país, mais associada ao risco e também mais saudável.
Se isso se confirmar e se, como também parece provável, a inflação anual avançar para o nível de 5,5%, os juros reais (descontada a inflação) cairão para a casa dos 2,0% ao ano. É ainda um patamar elevado quando comparado aos juros reais negativos que prevalecem na maioria dos países ricos.
O rendimento (yield) de um título do Tesouro dos Estados Unidos, de dez anos, oscila em torno de 1,65% ao ano. A inflação do dólar prevista para este ano é de 2,0%. E, no entanto, muitos economistas de prestígio defendem a proposta de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) permita o avanço da inflação para patamares mais altos do que esse, para ajudar a derrubar o atual estoque de dívidas públicas e privadas e, assim, facilitar uma saída para a crise que persiste prostrando a economia e o emprego.
Para o brasileiro que tem um pé de meia para administrar, a derrubada dos juros ainda vem causando enorme perplexidade. Todas as semanas, os serviços de finanças pessoais veiculados pelos jornais e pela internet vêm recebendo consultas de aplicadores aturdidos com o baixo rendimento das mesmas aplicações, que há alguns meses garantiam um futuro financeiro bem mais promissor.
Acostumado a juros reais da ordem de 4,0% a 6,0% ao ano, o administrador de um patrimônio pessoal ou familiar terá agora de se conformar com um retorno cada vez mais ralo. E, se até recentemente dependeu de boa rentabilidade para calçar sua aposentadoria, não há muito o que possa fazer além das três opções (ou de alguma combinação delas) que tem agora à sua disposição: ou terá de buscar no risco o que até agora provinha das operações firmes, especialmente da renda fixa; ou terá de aumentar sua poupança para assegurar o capital futuro que os juros baixos não poderão mais amealhar; ou, ainda, terá de adiar sua aposentadoria.
Esse não é um problema novo somente para pessoas físicas. Os administradores de fundos de pensão do Brasil também enfrentam desafios equivalentes. Seguem submetidos a metas atuariais estabelecidas pelo governo que, além da reposição da inflação, preveem retorno patrimonial de mais 6,0% ao ano. Não há como assegura benefícios dessas proporções.
O problema de como montar uma carteira de aplicações que seja capaz de proporcionar retorno de longo prazo num ambiente de juros rasteiros não deixa, em contrapartida, de ser excelente oportunidade para que o governo federal crie mecanismos que desenvolvam no Brasil o mercado de aplicações de risco.
Até recentemente, o rendimento farto e fácil dos títulos do Tesouro Nacional impediu o crescimento de um mercado de capitais que conseguisse proporcionar, além de lucratividade de longo prazo, capital barato para o setor produtivo nacional.
Muita gente ainda imagina que "juros que não valem a pena" empurram ao consumo. E, no entanto, esta é uma boa oportunidade para desenvolver uma nova mentalidade de poupança neste país, mais associada ao risco e também mais saudável.
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