Apesar das suspeitas de tráfico de influência, o ministro Fernando Pimentel é oficialmente autorizado a não dar explicações
Daniel Pereira
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff reforçou uma suspeita corrente entre os partidos que apoiam o governo: a faxina ética é seletiva, sobretudo quando bate às portas do PT. Numa declaração pública, ela blindou o ministro do Desenvolvimento, o petista Fenando Pimentel. Livrou-o de prestar esclarecimentos ao Congresso sobre os 2 milhões de reais que ele recebeu, em 2009 e 2010, como consultor de empresas privadas. Sob o argumento de que esse trabalho foi feito antes de Pimentel assumir um cargo no governo federal, a presidente contrariou o receituário adotado nos nos casos anteriores de ministros envolvidos em denúncias de irregularidades. Afora o petista Antonio Palocci, que caiu justamente por se recusar a dar explicações sobre suas atividades de consultor, os outros ministros abatidos por denúncias foram orientados pela presidente a tentar convencer os parlamentares de sua inocência. Eles cumpriram a ordem, foram ao Congresso, mas não resistiram em seus postos. Diante dos precedentes, Dilma mudou a estratégia.
"E estranho que um ministro preste satisfações ao Congresso sobre a vida pessoal dele", afirmou a presidente. De estranho, não há nada. Bancos e empresas contratam políticos sem mandato e financiam sua campanha de olho em eventuais retribuições. É um jogo conhecido. Que o diga Palocci, abatido pela suspeita de tráfico de influência. Coordenador da campanha da presidente, Pimentel amealhou uma pequena fortuna ao supostamente prestar serviços a quatro clientes. Em três dos quatro casos, ele não elaborou sequer um documento que comprovasse as tais consultorias. Para piorar a situação, o jornal O Globo mostrou que nem as palestras que teriam sido encomendadas pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais foram, de fato, realizadas. Enquanto Pimentel diz que já deu Todas as explicações necessárias, sobram perguntas sem respostas e versões confrontadas pelos fatos. O ministro não pretende ir ao Congresso nem se for convidado para falar de assuntos caros à sua pasta, como desonerações tributárias. Teme que os parlamentares aproveitem a audiência e abordem seu trabalho de consultor.
Dilma dispensou um tratamento diferenciado a Pimentel por uma combinação de fatores. O petista é seu amigo há mais de quarenta anos, ex-companheiro de guerrilha, conselheiro e um dos poucos ministros que gozam de prestígio – político e gerencial – com ela. Foi uma combinação parecida que levou Dilma a proteger, em junho, Aloizio Mercadante depois que VEJA revelou que petistas o apontavam como mentor da compra de um dossiê fajuto contra o tucano José Serra. Mercadante não só foi mantido no comando da Ciência e Tecnologia como agora é o favorito para assumir o Ministério da Educação. A presidente deveria dar mais ouvido às pesquisas que a aprovam por não tolerar corruptos.
"E estranho que um ministro preste satisfações ao Congresso sobre a vida pessoal dele", afirmou a presidente. De estranho, não há nada. Bancos e empresas contratam políticos sem mandato e financiam sua campanha de olho em eventuais retribuições. É um jogo conhecido. Que o diga Palocci, abatido pela suspeita de tráfico de influência. Coordenador da campanha da presidente, Pimentel amealhou uma pequena fortuna ao supostamente prestar serviços a quatro clientes. Em três dos quatro casos, ele não elaborou sequer um documento que comprovasse as tais consultorias. Para piorar a situação, o jornal O Globo mostrou que nem as palestras que teriam sido encomendadas pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais foram, de fato, realizadas. Enquanto Pimentel diz que já deu Todas as explicações necessárias, sobram perguntas sem respostas e versões confrontadas pelos fatos. O ministro não pretende ir ao Congresso nem se for convidado para falar de assuntos caros à sua pasta, como desonerações tributárias. Teme que os parlamentares aproveitem a audiência e abordem seu trabalho de consultor.
Dilma dispensou um tratamento diferenciado a Pimentel por uma combinação de fatores. O petista é seu amigo há mais de quarenta anos, ex-companheiro de guerrilha, conselheiro e um dos poucos ministros que gozam de prestígio – político e gerencial – com ela. Foi uma combinação parecida que levou Dilma a proteger, em junho, Aloizio Mercadante depois que VEJA revelou que petistas o apontavam como mentor da compra de um dossiê fajuto contra o tucano José Serra. Mercadante não só foi mantido no comando da Ciência e Tecnologia como agora é o favorito para assumir o Ministério da Educação. A presidente deveria dar mais ouvido às pesquisas que a aprovam por não tolerar corruptos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário