quinta-feira, maio 10, 2012
Ascensão e queda - CLAUDIA ANTUNES
FOLHA DE SP - 10/05/12
RIO DE JANEIRO - Ainda não estão claros os termos da troca no comando da Delta, cuja gestão será assumida por uma holding, a J&F, que é de fora do ramo. Não se sabe, por exemplo, que parte do espólio caberá a Fernando Cavendish, sócio majoritário da construtora envolvida com Carlos Cachoeira e o lobby de Demóstenes Torres.
De todo modo, a queda da Delta que existia até ontem foi fulminante como sua ascensão. A empresa, que há dez anos não estava entre as grandes empreiteiras nacionais, havia atingido a sexta posição no ranking, com a quase totalidade dos seus contratos em obras públicas.
Enturmado com empresários e políticos do Rio, Cavendish transferiu nos anos 90 para o Estado a empresa de obras viárias do pai pernambucano. Aqui, obteve os primeiros projetos fora dessa especialidade.
O crescimento nacional veio no vácuo da CPI do Orçamento, que depois de 1993 levou parte das grandes construtoras a uma retirada estratégica das licitações do Dnit.
No órgão federal de infraestrutura de transportes, a Delta acumulou vitórias dando descontos de até 30% nos preços mínimos, depois complementados por aditivos. Assim fincou pés em 25 Estados, onde hoje tem negócios que incluem coleta de lixo e tratamento de esgoto.
A construtora foi mortalmente atingida pelos registros de suas relações escusas. É difícil crer, porém, que seja a única maçã podre num cesto que aumentou com o crescimento econômico recente e os eventos internacionais que o país sediará.
Outra incógnita vem do fato de que, se a vigilância externa empurra o Planalto a uma maior transparência nos gastos, muitos Estados ainda têm contas fechadas a serem testadas pela nova Lei de Acesso a Informações Públicas. Casos como os de Goiás, surgidos na investigação da PF, devem ter réplicas infinitas, com os mesmos ou outros personagens.
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