Medidas ajudaram empresas, mas Itália chegou ao limite, diz empresário
Franco Bernabè, presidente da Telecom Italia, grupo que detém a TIM, a segunda maior operadora no Brasil, onde conta com 59 milhões de clientes, afirma que as medidas tomadas pelo governo Mario Monti beneficiaram o empresariado italiano, mas "a Itália chegou ao limite".
Impedido de falar sobre planos para o Brasil, dada a proximidade da divulgação de resultados, Bernabè expressou a hoje comum insatisfação na Europa fora da Alemanha contra a liderança da premiê Angela Merkel.
A seguir, trechos da entrevista feita na sede da companhia, em Roma.
A liderança europeia não deu as respostas certas e no tempo certo de que a crise é de débito. A Itália é o país que deu respostas mais oportunas ao nomear um governo de grande autoridade, com Monti, uma das pessoas mais respeitadas na Europa. Conseguiu fazer reformas que, em outras países, teriam gerado instabilidade social fortíssima. De uma noite para a outra, Monti retardou a aposentadoria para a idade de 65 anos. A saída de Berlusconi foi muito positiva inclusive para o confronto de países. Ele criou uma enorme desilusão porque dizia que problemas não existiam, que a Itália era fortíssima.
Mas Monti só pode resolver os problemas da Itália se houver uma liderança europeia responsável. Falta um Banco Central Europeu (BCE) real. Todos os BCs, diante de uma crise de liquidez emitem moeda para reagir aos riscos de iliquidez e de "default". O BCE não tem instrumentos. O Fundo de Estabilidade é um substituto do que deveria ser. A união fiscal é impossível. Talvez, no longo prazo.
Alemanha
A Alemanha fez reformas importantes que permitiram crescimento, mas se beneficiou enormemente do euro porque teve durante anos uma moeda mais fraca do que o marco. A sra. Merkel erra ao dizer que não quer pagar os custos da falta de austeridade fiscal alheia e compromete gravemente as relações com outros países. A Alemanha tem sido pouco generosa com o resto da Europa porque no século passado faliu quatro vezes. Quando declarou insolvência em 1948, os EUA, em vez de exigirem extraordinária austeridade fiscal, fizeram o Plano Marshall, permitiram que ela se recuperasse. A economia mundial cresce mais graças à generosidade do que ao rigor fiscal. Seria diferente se eles tivesse feito a Alemanha pagar pelo nazismo e as duas guerras que fez. A sra. Merkel deve pensar que a Alemanha é o que é graças aos EUA e às potências vencedoras. Há hoje uma forte reação antialemã.
A Merkel já mandou para casa Berlusconi, provavelmente mandará também Sarkozy, e provocou uma meia revolução na Grécia. Não contam apenas as suas eleições na Alemanha, mas o equilíbrio na Europa. Todos devem colocar as contas em ordem, mas a Alemanha está criando um sofrimento grave e inútil. A Itália tem deficit fiscal menor do que a Alemanha, ainda que dívida maior. A experiência da Grécia é dolorosíssima. Há quatro anos faz política restritiva e o PIB será 20% mais baixo em 2012 do que há quatro anos.
Medidas e o empresariado
As medidas tomadas por Monti foram favoráveis às empresas: incentivam reinvestimento dos lucros e reduzem o imposto sobre o trabalho. Os empresários não querem outras medidas. A Itália chegou ao limite. Pode-se criar uma crise social. É hora de medir as medidas.
Vida sem crédito
O mercado interbancário desapareceu. Os bancos pegam recursos do BCE e os depositam no BCE. O dinheiro foi colocado à disposição, mas não circula. Estamos em típica armadilha de liquidez keynesiana. É o mesmo debate de como pagar pela Guerra. Depois de 80 anos, ele nada ensinou aos políticos europeus. Sou otimista. Os EUA estavam piores que a Europa, mas têm a febre que imprime dólares e os consumidores falidos gastam e estão felizes. Os europeus são muito mais propensos à flagelação.
Teles na Europa
Nos EUA e na Ásia, o mercado é muito mais concentrado. Há centenas de empresas em operação na Europa e forte concorrência, o que enfraquece empresas europeias. Investimos em fibra ótica no Brasil, no ano passado, antes que na Itália.
"A Alemanha tem sido pouco generosa com o resto da Europa porque no século passado faliu quatro vezes. Em 1948, os EUA, em vez de exigirem extraordinária austeridade fiscal, permitiram que se recuperasse. A sra. Merkel deve pensar que a Alemanha é o que é graças aos EUA e às potências vencedoras"
HOTELARIA MINEIRA
A Accor e o grupo Maio/Paranasa anunciam hoje a construção de um empreendimento com dois hotéis em Belo Horizonte (MG).
O investimento será de cerca de R$ 140 milhões.
As obras do projeto, que terá 444 apartamentos, devem começar no final deste semestre, segundo Felipe Boni, da Accor. "A inauguração está programada para o primeiro trimestre de 2014", diz.
Será o oitavo empreendimento realizado em parcerias entre os dois grupos.
Em 2010, foi regulamentada na cidade uma lei que flexibiliza a altura máxima dos hotéis e permite que a construção ocupe uma parcela maior dos terrenos.
Até 2014, a Accor dobrará o número de hotéis com suas bandeiras na capital mineiras e chegará a 12 unidades.
"Toda a iniciativa que vise diminuir a burocracia e incentivar o setor é bem-vinda."
SAQUE INDIANO
Após vender 2.000 caixas eletrônicos para a Índia, a brasileira Perto, fabricante do produto, prepara-se para instalar fábrica no país asiático.
O investimento será de US$ 35 milhões (cerca de R$ 60 milhões) e a expectativa é que a unidade comece a produzir em dois anos.
"A Índia é um mercado enorme e com nível de automatização bancária baixo se comparado com o Brasil", diz o presidente da empresa, Thomas Elbling.
A planta deverá fabricar entre 500 e 800 caixas eletrônicos por mês para o mercado interno e para países vizinhos.
A companhia ainda estuda cidades potenciais do país e seus incentivos ficais para decidir onde irá se instalar. O anúncio do local escolhido será feito até junho.
Neste mês, a empresa começa as obras de ampliação de sua fábrica no Rio Grande do Sul. Serão investidos R$ 35 milhões para aumentar a produção mensal de 800 terminais para 1.400 unidades.
com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ
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