segunda-feira, março 26, 2012

Duas horas com Dilma - CARTA AO LEITOR

REVISTA VEJA

"E uma boa coisa que o presidente da República fale à imprensa - ponto", dizia a Carta ao Leitor de VEJA de 1° de agosto de 1979 ao anunciar que, pela primeira vez desde 1964, um presidente da República dava uma entrevista formal e exclusiva à imprensa, tendo escolhido os profissionais da revista para conversar. O presidente era João Baptista Figueiredo, o general que encerrou o regime militar. Figueiredo falou apenas meia hora, mas abriu o coração sobre os problemas que enfrentava no cargo, deu detalhes inéditos sobre a Lei da Anistia aos que cometeram crimes durante o ciclo dos generais e adiantou que o Brasil dificilmente escaparia do racionamento de gasolina. Desde então, VEJA entrevistou todos os presidentes que se seguiram a Figueiredo com a redemocratização - José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula.

No mesmo mês e ano em que Figueiredo falava a VEJA, assinava sua ficha de inscrição no PDT uma ex-militante que cumprira pena acusada de integrar um grupo que executara ações armadas durante o regime militar. Seu nome, Dilma Rousseff. Pouco mais de trinta anos depois, ela se elegeria presidente da República pelo PT. Na semana passada, durante duas horas, Dilma conversou com Eurípedes Alcântara, diretor de redação de VEJA, e com os redatores-chefes Lauro Jardim, Policarpo Junior e Thaís Oyama. Foi sua primeira entrevista formal e exclusiva a VEJA como presidente. Como dizia a Carta ao Leitor de 1° de agosto de 1979, foi "uma boa coisa - ponto". Em uma das semanas mais conturbadas para ela no tenso cabo de guerra com a base de sustentação no Congresso – problema, aliás, que foi tema das conversas de VEJA com todos os presidentes que a antecederam –, Dilma estava surpreendentemente tranquila e confiante. Ela não deixou pergunta sem resposta, como mostra a reportagem

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