Entre os vários problemas que Mitt Romney enfrenta está o fato de ser mórmon. Os americanos nutrem profunda desconfiança em relação a essa fé, fundada por Joseph Smith nos anos 1820.
Eles têm seus motivos, como mostra Christopher Hitchens em "God is Not Great". Uma vez que o mormonismo surgiu em tempos relativamente recentes, quando já havia jornais e uma massa crítica de gente alfabetizada, registraram-se detalhes sugestivos de manipulação e fraude na gênese da nova religião.
Ao contrário do que se dá com outros profetas, a picaretagem de Smith está documentada. Em 1826, ele foi condenado como desordeiro e impostor por um tribunal de Nova York. Admitiu em juízo ter ludibriado seus concidadãos com falsas expedições de mineração e proclamando ter poderes de necromancia.
Quatro anos depois, inspirado no sucesso de pregadores religiosos que abundavam na região, Smith reaparecia nos jornais dizendo ter descoberto "o livro de Mórmon", que restaurava a verdadeira fé cristã e é a base da religião mórmon.
Segundo Smith, um anjo chamado Moroni o visitara três vezes para informá-lo de um livro -escrito em tábuas de ouro- que explicava a existência dos índios nas Américas e reinterpretava os evangelhos.
Alegando ter encontrado as relíquias, Smith arrebanhou ajuda para passar a mensagem para o papel, já que ele próprio era semianalfabeto. Quando lhe pediam para ver as tá-buas, dizia que não poderia mostrá-las, pois qualquer outro que olhasse para elas morreria na hora.
A história do mormonismo está cheia de passagens desse quilate, além de providenciais revelações, que ajudaram a tirar a igreja de certas encrencas legais. Mas é só o mormonismo? Se tivéssemos a chance de observar o surgimento das outras religiões com a mesma riqueza de detalhes, será que elas não se tornariam todas igualmente suspeitas?
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