FOLHA DE SP - 10/01/12
Todos os anos terminam sob a expectativa de chuvas fortes, desabamentos ou tragédias, que não sempre, mas geralmente, atingem o lado mais fraco da sociedade. E não há prevenção, planejamento.
Outubro se vai, vem novembro, chega dezembro, janeiro cai na nossa cabeça e, aí sim, presidente, ministros, governadores, prefeitos, todos são obrigados a interromper férias ou folgas e voltar correndo para seus gabinetes, tentando remediar o que não foi prevenido.
Costuma ser tarde demais, além de sair muito mais caro.
O governo da "gerentona" não foge à regra, apesar de Dilma ter sido chefe da Casa Civil durante tragédias anteriores e ter mesmo visitado áreas dramaticamente alagadas no ano passado, já como presidente.
Ano após ano, a história se repete, com o mesmo corre-corre, e os que não preveniram não apenas correm atrás do prejuízo como ficam matutando como reduzir os danos políticos e ainda tirar alguma casquinha.
Foi assim que uma penca de ministros se reuniu no domingo à noite e foi ontem ao Planalto levar propostas para Dilma, que despachou especialistas para Minas, quilos de medicamentos para o Espírito Santo, aviões da FAB por aí, o comandante do Exército não sei para onde.
Subitamente, verbas não faltam. E sobem a cada novo deslizamento, a cada família desabrigada, a cada morto registrado nas telas de TV. Crie-se uma força tarefa! Antecipe-se o Bolsa Família! Abra-se o FGTS! Flexibilize-se o Orçamento! Aja-se imediatamente diante das câmeras!
Até o próximo ano, a próxima tragédia, a próxima vítima, os próximos desvios criminosos dos recursos para as cidades e as populações atingidas. É uma tragédia anunciada, entra ano, sai ano; entra década, sai década.
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