As forças que se organizam para disputar a Prefeitura de Salvador tentam calcular o impacto político-eleitoral da onda de violência causada pela greve da PM. De imediato, aliados e adversários apostam que o governador Jaques Wagner (PT), na berlinda, tentará reforçar a posição de seu candidato, Nelson Pelegrino (PT), negociando o apoio de partidos da base estadual. Porém alguns deles, como PP e PC do B, têm nomes lançados e resistem à ideia de retirá-los do páreo.
Pelegrino aparece em segundo lugar nas pesquisas, atrás de ACM Neto (DEM), que ainda não anunciou, mas, segundo entendimento geral, é candidatíssimo.
Para já Do senador Walter Pinheiro (PT-BA), defendendo a costura imediata de ampla aliança para sustentar Pelegrino: "Isso tem de ser feito antes do Carnaval. Em Salvador, a esquerda só ganhou quando se uniu".
Ruído Nem tudo é festa para ACM Neto. O deputado, que tenta costurar entendimento com o PMDB, busca atrair também o PSDB, de cuja direção nacional recebeu um indicativo de apoio. Ato contínuo, o deputado Jutahy Jr. afirmou que os tucanos terão candidato próprio.
Escolado Vice de Jaques Wagner, Otto Alencar (PSD) ocupava o mesmo posto em 2001, ano de outra greve famosa da PM baiana. O governador era César Borges, então pefelista e hoje no PR.
Compromissos Em conversa recente, Dilma Rousseff sugeriu a Michel Temer que ambos evitem se envolver nas disputas municipais, de modo a preservar o governo. Com a polidez habitual, o vice disse partilhar da preocupação da presidente, mas ponderou que terá de se fazer presente ao menos em São Paulo, onde o PMDB pretende lançar Gabriel Chalita.
Vamos trocar? Brincando, um cacique peemedebista dá ideia alternativa à de Dilma: "Se o PT tirar o Lula de cena, a gente tira o Temer".
Lógica Do governador Eduardo Campos (PSB-PE), sobre o reaparecimento no noticiário do escândalo de precatórios ocorrido quando seu avô governava Pernambuco e ele era secretário da Fazenda: "Como eu tenho amigos em todos os lugares, só pode ser fogo amigo".
Deixa disso Enquanto Roberto Jefferson combate o esforço de Guido Mantega para jogar a encrenca da Casa da Moeda no colo do PTB, correligionários como o senador Gim Argello (DF) e o deputado Jovair Arantes (GO) contemporizam. Este último tem dito "achar" que foi o colega Nelson Marquezelli (RS) quem sugeriu o nome de Luiz Felipe Denucci, agora demitido, para presidir o órgão.
Pela base 1 O PSDB estimula o lançamento de chapas de oposição à CUT em três dos maiores sindicatos de Minas Gerais. O objetivo é reduzir a beligerância das entidades que tiraram o sono de Antonio Anastasia no primeiro ano de governo.
Pela base 2 Estão na mira do núcleo sindical comandado por Aécio Neves o Sindágua, o Sindiletro e o Sindute -este responsável pela paralisação de 103 dias dos professores em 2011. A Força, central mais simpática ao senador, comanda a ofensiva.
Arbitragem Marco Maia (PT-RS) tem de decidir nesta semana se dá ao PSD cota de comissões correspondente ao tamanho da bancada. A norma de distribuição de cargos na Câmara remete ao total de deputados na data de posse, mas a sigla de Gilberto Kassab ameaça apelar à Justiça para comandar ao menos dois colegiados.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
"Agnelo Queiroz é um cínico juramentado. Se o chefe da polícia demitido era assim tão competente, então é caso de começar a preparar o camburão."
DO PRESIDENTE DO DEM, SENADOR JOSÉ AGRIPINO (RN), sobre o governador do DF, que elogiou o "bom trabalho técnico" de Onofre Moraes, exonerado após revelada gravação na qual diz que o petista deixará o cargo "num camburão".
Consultoria rápida
Durante recente reunião ministerial, Guido Mantega fazia uma exposição sobre o cenário econômico. A certa altura foi exibido slide com dados de pesquisa da OCDE mostrando que o Brasil havia conseguido crescer e distribuir renda em 2008, a despeito da crise internacional. O titular da Fazenda explicou aos colegas que havia incluído aquela informação a pedido de Dilma Rousseff.
A presidente comentou com bom humor:
-Vocês vejam só o que eu virei: agora sou assessora econômica do Mantega!
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