FOLHA DE SP - 24/06
RIO DE JANEIRO - Crônica publicada na "Ilustrada" da última sexta-feira, "Mata! Mas não esquarteja" provocou protesto de leitor, que considerou o conselho mais selvagem do que aquele que foi dado por Paulo Maluf há tempos, "Estupra, mas não mata!", conselho que, aliás, está citado explicitamente no meu texto.
Não creio que algum desavisado tenha seguido a advertência do Maluf, cometendo o estupro, mas poupando a vida de sua vítima.
Tampouco acredito que algum fanático vá assassinar alguém e poupá-lo de destrinchar o seu corpo, como fazemos com o peru ou com o frango "al primo canto".
Não sou policial nem psiquiatra para avaliar o recente caso da mulher que conseguiu a proeza de colocar o marido, que ela matou, dentro de três malas, despejando-as em locais diferentes na evidente intenção de ocultar o crime que confessou logo ao ser presa, aparentemente sem necessidade de tortura.
Lembro o caso ocorrido no Rio, no qual foi assassinada uma jovem, Cláudia Lessin Rodrigues, irmã da atriz que foi a "garota de Ipanema" no cinema.
Depois da violência praticada, o assassino chamou um amigo para ajudar na ocultação do cadáver: um cabeleireiro que tinha salão em Copacabana. Este não fugiu, foi preso e julgado. Confessou a sua participação no caso, mas esclareceu que o mais difícil foi colocar a moça, que era alta, dentro da mala que levou o corpo até o mar. Durante o julgamento, o promotor atirou diante da bancada dos jurados não a mala do crime, mas outra, que havia comprado para acentuar a monstruosidade dos assassinos.
O promotor queria impressionar o júri, achando que assim obteria uma condenação. Não adiantou. O réu foi absolvido naquela instância. Uma sentença macabra, talvez pior do que um esquartejamento.
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