FOLHA DE SP - 26/03/12
Cristalizou-se um consenso sobre o que os países deveriam fazer nesse campo: manter controladas as expectativas de inflação, com uma política previsível que calibraria os juros; desamarrar o câmbio, o comércio e a finança internacional; moderar gastos e arrecadação do governo.
Pacificada a macroeconomia, estaria inaugurada a era da microeconomia: como tornar mais eficientes empresas, governo e trabalhadores num ambiente de acentuada competição global.
A relativa calmaria que sustentava esse cenário desfez-se no final da década passada. De saída, cogitou-se que o receituário "keynesiano" -governos evitam a quebradeira bancária e suprem a falta de demanda e investimento do setor privado- recolocaria a coisa nos eixos.
Não rolou. Entupidos de dívida e deficit, e com os juros perto de zero, os governos estão impedidos de ampliar os estimulantes do PIB. Muitos, como os europeus, obrigam-se a reverter de chofre essa política, sob pena de serem engolfados.
No Brasil, o governo de Dilma Rousseff adota a agenda minimalista de distribuir esparadrapos pelas feridas abertas no transe global. A inflação, o gasto público e o câmbio transferem a renda extraordinária vinda do exterior (graças aos recordes nos preços do minério e da comida que vendemos) para a indústria de consumo e capital instalada também no exterior.
Isso não vai dar certo. A mina e a roça não serão capazes de sustentar indefinidamente um país urbano de 200 milhões de habitantes. É preciso aumentar a escala de nossas preocupações, pois a macroeconomia está de volta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário