domingo, fevereiro 12, 2012

A greve ajudou o governo - JOÃO BOSCO RABELLO


O Estado de S.Paulo - 12/02/12


À parte os danos políticos, o governo avalia que a greve dos policiais, que teve seu epicentro na Bahia, acabou inviabilizando a votação da PEC 300 - que estabelece um piso nacional para a categoria - gerando um efeito colateral positivo para a economia.

Fator de tensão com o Congresso, sobretudo junto à base aliada, a emenda deixa de ser, por ora, ameaça à determinação de evitar a qualquer custo a aprovação de matérias que produzam aumento de despesas. No caso, segundo as estimativas do governo, desaparece do horizonte de preocupações uma conta de R$ 30 bilhões.

Na visão do governo, a afronta à Constituição, que proíbe greve em setores essenciais, o vandalismo, a violência e a quase meia centena de cadáveres de vítimas da paralisação na Bahia produziram uma repercussão negativa indispondo a categoria com a população. A tentativa aparentemente abortada de extensão simultânea do movimento a todos os Estados agravou essa percepção popular.

Esse contexto determinou o endurecimento com as lideranças do movimento, materializado na declaração da presidente Dilma Rousseff de que não haverá tolerância com infratores - como a anistia que ela própria equivocadamente endossara por ocasião do movimento dos bombeiros no Rio.

Embora reconheça que a questão salarial dos policiais foi negligenciada ao longo do tempo, o Planalto comemora o retorno das negociações ao âmbito estadual, governo a governo, neutralizando o efeito padronizador da emenda 300, que criaria dificuldades intransponíveis para os Estados mais pobres, incapazes de suportar um piso nacional.

Mantega reafirmará controle de gastos

Beneficiado também pelo desgaste do Poder Judiciário, que sustou a pressão por um aumento estimado em R$ 8 bilhões, o governo vai reiterar o veto a matérias que aumentem despesas. Por isso, a próxima reunião do Conselho Político, dia 13, deverá ser aberta pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, com uma exposição do cenário econômico e os efeitos da crise internacional no País, em reforço à gestão de "boca do caixa".

Morde e Assopra

Para compensar a rigidez fiscal, a ministra Ideli Salvatti garantiu a líderes da base o pagamento de emendas adiado desde dezembro do ano passado. Os deputados estão irritados com o descumprimento dos compromissos assumidos pelo Planalto - cerca de 40% das emendas não foram pagas, prejudicando-os junto às bases em ano de campanha municipal. Sob pressão, Ideli ganhou tempo até março para efetuar os pagamentos dentro da programação orçamentária dos ministérios.

PMDB reclama de gestão vigiada

A bronca da hora do PMDB é com os secretários executivos dos ministérios de Minas e Energia e da Previdência Social, respectivamente os petistas Márcio Zimmermann e Carlos Gabas. Ao vice-presidente Michel Temer, os peemedebistas disseram ter chegado ao limite com a interferência dos secretários executivos do PT nas pastas comandadas pelo partido.

Promissória registrada

Com a eleição para a presidência da Câmara incerta, o deputado Henrique Alves (PMDB-RN) registrou, para cobrança futura, a garantia dada ao telefone pelo novo líder do PT, Jilmar Tatto (SP), de que honrará o acordo para a sucessão de Marco Maia (PT-RS). Alves anda tenso, porque Arlindo Chinaglia (PT-SP), aliado de Jilmar, contesta o acordo e é candidato declarado ao cargo.

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