O GLOBO - 19/12/11
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção estima que o setor tenha evoluído 4,8% em 2011, o que é um ótimo resultado, bem acima da média esperada para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).
Ate abril de 2012 terão sido entregues mais de 1 milhão unidades da primeira fase do "Minha Casa, Minha Vida". E a segunda fase - com previsão de mais dois milhões de unidades - estará andando, com 60% dos imóveis destinados à faixa de renda de até três salários mínimos.
Paulo Simão, presidente da Câmara da Construção, não teme a falta de financiamentos para o setor. O FGTS e as cadernetas de poupança são as principais fontes de suprimento de crédito imobiliário, a custos razoáveis, e ambas ainda não se esgotaram (os bancos devem aplicar pelo menos 65% dos recursos das cadernetas nesse tipo de crédito, e, de fato, muitos não passaram de 25% de tal exigência). Em caso de esgotamento, será possível também reduzir o depósito compulsório recolhido ao Banco Central, e direcionar para o financiamento da construção civil, os valores que forem liberados
Há uma previsão que o crédito imobiliário dobre sua participação de 5% para 10% do PIB nesta década. Mesmo assim, o Brasil ainda ficará em patamar inferior a de países como o Chile e o México. De qualquer modo, no atual ritmo o Brasil conseguiria eliminar seu déficit habitacional crônico antes de 2020.
Simão considera hoje o maior desafio da indústria da construção a inovação, seja nos métodos construtivos, para acelerar as obras, seja no aproveitamento de materiais que reduzam o desperdício e reduzam o custo.
As universidades e faculdades particulares respondem por cerca de 70% das matrículas no ensino superior no país. Cinco grandes grupos detêm metade desse mercado. Já no caso do ensino fundamental e médio não existe tal concentração. Há mais de 25 mil escolas particulares no país, que, na melhor das hipóteses, estão associadas a um sistema de ensino (distribuição de livros e apostilas, algum apoio pedagógico, etc., mas sem relação acionária). Muitas dessas escolas têm o futuro ameaçado por problema na sucessão de seu comando, seja por falta de herdeiros ou de quem se interesse pela continuidade do negócio dentro das próprias famílias proprietárias dos colégios. A profissionalização não é uma marca do setor.
Luís Fernando Pessõa, da Local Invest, passou dois anos estudando pessoalmente o segmento e vislumbrou nele uma boa oportunidade de investimento. Em vez de apenas gerir fundos que negociam ações em bolsa ou outros títulos, como um asset manager mais convencional, Pessôa resolveu passar pela mesma experiência já observada no ensino superior, só que desta vez criando uma holding que se propõe a reunir sob seu controle mais de 40 escolas de nível fundamental e médio, com cerca de 80 mil alunos, no prazo de quatro anos. Um fundo de investimento fechado, administrado pela Local Invest, terá o controle da holding até que a empresa esteja apta a lançar ações em bolsa e caminhar pelas próprias pernas.
As escolas não perderão sua identidade, mas darão um salto de qualidade, com apoio acadêmico, administrativo e financeiro da nova controladora. Algumas se tornarão bilíngues, e com laboratórios de ensino bem equipados. E, principalmente, terão finanças saneadas e transparentes para remunerar o fundo controlador e atrair os futuros investidores.
Com a interiorização da economia, o raio de ação da holding se estenderá do Rio a Juiz de Fora e Vitória. Estão sendo adquiridos colégios em Volta Redonda, Cabo Frio, Macaé, Campos e São Gonçalo, por exemplo.
Os prédios onde estão instalados os colégios permanecerão com os antigos proprietários. A holding pagará por eles um aluguel que será corrigido de acordo também com o aumento do faturamento.
Pessõa pesquisou 240 escolas. Dessas, cem foram escolhidas para negociação, das quais 20 já estão negociadas ou apalavradas com a Local Invest. Ele acha que que esse processo ocorreria inevitavelmente com a chegada de grandes redes internacionais e preferiu se antecipar. Os amigos brincam dizendo a ele "a Dilma precisa saber disso".
O que o mercado segurador brasileiro tem a ver com o da Turquia ou o da Índia? Embora culturalmente muito diferentes, o denominador comum entre esses três mercados é o rápido crescimento, com a inclusão de multidões de clientes que vêm ascendendo socialmente. Em geral os clientes é que têm de se adaptar aos produtos que o mercado segurador oferece, mas a multinacional Aegon, sócia da centenária Mongeral no Brasil, resolveu inovar, e, por um sistema de pesquisas que vem aplicando nesses países, espera que o mercado é que se adapte às necessidades do cliente, e não o contrário. Pela metodologia, se o cliente se diz satisfeito, o objetivo não foi atingido. A meta deve ser "mais que satisfeito", o que só ocorrerá se toda a empresa se envolver no processo, se ela se redesenhar. Os diretores da Mongeral compraram a ideia.
Já está na praça o novo livro do professor Antonio Dias Leite, com o título " Brasil país rico, o que ainda falta". O livro - que tive a honra de prefaciar - trata de questões bem atuais, como o dilema crescimento econômico versus estabilidade da moeda. Com 91 anos, o professor conjuga saber e experiência em seus escritos, numa linguagem acessível a todos que têm algum interesse sobre economia. Tem nos brindado com livros na área de energia, mas pela economia transita com igual ou mais desenvoltura (desde os tempos em ajudou a implantar no país o sistema de contas nacionais, que possibilita o cálculo do PIB, por exemplo).
Feliz Natal!
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